20 de junho de 2007

O SALTO - parte 14

O grande galã tremia que nem varas verdes e nem o frio que na rua se fazia sentir, evitou uma descarga de suor e mau estar. A sua elegância, postura e à vontade, punham-me mais nervoso e lembravam-me que já fizera asneira.
Uns metros mais à frente, um Citröen DS (boca de sapo) aguardava-a de porta aberta. O motorista, homem de meia idade, tirando o boné, curvou-se levemente à nossa chegada. Fazendo menção de a acompanhar, esticou o braço, abriu a mão e num tímido passe de toureio apontou para o banco traseiro convidando-me a entrar. Primeiro eu, depois ela,
Os breves minutos que demorámos a chegar ao 16eme Arrondissement, pareceram-me eternos. Da boca dela nem um murmúrio. O silêncio era de oiro.
Rasgava-se um sorriso cúmplice quando o Boca de Sapo nos largou na fachada austera dum cinquentenário prédio, da Rue Erlanger.
Subimos num velho elevador, coisa que não fazia há muito e cheguei às nuvens num ápice. Uma velha senhora, serviçal fardada, abre-nos a larga porta de entrada e afasta-se à nossa passagem. – Bonjour madame, bonjour monsieur! – cumprimenta-nos ela.
Estava no palácio da minha rainha. Aguardava o tributo a pagar.
Mandou-me ficar à vontade, perguntando-me se queria beber algo enquanto ela iria tomar um banho.
Estava agora a ficar mais calmo.
Comecei a imaginar um filme a cores e o respectivo guião. – Ela agora vai tomar banho, depois vai-me perguntar se eu também quero fazer o mesmo para libertar a “suadela“ apanhada até ali, depois, os dois em roupão, trocaremos os primeiros beijos e entregar-nos-emos nas aras do Deus Apolo.
Finalmente, embriagada de paixão, pedir-me-á cumplicidade eterna.
O bater duma porta fez-me regressar à realidade. Era ela! Tal como imaginara! Roupão vermelho! Corpo desnudo!
- Fica à vontade! Queres tomar um banho?
- Sim, sim!
– respondi, como se fosse um hábito, banhar-me em casa estranhas.
- Então segue-me! A casa parecia uma cidade. Atravessámos duas avenidas e mostrou-me um quarto de hóspedes.
- Aqui está! Pode ser aqui! Se quiseres podes vestir qualquer uma dessas roupas que estão no roupeiro! De homem, claro.
A casa de banho era moderna. O tecto rebaixado e muito iluminado. Num canto, uma casinha de madeira, que vim a saber depois ser a sauna. Com a água a escorrer-me pelas ideias abaixo, ia magicando o que faria a seguir.
Iria para a sala apenas com o roupão vestido? Vestia-me e aparentava que havia coisas mais importantes que sexo? Perguntava-lhe o que devia fazer? Chamava-a à casa de banho e amava-a logo ali?
- Valha-me Deus! Onde me fui meter!

3 comentários:

Carla D'elvas disse...

AHAHAHAHAHAHAHA...
valha-nos DEUS, que temos que esperar pelo nº 15!!!
estou absolutamente deliciada... em tds os números ;)

Anónimo disse...

Realmenteé um suspense!!!!!!!!!!!!
Todos os dias voltamos ao teu blog, para matar a ancia e a curiosidade e para ler os acontecimentos "loucuras" vividas pelo grande narrador.

Consegues prender a atenção de todos "as".

Até amanhã.

SPUK

Anónimo disse...

Hi,hi,hi,hi... Bem se isto fosse para cada um fazer um final a partir daqui, como agora é moda em certas séries/novelas.. Eu iria ser bastante criativo e cruel com o nosso amigo Kim.. Ah,ah,ah,ah,ah.. :) Salut!!