26 de setembro de 2011

Verde VERDINHA madura - Parabéns!





Verdes são os campos ...!!!


Verdes foram os dias que me cruzei com esta belga-bela-belga. Tinha um nome esquisito que convidava a descobrir; je vois la vie en vert!
Como bom descendente de Cabral, Gama e Magalhães, também acabei por descobrir o verde que soprava do lado das Ardenas e se espraiava no carcaveliano Atlântico.
Esta rapariga, como dizia o meu avô, é um poço de boa disposição e encaixa perfeitamente na clave de sol do meu contentamento. Mezo-soprano dum grupo coral e professora de francês, por paixão, em todas as tertúlias onde se insere sobressai pela jovialidade e contagiante alegria, deixando em cada amigo a semente duma amizade duradoura. Da sua disponibilidade nas horas vagas, para melhorar o mundo, nem a cito.

Belga de nascença e portuguesa de adopção, descobriu em Portugal, aos vinte anos, o amor da sua vida e por cá se fixou até que a foice os separe.
Faz parte dum restrito grupo de perto duma vintena de pessoas extraordinárias que descobri neste mundo onde quase tudo é virtual, mas a nossa amizade é uma certeza e essa ninguém a vai abalar.
Verde é o seu mundo, verde é o seu clube, verdes são seus olhos, verde é a distância que hoje nos separa, ocasionalmente na Bélgica em visita de apoio ao seu progenitor.
Por tudo isto - gosto de ti VERDINHA, porque ... gosto!
Gostas desta foto, que ainda não conhecias?
Parabéns por mais este aniversário, com beijinhos vermelhinhos, cá deste lado!

24 de setembro de 2011

Zé do Cão - um homem a descobrir!




Habituei-me a ouvir falar dele, tanto a Norte como a Sul, ora em terras lusas, ora em terras de Vera Cruz.
Daquilo que dele ia lendo, Zé do Cão era uma espécie de bon-vivant, com memórias cheias de "partidas" presenteadas ao longo da vida, a todos com quem de perto privou e não só. O cognome era sugestivo, mas mais seria ainda se fosse Zé das Mulas. Terá preferido a lealdade do primeiro em detrimento do pejorativo do segundo.

Habituei-me a imaginar como seria a sua verdadeira imagem, já que a foto que enunciava o seu blog não passava dum simples desenho dum camponês alentejano com um canito a seu lado, do qual, com mutação havida, hoje só resta o canídeo.

Habituei-me a perceber que a vulnerabilidade deste homem era perfeitamente penetrável e apetecia-me descobri-lo.

Não foi difícil chegar ao Zé. Passaram já três anos, mas lá cheguei e por lá fiquei, entrando no seu mundo, onde, entre Palmela e a Galiza se vai deliciando com as especialidades gastronómicas de que é adepto ferrenho.

E descobri uma personagem interessantíssima, riquíssimo de vivências atribuladas e estórias mil.

Cavalheiro, dos pés à cabeça, é um verdadeiro gentleman a tempo inteiro.

Este Zé mexeu comigo, pois nele me revejo em tempos imemoriais e dele guardarei as memórias partilhadas quando o arcano Anael não mais estiver em mim.

A ti meu amigo, reservo a certeza de te sentir presente.



19 de setembro de 2011

Amsterdão - às escuras ninguém vê!

Os meus novos amigos egípcios (muçulmanos) eram uns grandes pândegos! Quando Alá não estava por perto, como é evidente!
Nunca percebi bem as acérrimas devoções. Seja por Alá, por Shiva, por Deus, por Rá, ou por Buda. Respeito todo o tipo de paixões celestiais, (com as terrenas me desaguiso) mas francamente não as entendo, quando à luz desse Deus se é um anjo e na sombra do seu manto, se é um diabo.
Assim era com Ibraim e Hassan, dois jovens universitários egípcios tementes a Alá e que temporariamente desbravavam os Países Baixos.
Durante o dia éramos todos iguais, mas à hora de agradecer-Lhe, viravam-se para Meca e transfiguravam-se no mais devoto seguidor. Depois, continuava o regabofe da asneirada, da descoberta e do credível.
A distante experiência espiritual que eu já vivera, fazia-me pensar em todos os credos do mundo.
O budismo será talvez aquele que mais se assemelha à doutrina que os seus seguidores professam na contemplação do Divino, mas estes dois neo-amigos estavam loucos com a proliferação de mulheres bonitas despidas dos preconceitos, que as Gomorras da velha Europa proporcionavam.
Infelizmente para eles, não tinham grande saída com as ditas, apesar de para todos os sacos haver um baraço. O seu aspecto cigano assustava um pouco.
Uma noite convidaram-me a jantar na pequena divisão onde viviam. Um sortido de folhados de pão com condutos esquisitos e salobros, foi o repasto duma noite egípcia. No final, apagaram a luz, retiraram debaixo da cama uma garrafa de whisky e todos bebemos por ela.
Confundido com aquele ritual e perante o meu espanto, explicaram-me então que Alá não permitia que bebessem álcool. A única hipótese era fazê-lo às escuras, para que Ele não visse.
Em pleno século XX, nunca pensei ouvir tamanha atrocidade, principalmente vinda de gente culta, mas essa não era a ligação que fazia curto-circuito e eu estava preparado para todo o tipo de choques e ... toques.
Naquele tempo era pouco vulgar ter carta de condução aos dezoito anos. Mas isso acontecia comigo.
Sabendo disso, estes faraónicos amigos que não estavam habilitados para conduzir, compraram um velho “Carocha”, a cair aos bocados. As economias conseguidas na fábrica de cacau onde trabalhavam comigo, nos arredores de Amsterdão, já bastavam para adquirir o veículo mascote de Hitler. Eles compraram, eu conduzia. Quando partissem, vendiam o carocha e recuperavam o investimento. Nada mal pensado e nem me lembro se eram estudantes de economia.
Duzentos florins, foi o valor dispendido naquela maravilhosa viatura que estava sempre disposta a trabalhar. Bebia pouco e comia menos ainda.
Depois, era ver dois parvos e um palerma, passeando por tudo quanto era sitio e sem saber qual a direcção a seguir. Apontava a Utrech e acertava em Den Hag e os olhos não chegavam para os diques e as papoilas
Soube mais tarde que não podia conduzir na Holanda, com carta de condução portuguesa.
Como de costume, nos meus errantes caminhos, a sorte protegia os audazes, ou talvez inconscientes.
E eu era um destes! Talvez os dois!
Às vezes – in As aventuras de Kim-Kim

13 de setembro de 2011

A Máfia - e as mafiosas!

Il capo
As mafiosas que alegraram as minhas férias






Estas seis beldades ajudaram cá o rapaz-de-confiança, durante uma semana, a trilhar por bons caminhos

Guarda de honra


Villa La Limonaia



Eu pensava que era bom rapaz! Até ver estas fotos!


Fiquei a pensar que a gente não consegue disfarçar aquilo que é, mas o certo é que consegui engolir o sorriso e desafiar Al Capone a ser tão mafioso quanto eu.


Como sou um homem de paz, deixei de lado a sombra da metralha na pele do janicéfalo que fui por uma noite e embrenhei-me no culto do "polvo - la piovra".

Às vezes - a brincar, dizemos coisas sérias!

Recentemente, na Sicília, num jantar restrito a mafiosos, numa mansão do século XVIII, digna de Hollyood e em ambiente verdadeiramente inverso ao meu habitat natural, qual beócio da matéria, consegui enganar-me a mim mesmo e arrancar este ar sisudo, para não dizer quase pidesco. Mas a ideia era essa mesmo e sei que fiz bem o meu papel. Os óculos, cravejados de diamantes, comprados por dois euros na loja do chinês, foram o artefacto mais boçal da noite, porque todo o resto era de primeira linhagem. Mas que fizeram figura, lá isso fizeram.

E com tantas mafiosas bonitas, a quem sempre apetece noivar, perdiam-se os olhares em detrimento das jóias.

No final fiquei com duas certezas;

- Nenhum siciliano daqueles com quem falei, sabia o significado da sigla MAFIA (Morte á la Francia Italia Anela - morte à França Itália anseia)

- Gostei, mas ... a Sicília é apenas mais uma ilha.

Arriverdeci amici!

7 de setembro de 2011

Mozart e o seu cão!

Tenho lido muitas coisas sobre cães, sem dúvida o verdadeiro amigo do homem.



Podem dizer-me o que quiserem sobre gatos, cavalos e mais não sei quantos animais domesticados, mas nenhum alcançará a gloria que só o cão merece.




Vem isto a propósito duma "estória" como tantas outras que felizmente a história se encarregou de registar.


Wolfgang Amadeus Mozart, grande compositor clássico, nascido na Austria e é considerado como um dos músicos mais talentosos de todos os tempos. Foi em Paris, quando Mozart tinha sete anos, que as suas primeiras obras apareceram.
Mozart teve vários anos de glória, sendo reconhecido por reis e rainhas de toda Europa. No entanto, nunca soube lidar com dinheiro.
A exploração da sua bondade e genialidade musical logo surgiria por parte de grandes oportunistas. Já casado, começou a ver sua vida desmoronar. A mulher, abandonou-o. A mãe, que tanto amava, adoeceu gravemente. Mozart, sem dinheiro, vendia composições em troca de remédios para sua mãe, que faleceu após alguns meses. Triste e desiludido, Mozart caiu enfermo. O único amigo fiel, seu cachorro, foi quem ficou ao seu lado até ao dia de sua morte, em 5 de Dezembro de 1791. Mozart foi enterrado numa vala comum, em Viena. Sua mulher, Constanze Weber, que estava em Paris, ficou sabendo da morte de Mozart e partiu para Viena afim de visitar o túmulo do marido. Ao chegar lá, entrou em desespero ao saber que Mozart havia sido enterrado como indigente, sem que lhe dessem nem uma placa com seu nome como lápide.
Era dezembro (inverno europeu), fazia frio e chovia em Viena.
Constanze resolveu "vasculhar" o cemitério à procura de alguma "pista" que pudesse dizer onde Mozart fora enterrado. Procurando entre os túmulos, viu um pequeno corpo, congelado pelo frio, em cima da terra batida. Chegando perto reconhece o cachorro querido de Mozart.
Hoje, quem visitar Viena, verá um grande mausoléu, onde está o corpo de Mozart e do seu cachorro. Foi por causa do amor desse animal de estimação que Mozart pode ser achado e removido da vala comum onde fora enterrado. Ele permaneceu com seu dono até depois do final. Morreu junto ao túmulo do dono porque, sem ele, não poderia mais viver.

Pode não ter sido assim, mas eu acredito que assim foi, já que os homens me merecem essa dúvida.


Dizem as crónicas que o único acompanhante de Mozart no seu funeral, numa tarde de tempestade, foi o seu cão!

Amor de cão! Como ele não há igual!

Requiem por Amadeus!

(Entre o que resta da minha memória e a lembrança da Wiki)

2 de setembro de 2011

Amsterdão - tudo em família

Amsterdão, Fevereiro 1971


A neve continuava a cair em pequenos flocos, para lá da vidraça.
A janela enfeitada por uma cortina vermelho-sol, saída da rota da seda, clareava o minúsculo quarto onde tudo acontecia.
Doze metros quadrados de intimidade, no máximo, eram o mundo de Jasmyn. O nome europeizado pela sonoridade, era vietnamita pelo berço e holandês por ambição.
Ali era cozinha, sala, quarto, casa de banho.
Não era a primeira vez, mas seria a última, que eu ali ficava refastelado no quentinho da policama, enquanto Jasmyn ia trabalhar.
A cozinha dum restaurante asiático, provavelmente também vietnamita quanto ela, era a fonte do seu sustento.
Despediu-se de mim com um beijo na testa e uma carícia no rosto. Partiu. Quarenta anos de mulher, duas vezes de mim, deixavam para trás um desejo saciado e fenecido, na esperança de outro no regresso.
Lá fora o frio convidava o guerreiro do amor a repousar da diaforese havida, mais bélica que apaixonada. Depois era só puxar as orelhas aos lençóis e estender a tolha de mesa sobre o colchão impregnado de odores perenes.
Deitado, ora adormecendo, ora preguiçando, olhava aquele liliputiano mundo que conhecia já de sobejo e pensava em como ocupar o resto do dia, quamanho era o meu tempo.
Na escada do prédio, o cadenciado barulho de passos fez-me convergir o olhar para a porta do quarto. Um tornear de chave e maçaneta fizeram-me gelar. Especada à porta do quarto, uma jovem asiática, aparentando os meus vinte anos, franze o sobrolho de espanto. A visão dum desconhecido naquela cama, não menos espantado que ela, fá-la hesitar.
Fecha a porta sem tirar de mim o olhar. Quem és tu, quem sou eu? Alain (Kim) e Lyn, apresentam-se.
- A Jasmyn não está? Demora? – questiona Lyn.
- Não! Foi trabalhar e só volta no final da tarde!
-
Hummm!!!
Eu, tronco nu, meio recostado na cama, olhava aquele rosto lindo adornado por um alvíssimo longo casaco peludo. Nada denunciava o escultural corpo que este cobria. Despiu-o e lentamente depositou-o num minúsculo canapé de bambu, decidida a não sair tão cedo.
Aquela visão logo me fizera não mais pensar em quem seria Lyn e como obtivera a chave do quarto.
- Sou uma amiga de Jasmyn – respondeu, como que adivinhando a minha dúvida.
O seu sorriso, dissipara-me receios infundados.
Apesar de Jasmyn nunca me ter falado de Lyn, já que esta tinha a chave do seu mundo, passaram-me pela cabeça várias hipóteses e por que não companheiras de quarto.
Lyn, tinha tanto de morena como de linda. Olhos já vividos e corpo desbravado.
O “meu” inglês não bastava para uma conversa formal, mas ia resolvendo e colmatando com aquilo que os sorrisos diziam.
Olhava-a, desejando tudo e esperando nada.
A exiguidade do espaço foi pretexto para sentar-se na beira da cama. Trocaram-se pequenas confidências e descobertas em olhares matreiros.
Aos poucos me enfeitiça e desliza no meu leito. Vai tomando conta de mim. Sinto-lhe as hormonas em ebulição. Quase me limito a olhar, lutando contra mim.
A linha que separava a provocação, do desejo, era ténue demais para não ser entendida.


A sua linguagem corporal, agressiva e sedenta, continuava a povoar-me os sentidos.
Por instantes pensei em Jasmyn, com quem não tinha qualquer espécie de compromisso, nem na vida, nem no leito. Aliás, tive sempre a impressão que lhe amenizava a entrada na meia idade, fazendo-a recordar o muito que tinha ainda para dar. Apenas por instantes, pois logo num recíproco impulso felino, se devoraram as bocas e esmagaram os corpos. O meu, extremamente maleável, sucumbia àquele proficiente e insaciável apetite saído dum conto de Boccaccio.
Depois passaram as horas e esquecemos o tempo que o tempo tem.
Era já tarde quando adormecidos num abraço, despertámos com o abrir da porta.
Era Jasmyn. Chegara. Menos cansada que nós. Olhou-nos com um sorriso de ódio. Alguns longos emudecidos segundos separaram os olhares entre a porta e a cama.
Jasmyn, conformada, deixou escapar:
- Olá Lyn!
-
Olá mãe!


O que mais se disse é passado. O que ficou por dizer não importa.


Afinal, recordar - é viver! In - As aventuras de Kim-Kim!