31 de julho de 2009

Leonard Cohen - Tiro-te o meu chapéu!








A noite passada, no Pavilhão Atlântico, Leonard Cohen cantou, encantou, arrebatou.
Predominava uma geração cinquentenária, salpicada aqui e acolá, por outra de gente acabada de chegar à idade adulta. A meu lado um jovem só, anelado na orelha por uma meia lua de prata, parecia sentir-se fora do contexto
O Pavilhão rebentava de ânsia e de espaço.
“Dance me to the end of love” foi apenas o começo. Depois foi um chorrilho de canções de amor e de incentivos à paz.
O seu rosto cheio de esgares de raiva, escondido pela penumbra dum alcapónico chapéu, reflectia afinal ternas palavras de amor. Foram três horas de cumplicidade com o público do seu tempo
Na segunda parte, o bilingue Cohen não parou de fazer parecer que ia acabar o espectáculo. Cada canção era uma despedida e um hino ao bruá da multidão.
Duma postura irrepreensível, Cohen teve a coragem de dar espaço aos seus músicos, já que, individualmente todos tiveram direito a uns minutos de glória. E que músicos! Acima de tudo era um senhor de se lhe tirar o chapéu que estava à minha frente.
Le Partizan, Aleluia, Suzanne e Dance me to the end of love, tocaram-me particularmente, pois, a primeira vem ainda dos meus tempos de vivência em Paris, há quatro décadas, e as outras das minhas fases românticas que se lhe seguiram
A sua quente e doce voz murmurou no adeus:
- Tento deixar-vos , mas …
So long Marian! I’m your man!
Leonard – tiro-te o meu chapéu!

29 de julho de 2009

Adoro galinhas




No prato, na canja, no churrasco, na capoeira, na empada e até na secretária e na cama. Que gostos esquisitos eu tenho!
E vá-se lá perceber por que razão eu gosto tanto de galinhas!
Fazendo uma introspecção começo a pensar que o único momento em que eu não gosto mesmo das ditas, é quando todas cacarejam em uníssono sem que o galaró meta a colherada. Não que tenha algo contra as galináceas, antes pelo contrário, como atrás já confessei. O cacarejar é que fere um pouco os meus já gastos ouvidos. De resto, adoro a melodia.
E assim, a modos que, como diria o diácono Cícero, cai-me na canja uma rechonchudíssima pernambucana galinácea.
Está agora em cima da minha secretária, onde faz as delícias de todos os galos que nem sempre conseguem descer do seu altaneiro campanário. Às vezes – eu incluído!
Obrigado Spuk, por esta prendinha vinda lá dos “Brasis”. É que a Spuk, cada vez que vem a Portugal traz sempre na bagagem uma recordação para mim e outra para o JC.
Pela parte que toca aos dois, o nosso obrigado pelos presentinhos.
JC – tens uns CDs e DVDs à tua espera!

27 de julho de 2009

Não interromper!


O Joãozinho achou tão excitante o que tinha visto que não se conteve e correu para casa contar à mãe, o que tinha visto ... .
- Mãe, mãe, eu estava no pátio da escola, quando vi o carro do pai ir para o bosque com a tia Lídia. Fui atrás para ver e o pai estava a dar um grande beijo na tia Lídia ... depois ele ajudou-a a tirar a blusa, depois a tia Lídia ajudou o pai a tirar as calças e depois a tia Lídia...
Nesse ponto, a Mãe interrompeu-o e disse :
- Joãozinho, essa é uma história tão interessante, que vais guardá-la para contar à hora do jantar!.... Quero ver a cara do pai, quando lhe contares tudo isso à noite.
Ao jantar, a mãe pediu ao Joãozinho para contar a história.
- Eu estava a brincar no pátio da escola quando vi o carro do pai ir para o bosque com a tia Lídia. Corri para ver. Ele estava a dar um grande beijo à tia Lídia. Ajudou-a a tirar a blusa e a tia Lidia ajudou o pai a tirar as calças e depois a tia Lídia e o pai começaram a fazer as mesmas coisas que a mãe e o tio Jacinto faziam, quando o Pai estava na tropa!
A Mãe desmaiou!
Moral da história : Às vezes - é preciso ouvir toda a história, antes de a interrompermos...
... e às vezes - também eu tenho a mania de interromper!

25 de julho de 2009

Medalha Osvaldina


Começaram a ser distribuídas as primeiras "medalhas osvaldinas" comemorativas do Encontro de Tabuaço.
Trata-se duma medalha em prata com uma emissão limitada a quinhentos exemplares, em versão proof.
O desfolhar de Setembro encarregar-se-á de ser o arauto do evento.
Até lá!

C'est en Septembre ...

22 de julho de 2009

Mãe - Deixa-me chorar-te!

Farias hoje mais um aniversário.
Pegar-te-ia ao colo para te elevar tantas as vezes como tu o fizeste comigo.
Beijar-te-ia com a ternura que te não deram.
Abraçar-te-ia mesmo que braços eu não tivesse.
Choraria por ti quando te secassem as lágrimas e …


Lembro-me cada vez mais dos teus conselhos e do que recordávamos da tua juventude. Das coisas que me contavas quando atravessavas a vida. Dos Invernos gelados em que me aquecias as noites. Do anoitecer quente de Agosto em que aninhava a cabeça no teu regaço, sentados na granítica laje da entrada da casa da avó. Da tua mão a afagar-me os cabelos até ao adormecer. Dos figos que a frescura da manhã nos oferecia quando despertava um dia mais. Da melancia que devorávamos aos molhos, qual harmónica bem soprada. Da pequena sesta a que a canícula nos obrigava. Das férias na Beira ao findar do dia, descalços, regando o milho e sentindo a frescura da água do poço nos beijar os pés.
E depois … da saudade em que a minha ausência, no meio do mundo, te afundou. Da distância madrasta que proibia os nossos beijos. Da esperança mútua do meu regresso um dia.
Dos teus olhos azuis, rivais dos céus. Da manhã malvada que te roubou o riso e apagou a alma.
Julgava ver-te envelhecer. Pensava seres eterna e por ti eternamente me repetirei.
E sei que me espreitas por detrás dum véu que um dia cobrirá os dois!
Parabéns Ana! Parabéns mãe, mas ...
Queria tanto ter-te aqui!

20 de julho de 2009

Dubrovnik - A Pérola do Adriático

A fortificada cidade
Primeira fonte, estátua no feminino, conhecida em tal pose.

Rua Principal
Parece Alfama
Dubrovnik - a Pérola do Adriático, como Lord Byron a apelidou um dia, é uma lindíssima cidade da Croácia e fica localizada no sul da Dalmácia.
Parece uma cidade de bonecas e as suas estreitas ruelas deixam adivinhar a razão pela qual tantos foram os países invasores.
Fundada quinhentos anos antes de Portugal, a Croácia já esteve sob o domínio do Império Bizantino, da República de Veneza, da Hungria, da França, da Itália, da Alemanha e da Jugoslávia.
Em 1991 foi bombardeada pelo exército jugoslavo e logo reconstruída pela Unesco.
Nem fazia ideia que esta apetecível estância balnear fosse tão desejada e martirizada.
Pelo que representa para a história é considerada património da humanidade, pela Unesco.
Lá voltarei um dia!

18 de julho de 2009

Santorini - Gosto mais de Thera






Há quem diga que Santorini é a ilha grega mais espectacular que existe.
Penhascos impressionantes, encimados por um enorme branco casario nascido duma caldeira inundada pelo mar, arrastam-nos o olhar. Esta caldeira foi criada há quase 4 mil anos por uma das mais poderosas erupções vulcânicas da história da humanidade. O tsunami resultante desta erupção destruiu a cultura minóica e alguns arqueólogos sugerem que o evento inspirou a criação da lenda do continente perdido da Atlântida.
Das várias ilhas gregas que conheço, julgo que é muito subjectivo dizer que é a mais espectacular pois cada uma tem os seu recantos e encantos. É certamente a mais alta.
A mística da ilha convida à sua visita. Onassis e Jackeline eram visitantes assíduos.
Para quem chega de barco tem à sua espera uma escadaria de quinhentos e noventa e cinco degraus. É só ter coragem para começar e quarenta e cinco minutos depois está lá em cima.
Quem o não quiser fazer (foi o meu caso) desembolsa quatro euros e sobe no teleférico. Tem ainda a alternativa de montar uma pileca (burro-mula) e rezar aos Deuses, ali tão perto, para que estas não escorreguem nos seus próprios dejectos e transformem um sonho em agonia.
Pela enorme escadaria acima, entre encontrões de burros e paragens para respirar, um mar de gente escorre o olhar até à calmaria das águas do mar Egeu.
No pequeno museu local, voltei a falar com as minhas amigas – as pedras!
Santorini, outrora Thera, ficou-me agora enraizada na memória que teima em amar calhaus.

17 de julho de 2009

Carla Mar - Parabéns

Enigmática, possessiva, aberta.
Atrevidota como diz a Laura. Muito à frente como diz o Ergela e mais coisas que outros dirão e a gente não sabe.
Por mim, julgo que ela é uma onda dum mar revolto onde as palavras saem aos soluços e a paixão flui como a brisa dum vento muitas vezes soprado.
Ela faz hoje anos e está autorizada a ver fotos para maiores de trinta anos.
Um beijinho Carla!


esboço de Hugo Araújo

15 de julho de 2009

Granito - meu amor!

Às vezes apetece-me entrar por aqui e descrever as maravilhas que já descobri nos quatro continentes que até então pisei.
Rebolo-me então nesses pequenos luxos e descubro que a felicidade não está onde um paquiderme alado me leva nem na ponta dum meridiano.
Como qualquer mortal gosto de correr mundo e desejo imenso partir para ter a suprema alegria do regresso.
Mas … quanto mais mundos conheço mais gosto deste pequenino e bem enjorcado rectângulo.
Afinal sou filho dum granítico amanhecer onde um naco de broa, uma mão cheia de azeitonas e um colestrolado toucinho faziam o reino dos céus dos que acreditavam que os mares não eram um sonho.
Em homenagem àquilo que sou, àquilo que fui, às viagens que fiz e ao regresso que pude ter, aqui me sento na pedra que não fala mas tudo de mim sabe. O granito!.
Foi assim algures, entre a saudade das origens e o sonho da descoberta que me senti pequeno e com vontade de não crescer.
Há coisas que não se explicam. Entre o que ontem vivi e o que antes senti, optei pelo segundo.
Quero mais, para acreditar que já fui menino e também sonhei!
Volta Kim, que as pedras esperam por ti!

12 de julho de 2009

Templo de Ártemis

Nem sempre rejubilo com uma viagem. No entanto viajar é viver, aprender, descobrir.
Acontece-me frequentemente encher os olhos de história e desta vez a regra voltou a acontecer.
E como em tudo na vida há coisas que nos extasiam e outras que nos decepcionam. Assim foi num dos pontos por onde agora passei. A decepção aconteceu!
Algures na Ásia Menor existiu em tempos uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo – O Templo de Ártemis. Pois bem, sem querer fazer uma resenha de tal Templo, apenas refiro que a decepção foi bem maior que a grandiosidade do monumento. É que dele apenas resta esta coluna abandonada, circundada de ervas daninhas e encimada por um ninho de cegonhas, agora esquecida dos Deuses.
Que nada é eterno já eu sabia, só não contava com uma Maravilha do Mundo ali destronada do epíteto que a tornou famosa.

Com 90 metros de altura - como a estátua da Liberdade, em Nova York - e 45 de largura, o templo era decorado com magníficas obras de arte. Protectora da cidade e deusa dos bosques e animais, Ártemis (Diana, para os romanos) foi esculpida em ébano, ouro, prata e pedra preta. Tinha as pernas e quadris cobertos por uma saia comprida decorada com relevos de animais. Da cintura para cima, três fileiras de seios se sobrepunham. Um ornamento em forma de pilar lhe adornava a cabeça.
Foi construído oitocentos anos de Cristo e a sua construção demorou duzentos anos..
Saqueado, destruído e reconstruído, teve vida efémera este templo, já que no ano 262 D.C. foi totalmente arrasada pelos godos (povo germânico). Restou esta abandonada coluna.

Às vezes – os Deuses não são eternos!

6 de julho de 2009

Alexandra Solnado - Consequências?

Ainda a propósito da Alexandra Solnado, lembrei-me da seguinte “estória” que por sinal não é “estória”.
Há poucos dias a belíssima e talentosa actriz Joana Solnado, filha da Alexandra, telefonou-me.
Depois de falarmos e rirmos sobre várias coisas contei-lhe uma coisa que de certa forma lhe está ligada.
Era verão de 2002. O tio da Joana, José Renato, irmão da Alexandra, tinha-me pedido qualquer coisa que já não lembro. Disse-lhe então que ia de férias de 15 a 31 de Agosto e que quando regressasse lhe explicaria o que pretendia. Na porta do meu escritório deixei um pequeno cartaz dizendo que estava fechado para férias de 15 a 31.
Fui para o Minho e regressei a Lisboa dia 25. Lembrei-me então de passar pelo escritório para ver o correio. Qual não é o meu espanto, quando lá chego vejo o bom do Zé junto à porta, debaixo dum sol abrasador, à minha espera.
Espantado, pensei que o “gajo” não estava bom da cabeça e atirei-lhe com esta:
- Então Zé, tu tás parvo ou sofres de insolação? Não vês o que está escrito na porta?
Calmo e sereno respondeu:
- Sim já vi o que está na porta e também já me tinhas dito que estavas de férias até ao fim do mês!
- Então o que é que te deu para apareceres aqui, sabendo que eu não estava?
Voltou a responder na maior das calmas:
- Eu vim porque sabia que te ia encontrar!
Mudo, abri a porta e calado a fechei! Quem o avisou? Divinal!
A Joana adorou a “estória” e prometeu guardá-la no rol das já muitas que a família Solnado nos tem vindo a legar.

3 de julho de 2009

Alexandra Solnado - O céu responde

Algumas pessoas saberão que Alexandra Solnado, diz, falar com Jesus Cristo.
Sei bem que é um tema polémico, logo susceptível das opiniões mais diversas.
Chamem-lhe os nomes que quiserem e sejam quais forem as razões que nos levam a acreditar ou não, eu abstenho-me de dar opinião pelas seguintes razões:
1º Quando nos acontece algo de estranho e inexplicável e não temos testemunhas para o certificar, pensamos logo que ninguém nos vai acreditar.
2º Não preciso de ver para crer.
3º Dou sempre o benefício de dúvida a toda a gente.
4º Não sou ateu mas respeito muito quem o é.
Alexandra Solnado, diz que viu Jesus Cristo pela primeira vez em 28 de Março de 2002. A partir daí começou a escrever as mensagens que Ele lhe passou a ditar. Desde então a sua vida transformou-se e a espiritualidade instalou-se na sua existência.

Raul, seu pai, disse-me um dia acreditar piamente na versão da filha, já que ele próprio, numa debilitada fase de saúde, se sentiu inundado por uma força estranha que o terá feito reerguer e voltar à vida. Não interessa se foi por muito ou pouco tempo, mas a verdade é que ele despertou da letargia que o já consumia.
Acreditem ou não, porque há coisas do diabo.

Alexandra, vai intercedendo cá pelo rapaz que começa já a sentir o peso que o Outono da vida nos aporta!

1 de julho de 2009

O Mártir


A arte é uma coisa muito subjectiva. Muitos de nós só sabemos se gostamos ou não. Agora, se é boa ou má, venham os entendidos e abram-se as milionárias bolsas.
Não sou conhecedor profundo, apenas curioso. E quando a curiosidade me leva a olhar pinceladas do meu sangue, fico embevecido e com vontade de mostrar esta tela que vi nascer. Ambos os intervenientes são meus filhos.
O modelo é o Gonçalo e o pintor é o Bruno. Ao mártir e ao artista, a alegria de me sentir melhor.
Aqui fica então o último quadro do Bruno, a perpetuar os laços que a distância não consegue separar.

Parabéns Bruno! Gosto muito!