5 de novembro de 2007

Amsterdam - 11


E assim os dias passavam. Lentos, quando a saudade me invadia, rápidos, quando a descoberta chegava.
O vaivém de grupos de jovens bonitas, era uma constante dos fins de semana. Não me lembro nunca, de ter chegado um autocarro de hunos ou vikings.
Chusmas de esbranquiçadas loiras de sangue frio, arribavam às minhas bandas. Eram sempre grupos que vinham em excursão, passar um fim de semana em Amesterdão.
Assim foi numa sexta-feira à noite quando uns olhos azuis petróleo turvaram os meus. Pela primeira vez ali, me senti atraído por alguém.
Instalara-se um mimetismo “inter pares”.
O seu sorriso cativante chamava por mim. Alguns minutos, foram suficientes para chegarmos à primeira fala.
Depois, tivemos os dias todos para esmiuçar incertezas e arriscar descobertas.
Cornélia, assim se chamava a minha musa, deixara-me como um debutante apaixonado.
Foram quinze dias maravilhosos, em que nos descobrimos sem nunca havermos passado disso.
Tudo o resto, à minha volta, não interessava. As nu-lheres, de tão despidas que eram, passaram a segundo plano. Nuas de rosto, vazias de alma, eram o purgatório da minha redenção. Cornélia, anulou-as.
Vivia agora a paz dos eleitos.
A vida reservava-me surpresa atrás de surpresa. Dava agora maior importância a uma paixão que Platão não saberia explicar, do que às aventuras passageiras de final de dia.
Cornélia Klostermann, a alemã da Floresta Negra, ficaria sempre ligada à minha memória, como uma menina que um dia não abandonou o seu Harald.
Minha querida amiga! Como gostaria hoje de falar-te das minhas ilusões, das minhas paixões, dos meus filhos e de tudo o que o vento levou!
Wupertall, sua terra natal e Freiburg, sua residência, olho-vos de tempos a tempos! Viram-na por aí?
Nasceu em 1953 e aniversaria a 23 de Outubro.
Durante muitos anos trocámos ternuras à distância e à medida que fui sendo pai e os filhos vinham chegando, fomos perdendo o contacto, julgando eu que terá acabado por atar o seu Harald, num apertado laço matrimonial.

7 comentários:

Carla D'elvas disse...

Ás vezes... o amor não tem tamanho para a vida... mas, nem por isso deixa de existir.
(um dia, escrevi isto p alguém...)

:)

Anónimo disse...

Que sentimentos tão belos.
Quanta ternura nos encontros da descoberta.
Que lindo este poema da tua vida...

Isabel

Sendyourlove disse...

... e se...
sabe bem a incerteza de um futuro que não existiu...
Uma paixão suspensa, porque nunca acabada, perdid no tempo e espaço mas sempre presente na alma e no coração.

Anónimo disse...

Gosto dos homens assim,fiéis aos seus amores,com muitos,mas, cada um no seu canto do coração,a respeitar cada uma,e numca fazer da mulher uma coisa descartável.Acho que deves de ser asssim,ainda não te conheço bem,mas, tu és transparente,poucas horas dão para saber a pessoa que és.Beijinhos da Maria

Anónimo disse...

A importância de uma pessoa não se constacta quando estamos junto dela,ou perto dela, mas sim quando sentimos a sua falta.
Recordações e sentimentos do passado são o nosso porto seguro do presente e as nossas glórias no futuro.
Eu pretendo fazer parte do futuro.
LF

Anónimo disse...

KIM!

Estais a destruir os corações femeninos.
Que bom que ainda existem homens assim.

SPUK

Anónimo disse...

Nem sei que comentário faça, mas tenho de o fazer. Cada vez mais descubro no Kim Bond, facetas que desconhecia.....