Paris, vestia-se de branco. Espreitava o natal.
O Publicis situava-se na esquina duma das doze pontas de L’Etoile. Fazia gaveto com a Av. dos Campos Elísios.
Era um dugstore que eu visitava regularmente. Por ser perto de minha “casa” e por ser a minha biblioteca. Ali consultava regularmente, O Diário de Notícias e A Bola, os únicos jornais portugueses expostos no escaparate.
À minha frente, do outro lado do vidro, na farmácia, uma linda mulher comprava a cura que o corpo pedia, aparentando ter a idade que mais mexia comigo - trinta anos.
Um longo casaco de zibelina, escondia-lhe o corpo. Ainda assim, adivinhava-lhe o contorno das formas. Uns óculos escuros seguravam-lhe os cabelos, a cair nos ombros. De blusão creme, jeans e camisola de gola alta, olhei-me e acreditei ter reencarnado James Dean. Vivia uma fase com o ego em alta.
A espaços, entre uma espreitadela no último resultado do Benfica e a visão angelical que tinha à minha frente, imaginava-a já nos meus braços.
Num segundo, mil vezes se cruzaram os olhares. Num minuto, mil vezes se afastaram.
Já não lia. Já não via. Já não estava em mim.
No momento seguinte, dirige-se para a saída, passando a meu lado e deixando no ar um perfume a demarcar terreno. Num impulso imprevisto agarro-lhe o braço e arvorado em macho saído dum filme chauvinista murmuro-lhe: - esta noite vou dormir contigo!
Não fazia nada o meu género este tipo de afirmação ou piropo que acabava de proferir. Horrível, de tão ordinário que foi!
O seu braço não afastou o meu. Parou, olhou-me de frente, sorriu e apertando-o levemente continuou o seu caminho, conduzindo-me de braço dado.
Um baque acordou-me do sonho que vivia.
Não é possível o que está a acontecer! Fiz isto pensando em tudo, menos naquilo!
Ela nem pestanejava! Algo não está bem, mas não vou fraquejar! – todos estes pensamentos me absorviam e estava completamente baralhado com a atitude dela, tão diferente da que imaginara.
Sem nada dizer caminhámos para a rua. Eu não sabia o que fazer. Ela sim.
Afinal, quem ali estava não era uma miúda da minha idade. Era sim, uma musa saída da pena de Homero.
5 comentários:
sempre defendi que as MULHERES devem dizer o que pensam e fazer o que lhes dá prazer... sem medos.
pertenco a este grupo.
acredito, que estas mulheres intimidam os homens ;)
... exactamente o que aconteceu cntg!
nota máxima p a tua amiguita :)
no fundo os HOMENS são o somatório de todas as mulheres... que entenderam e desentenderam!
aos BONS homens... aconteceram mulheres fantásticas ;)
fico á espera do salto nº 14!
Sim!
Como a cristina acredito que as mulheres decididas assustam, INTIMIDAM, os homem.
Estou tão anciosa quanto ela pelo salto 14º.
SPUK
Puxa isto está a aquecer, e tu tens a lata de nos deixar aqui plantados até ao dia que te der na gana escrever mais qualquer coisa,é demais,eras mesmo atirado.Chau da Maria
E eu pensava que isto só acontecia nos filmes. :):):)
Claro que as mulheres assustam os homens, sobretudo quando a esmola é grande, o santo desconfia.
Parece um filme, mas nos filmes a "estória" não acaba assim
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