30 de maio de 2019

Cortei os tomates!


Mal acordara a madrugada já eu irrigava a mente, acariciava o meu reino do tomatal e embebedava em água o pedestal dos tomateiros que vão fazendo o deleite do meu entardecer. 
Inebriado pelo prazer que a natura me vai dando vou decepando as ramas que a canícula vai secando, dando assim mais força às que teimam chegar ao fim da sua missão. 
Afastei a rama, tentando cortar um ramo meio seco, troquei os olhos e zás catrapás pás pás. Cortei um viçoso ramo que entre pequenos tomatinhos e embriões em flor contei dezoito.
Saltou-me um impropério como Pallas Athena da cabeça de Zeus e senti ter guilhotinado um filho.
Fiquei a lamechar-me o dia inteiro e ao regressar a casa voltei ao local do crime e fiz o requiem que os meus tomates mereciam.
Isto só não acontece a quem não tem tomates!