1 de maio de 2007

Crónicas de viagem


Corria o ano de 1988.
O Benfica ia jogar a final da Taça dos Campeões Europeus em Estugarda-Alemanha e esse foi o mote, para desafiar alguns amigos, virgens em saídas extra muros, a ir dar um voltinha.
Claro que, uma expedição destas, organizada por mim e pelo Gigi, só podia ter outro fim que não o de assistir “in loco” à referida final.
Vagabundeámos então pela Europa e não vimos o jogo. Contarei brevemente, como tudo aconteceu.
Como diria o Gigi – 7 mil kms, 7 países, 7 dias.
Nós, éramos oito, mas parecíamos mais, pois alguns, comiam, bebiam e chateavam, por dois.
O Taxú, era do Sporting e era um deles. A chatear.
Era este, o nome de guerra do visado de hoje, na altura meu cunhado, casado com a minha irmã.
Sempre perdido de amores por qualquer rabo de saias, o Taxú, passou toda a viagem a alimentar um amor clandestino que deixara em Lisboa. Umas vezes, por telefone, outras através do envio de bonitos postais ilustrados com mensagens de amor.
A menina, ao que ele dizia, era poliglota, logo era de bom tom, botar figura, com mensagens na língua dos países, por onde íamos passando e aos quais os postais faziam alusão.
Como o Taxú não falava qualquer língua, que não a sua, pediu-me ajuda. Acedi a esse pedido, aldrabando as mensagens amorosas, a meu bel-prazer.
Na Alemanha, inventei meia dúzia de palavras que nem eu próprio sabia o significado e traduzi-lhe assim, aquilo que escrevi: - Só penso em ti. Tenho saudades tuas, amor.
Chegámos a Paris e extasiado pelo romantismo que a Torre Eifel sugestionava, pediu-me uma vez mais, umas palavrinhas, agora em francês, para a amada.
Escrevi então: “Au sommet de Paris, je me souviens de toi et je me suis aperçu que, loin des yeux, loin du coeur! (No tecto de Paris, lembro-me de ti e apercebi-me que, longe da vista, longe do coração.
Então pá, traduz lá o que escreveste – disse ele empolgado pela experiência! Do meu coração para o teu, através dos céus de Paris. Gostas?.
Abriu os braços de contente, cerrou-os à minha volta e exclamou: - PORRA QUIM, AINDA ÉS MAIS ROMÂNTICO DO QUE EU!!!
Gigi, que havia topado o "engate", piscou-me o olho e cravámos-lhe um geladito, logo ali no homem do carrossel ao lado.
Viria a divorciar-se da minha irmã e a casar, com a amada dos céus de Paris.
Ainda hoje dou comigo a pensar; ou ela não percebia nada de francês ou então o amor é mesmo cego.

4 comentários:

Carla D'elvas disse...

gostei do teu TAXÚ :)
é BOM escrever o AMOR...
afinal o q é o AMOR?
é SENTIR!!! SENTIR!!! SENTIR!!!
é o q eu SINTO e n consigo explicar...

Anónimo disse...

KIM!

Só vocês mesmos, para terem estórias como estas para nos contar.

Que bom que tua irmã não te matou vivo!!!!

Spuk

O Bicho disse...

Era mesmo "chato" e ainda por cima, do Sporting, o Taxu daquele tempo, mas eu não me importava de o aturar outra vez durante uma semana inteira, se fosse possível voltar-mos a fazer uma viagem como aquela.
De cada vez que me lembro, dou graças por ter tido a sorte de participado naquele louco circuito Europeu em 1988.
FOI UM PREVILÉGIO INESQUECÍVEL!!!

Anónimo disse...

Pois...
O amor tem razões que a própria razão desconhece.
I.R.