28 de outubro de 2009

Florindo e Flora Beja - os mortos vivos

Quem passar pela Procuradoria Geral da República verá que junto à porta principal está instalado um casal, com armas e bagagens.

Pois bem, há 13 anos que este casal ali se planta todos os dias do ano, quer faça sol, chuva, frio, neve ou tempestade.

Florindo Beja precisou um dia de arranjar um documento e descobriu que estava morto e sepultado no Cemitério de Aljustrel desde 1964, através de documentos falsificados pelos seus irmãos. Um é Juiz Desembargador do Tribunal de Lisboa e outro é Notário, também em Lisboa. Pelo meio haveriam ainda de casar a viúva com outro homem e depois também a “mataram” e “sepultaram” em parte incerta.
Entretanto fizeram desaparecer uma filha que nunca saiu do mesmo sítio. Surreal!

Contou-me o Florindo que os irmãos se apropriaram dos seus bens, depois de terem falsificado uma montanha de documentos apensos a um ciclópico dossier. Vários destes documentos estão expostos num cartaz para que os passantes possam ler. De facto, eu vi a certidão de casamento com óbito averbado, como aliás todos os documentos comprometedores ali estão expostos para quem os queira ver e ler.

Manda o bom senso que não se deve tomar partido de quem quer que seja sem se conhecer a versão dos factos da parte contrária. Ora, como tal não foi possível, apenas me limito a relatar o que ali estão a fazer aquelas duas almas.
O que os ora visados pretendem, é que sejam considerados vivos e simultaneamente lhes sejam devolvidos os bens usurpados, mas …

Às vezes – há razões que a razão desconhece!

25 de outubro de 2009

Vícios novos!


Ora aqui está uma coisa que não se deve fazer.
Net é net, cognac é cognac!.
Isto vem a propósito duma dor que venho sentindo no ombro direito e para a qual não encontro explicação.
Acho que exagerei no longo tempo que demorei na montagem dum daqueles filmezitos que tenho a mania de ir fazendo, porquanto não me lembro de mais nada que pudesse provocar-me tal tendinite. Certamente que haverá outras actividades mais interessantes do que fazer filmes, mas já nem lembro quais.
Mas, aqui me irei mantendo fiel à troca de ideias tantas vezes divergentes, não esquecendo o quão de salutar nelas reside.
E ... às vezes – brincar é preciso!

22 de outubro de 2009

Os livros da Instrução Primária

Longe vão os tempos em que estes livros foram o princípio de alguma coisa.
Longe de mim imaginar, naquela altura, o fascínio que eles viriam a exercer sobre muitos de nós.

Longe, muito longe, está ali a junção das primeiras palavras, o silabar da hesitação, o tremelicar de desconchavados rabiscos e a alegria dos primeiros “BOM”.

Felizmente que estas velharias foram recuperadas pelas editoras e estão hoje à venda para quem as quiser adquirir.
Da "menina de cinco olhos" não falo, pois outros o farão por mim.
Num tempo em que havia tempo, a recordação do meu tempo!
Neste último livro pode ler-se no canto inferior direito, marcado a vermelho, 77ª Edição.
Aconteceu no início da segunda metade do século XX.
Onde é que acontece uma coisa destas nos dias de hoje?

19 de outubro de 2009

Raul Solnado - Octogenário


Raul Solnado, octogenário? Nem pensar!

O Raul não gostava de aniversários. Achava que era uma chatice um gajo ficar mais velho. Por via das dúvidas até desligava o telefone. Sendo assim nunca lhe dei os parabéns.
Era mais fácil para ele aparecer para uma almoçarada do que fazer a vénia a todos quantos o felicitassem por uma coisa que ele não queria. Afinal foi sempre um menino.
Pois então faz hoje oitenta anos que nasceu Raul Solnado. Se fosse vivo não faria anos já que isso é coisa de quem leva a vida a brincar.
Então, a assim ser, basta-me aqui recordá-lo e guardar para mim o afecto com que me brindou e agradecer ao Júlio César, o facto de um dia o ter cruzado no meu caminho.
Persigno-me a tal encruzilhada, de tão douta que foi.

18 de outubro de 2009

Justiça rápida ... e sem custos!

Quelqu'un m'a dit

Exigências de sequestrador para libertar um refém, na China.

- Tenho três exigências, ou mato o rapaz!

Negociadores chegam ao local pela janela do lado para cumprir as exigências.

Início das negociações

Negociador em posição

Negociações concluídas

Caso encerrado
Em Portugal, na Europa, a rua seria fechada, o homem teria a maior cobertura mediática. As negociações durariam doze horas seguidas, viriam os gajos dos Direitos Humanos, da Quercus, dos VERDES, etc...
O preso custaria milhões para ter um julgamento 'justo', comida e boa vida na cadeia.
Entenderam agora os motivos pelos quais os produtos dos chineses são mais baratos que os nossos?

14 de outubro de 2009

Heinrich Kieber - Robin Wood

Há dias vi um documentário num temático canal qualquer, acerca dos paraísos fiscais. E a juntar a tantas outras fraudes ocorridas nos últimos tempos, há também sempre alguém que sabe tirar os devidos proveitos dos erros dos outros.
Esse alguém é um ex-funcionário do Banco LGT, do Liechtenstein.
Por vingança, ou porque o dinheiro falou mais alto, roubou os ficheiros informáticos do Banco, nos quais constavam os nomes de todos os seus clientes. Sabendo que os paraísos fiscais abrigam fortunas fabulosas de origem duvidosa, foi muito fácil, a troco de seis milhões de euros, vender os referidos ficheiros.
Sabendo que uma boa parte dos depositantes do Banco LGT eram alemães, a Alemanha pagou ao denunciante esta enorme quantia e espera agora recuperar cem milhões de euros em fuga ao fisco. Belo negócio!
Vários outros países já negociaram com a Alemanha no sentido de comparticiparem no pagamento efectuado, esperando o retorno na denúncia dos infractores..
Haverá portugueses na lista?
Heinrich Kieber – o ex-funcionário, recebeu nova identidade e novo passaporte.
Presume-se que esteja agora a viver os seus dias azuis algures num paraíso … fiscal!
Foi o maior inquérito já instaurado, por fraude fiscal, na Alemanha.
Sem pretender defender os mega-infractores pergunto:
- Afinal o crime para uns compensa e para outros nem tanto?
Sim, porque roubar os ficheiros do banco também é crime, mas como outros valores mais altos se levantam, estás perdoado filho!
O mundo começa a ser cada vez mais pequeno e a malha vai apertando!

12 de outubro de 2009

Padre Saul Sousa

Morreu o Padre Saul Sousa!
A morte é apenas a última etapa das nossas vidas e para morrer apenas basta estar vivo.
A notícia não seria notícia, fruto do que atrás disse, se o Padre Saul fosse igual a tantos outros padres. Aparentemente, claro que era igual aos outros padres, apenas que este tinha mulher e filhos enquanto os outros têm governantas e sobrinhos.
O Padre Saul foi ordenado padre (da Igreja Católica) quando já era casado e já tinha três filhos.
O Papa Paulo VI, autorizou a sua ordenação (em 1971) contrariando vozes contestatárias dos apoiantes do celibato. Era caso único em Portugal e disso falavam de tempos a tempos as televisões e a imprensa.
Mais do que aqui me congratular com a decisão papal, evoco a grande figura da Igreja que foi este homem e cujo gene foi passado na integra para os filhos, sendo que um deles, o Jorge Sousa, é um grande amigo meu de há três décadas.
Hoje pelas 10 horas, na Igreja do Anjos em Lisboa, o Cardeal Patriarca de Lisboa, presidirá à missa de corpo presente e fará certamente a apologia deste grande homem, não pelo facto da sua condição muito “sui generis” mas pela sua bondade e entrega ao próximo.
Não houvesse a hipocrisia do celibato canónico e a Igreja seria bem mais coerente e castradora de tal embuste.
Ao meu querido amigo Jorge, toda a minha admiração pelo pai que teve, pelo filho que é!

8 de outubro de 2009

Que pena!

Ele era completamente narcisista, estilista e apanhava muito sol. ...
Uma manhã parou nu em frente ao espelho para admirar o seu corpo, e notou que estava todo bronzeado, à excepção de seu pénis.
Então decidiu fazer algo. Foi à praia, despiu-se completamente e cobriu-se todo de areia, menos aquilo...


Duas velhinhas vinham caminhando pela praia. Uma delas usava um bastão para ajudar a caminhar. Ao ver aquela coisa saindo da areia, a que tinha o bastão começou a dar voltas ao redor, observando. Quando se deu conta do que era, disse:
- Não há justiça no mundo!
A outra anciã, que também observava com curiosidade, perguntou-lhe a que se referia.
A do bastão respondeu:
- Olha isso!!!
- Aos 20 anos, dava-me curiosidade!

- Aos 30, dava-me prazer!
- Aos 40, enlouquecia-me!
- Aos 50, tinha que pedir!
- Aos 60, rezava por ele!

- Aos 70, esqueci-me que existia!
- Agora que tenho 80,... crescem no solo e eu não consigo agachar-me!!!

5 de outubro de 2009

Aerograma


Quem se lembra do aerograma?

Mais pequeno que uma folha A4, escrevia-se e dobrava-se sobre si mesmo, fazendo que não fosse necessário envelope.
Era uma carta de saudade, de desabafos, de esperança, de despedida. Era uma carta de amor!
Foram milhões os aerogramas que os militares escreveram aos seus familiares, amigos, namoradas e esposas, essa finíssima folha que o Serviço Postal Militar se encarregava de transportar a preços muito reduzidos.
Para devorar os tempos mortos inventaram-se as “Madrinhas de Guerra” que viriam a ter importância fundamental no passar dos dias. Trocavam-se palavras de descoberta com alguém que nem se conhecia e dessas palavras saíram frases de amor que o coração exigia e a mente desejava. Muitas resultaram em matrimónio, outras em duradouras amizades e outras ainda, em remotas recordações que o tempo se encarregou de fazer esquecer.
Muitos aerogramas eu escrevi em reposta aos que me vinham chegando. Só não escrevia quem não queria. O custo era o preço dum sorriso e eu adoro sorrir.
O aerograma foi a grama que pesou quilos, toneladas, quintais, no despertar das consciências que a juventude abalou
Não fui militar no Ultramar, mas para lá estava virado o meu olhar sabendo que grande parte dos meus amigos para aí tinha rumado, empurrados pelo destino de quem foi obrigado a defender os velhos mundos dum mundo novo.
Aerograma - a folha que cheirava a regresso!

1 de outubro de 2009

Fernando Pessoa - Entendes-me?

Às vezes – dá-me para isto!

Pode o engenho e arte
No Chiado me descobrir
De mim lá ficou parte
Quem me fazia sorrir

Foram anos, foram tempos
Aqueles que não voltaram
Foram fortes, foram lentos
Aqueles que me marcaram

Por lá me quedei um dia
Quando na vida despertei
No despertar dessa vida
Outra vida eu inventei

Inventei fugas e dores
Partidas e chegadas
Amores e desamores
Estórias tão contadas

Corri mundo sem nada
De tudo me despojei

No nada eu aprendi
Do despojo já não sei

Dormi noites, dormi dias
Noites que eu não dormi
Dos dias que eram vias
Das vias que percorri

Perdi-me depois no tempo
Esqueci de quem eu era
Ao tempo eu dei alento
Ao alento dei a espera

E um dia regressei
Tão triste como parti
Ao mundo o olhar dei
À vida que já vivi

Pessoa, amigo que és
Quero-te a meu lado
Deixa chegar-te aos pés
Perdoa este meu fado


O poema é ridículo
E não é carta de amor
Se não fosse ridículo
Seria carta de dor