A festa era mundial. De confiança.
A península de Tróia, recebia naquela noite, sete centenas de convidados.
Alguns, estavam ali para receber um prémio, com pompa e circunstância.
Eu estava nesse grupo de galardoados.
Após uns lauto jantar, inicia-se um espectáculo musical apresentado pela douta Bárbara Guimarães.
Apagam-se as luzes.
Sobe o pano.
Descortina-se a silhueta dum metro e setenta e cinco de mulher.
- Boa noite minhas senhoras e meus senhores! Benvindos a este evento anual.
Aqui estou, para apresentar o programa desta noite e gostaria de convidar alguém que queira fazer o favor de me ajudar nesta tão agradável tarefa.
No enorme salão, iluminado pelo ricochete das luzes da ribalta, as cabeças iam girando à esquerda e à direita, tentando descortinar quem se propunha animar a noite.
A longilínea Bárbara, aguardava, sorridente, a chegada do apresentador mistério.
Num misto de orgulho e desapego pelo ridículo que as más-línguas costumam gerar, levanto-me e dirijo-me ao palco.
Sem preconceitos homofóbicos, subo ao altar da noite, bamboleando-me em trejeitos “abichanados”.
Na multidão cheirava-se o insólito. Aquele JR (eu) que estava no palco e tanta gente conhecia, parecia “bicha”.
- Muito bem, tenho finalmente um corajoso convidado que me vai ajudar em palco! Como se chama?
- Ju!!! - respondi a medo.
- Como? Não percebi! - ironiza a colunável.
- Juuuu!!! – repeti, arrastando o monossílabo.
Tentando disfarçar o inesperado que a minha postura lhe causava, continua.
- Pois bem Ju, aqui tem o programa desta noite pelo qual me vai poder acompanhar (o programa começava com música brasileira)
- Gosta de música brasileira?
- Quem? Eu? Deteeeeeesto!
Embaraçada com tal resposta insiste: - Não? Mas … então o Ju, gosta de quê?
- Que pergunta! Isso só eu seeeei. Mas … mas se é de música que quer saber, pois bem, só gosto de música francesa!
Cada resposta minha era acompanhada por gestos que rotulavam a olho nú, o mariconço que estava em palco.
Bárbara estava cada vez mais “barbaralhada”. Eu tinha-lhe trocado as voltas e o programa estava a sair do tradicional.
Depois, à medida que o espectáculo avançava, fui torpedeando como podia, a noite que se pretendia séria.
Sacudi o capote da homossexualidade e despi a pele da fantasia.
Voltei ao meu lugar e dum trago só, sorvi o resto do “cognac” que não havia terminado.
Da mesa presidencial, levanta-se a figura número um, dirige-se a mim e envolvendo-me num apertado abraço, exclama em tom esfuziante:
- Parabéns J.R., você é um actor do “caraças”. Parabéns!
Soubesse eu ao que ia e outro homo cantaria
Cobrei os meus minutos de glória.
9 comentários:
e lá se foi o alinhamento...
nome artistico já tens, agora só tens q perder a timidez, em palco, JU!
;)
KIM!
Realmente me surpreendes.
Fantastico!
Só não sei se realmente não gostas de musicas brasileiras.
Spuk
Je découvre Barbara Guimares...je ne connaissais pas!
Bom fim de semana,abraço.
Há momentos que marcam....
I.R.
Claro que adoro música brasileira.
Quem não gostar dessa música, não é sensível.
Eu não sou nada tímido. Fiz-me, porque fazia parte do papel que estava a representar.
"Cobraste os teus minutos de glória".
Quanto cobraste?
O Cachet foi bom?
Sugestão:
Bárbara e Ju - Os entertainers do próximo almoço do PP.
Amigo Kim Ju (humm... Chinesices??), pena não se ter lembrado de cantar uma das Mamonas Assasinas.. :)
Tás a falar a sério?
Já nada me surpreende depois de "O OBCECADO".
Seve
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