8 de novembro de 2014

Mercado da ribeira!



"No mercado da ribeira, há um romance de amor, entre a Rita que é peixeira e o Xico que é pescador. Dizem todos que lá vão …"


Foi assim um dia, mas, este mercado, não é mais o mesmo.

Mudaram-se os tempos, mudaram-se os mercados. 
Neste espaço, há muitas luas atrás, eu sorvi o cacau, que só os mais velhos beberam, quando para mim morria a noite e para outros nascia o dia, 
Agora, ali foi parido um colectivo de restauração, com uma vintena de tasquinhas, onde o olhar se lambe e a paciência se esgota.
Primeiro, é preciso correr os 200 metros barreiras para, por entre uma amálgama de raças e credos, espreitarmos os acepipes escritos nos néons das ardósias de cada tasquinha. Depois duma longa espera e escolhida que foi a iguaria a deglutir, temos pela frente mais uma prova de atletismo, na procura desenfreada dum lugar ao sol, aliás, dum lugar sentado, já que em pé os não há, sendo mais difícil encontrá-los, do que um lugar no céu.
Dos malabirismos que é necessário fazer para se chegar incólume ao desejado assento, com uma bandeja na mão e a bebida a saltar do copo, já nem me atrevo a falar,
- Com licença, com licença, desculpe, desculpe. Salve-se quem puder!
E é ainda com a mente em "brasa", que o Santini me arrefece a dita.
Não fora o maravilhoso pratinho de caril de lulas e um leitão da ribeira e estaria agora a carpir o tempo perdido, na busca incessante que o palato me vai pedindo.
Apesar de tudo, vale quase sempre a pena esta odisseia, que Homero não desdenharia.
Mercado da Ribeira?
- Às vezes, talvez!