15 de julho de 2009

Granito - meu amor!

Às vezes apetece-me entrar por aqui e descrever as maravilhas que já descobri nos quatro continentes que até então pisei.
Rebolo-me então nesses pequenos luxos e descubro que a felicidade não está onde um paquiderme alado me leva nem na ponta dum meridiano.
Como qualquer mortal gosto de correr mundo e desejo imenso partir para ter a suprema alegria do regresso.
Mas … quanto mais mundos conheço mais gosto deste pequenino e bem enjorcado rectângulo.
Afinal sou filho dum granítico amanhecer onde um naco de broa, uma mão cheia de azeitonas e um colestrolado toucinho faziam o reino dos céus dos que acreditavam que os mares não eram um sonho.
Em homenagem àquilo que sou, àquilo que fui, às viagens que fiz e ao regresso que pude ter, aqui me sento na pedra que não fala mas tudo de mim sabe. O granito!.
Foi assim algures, entre a saudade das origens e o sonho da descoberta que me senti pequeno e com vontade de não crescer.
Há coisas que não se explicam. Entre o que ontem vivi e o que antes senti, optei pelo segundo.
Quero mais, para acreditar que já fui menino e também sonhei!
Volta Kim, que as pedras esperam por ti!

16 comentários:

Anónimo disse...

Eu sei Mestre.
Nós sabemos...

Um beijinho grande para ti.

Isabel

Sendyourlove disse...

...diria mais, o melhor das viagens é o regresso à nossa casa, ao que somos...
...recordar e partilhar as descobertas...
... e por falar em partilhar, gostei muito da tua foto das férias com o chapelinho...a flor fica-te a matar :-)

Laura disse...

Meu querido Kim; Nada poderá esconder as nossas Raízes, nada poderá acabar com o amor que sentimos pela nossa terra!... Gostei de te ler neste cadinho de broa, azeitonas, ah, uma cebolinha salgada na hora, metida no saleiro enorme que havia nas cozinhas das mães ou avós, o presunto tão bom, tão saboroso e vá lá, confessa, uma pinguinha do aaaaaamaricano, ehhhhhh, uma pinguinha boa, feita por eles lá em casa, e a nossa casinha, pobre, pobre, mas honrada onde se ganhava o pão nosso de cada dia com o nosso esforço!... Gostei de te ver nessa foto que ficará para a posteridade, o rapaz do granito! O rapaz de quemt enho orgulho em ser amiga!... Abraço-te com ternura, tu que és um homem grande, e tens coração e sentir de menino..laura..

Teté disse...

Também gosto deste nosso cantinho e tenho orgulho de ser portuguesa! Hoje e sempre! :)

Que o pais podia melhorar bastante, com políticos menos "foleiros" (termo levezinho, note-se!), políticas de educação, saúde e justiça mais adequadas, não tenho dúvidas...

Mas sento-me na pedra (que nem sei se é de granito) e dos pés saem-me raízes para este chão!

C'est la vie!

Beijocas, Kim!

Parisiense disse...

Será que nasceste na Serra da Freita?????
È que granito é coisa que não falta para estas bandas....ahahahaha

Viemos do nada e para o nada voltamos, o que resta é sermos felizes com a n/passagem por aqui, pouco importa onde seja....vivermos com as n/recordações e sorrirmos do que fomos e do que hoje somos.

Bisous mon ange.

Maria disse...

Mestre Kim:
Mas que maravilha de poema em prosa!
Que linda declaração de amor a este cantinho, a que nós só damos atenção, quando estamos longe!
Afinal não é só o Lobo Antunes que diz "Eu hei-de amar uma pedra". Tu amas, eu amo, acho que todos nós amamos uma pedra e fazemos dela um símbolo e um sonho.
Parabéns pelo texto. Mais uma vez me comoveste, mais uma vez senti por trás das tuas palavras, o menino de olhos e cabelos claros, que sonhou sentado numa pedra de granito. Nunca percas esse menino que há em ti.
Beijinhos da
Petite Marie

Anónimo disse...

Cinco milhões de emigrantes portugueses espalhados pelo mundo.

Ao longo de quase seis (6) séculos muitos milhões de portugueses espalharam-se por todo o mundo. Muitas vezes fizeram-no por razões culturais, outras por espírito de aventura, mas quase sempre por motivos de sobrevivência.

XL

Je Vois La Vie en Vert disse...

Que magnífico texto nos ofereces, Kim ! És um mestre em exprimir as tuas emoções !

Tens sorte em sentir isto porque vou confessar-te que não sinto raizes porque desraizaram-me do sítio onde nasci quando fugi do país , meu berço, com a roupa que trazia vestida para não ser trucidada. O país dos meus pais, onde vivi 17 anos é um país novo, as pessoas não têm sentido nacional, andam a pensar a dividir este minúsculo país e está a ser tão invadido pelo islamismo que não me sinto em casa quando là vou...
Tenho por hábito de dizer que sinto-me 75% portuguesa porque afinal já vivo aqui há 32 anos.

Fiz-te uma pergunta no blog da Parisiense, podes responder-me ? Também tem um pouco a ver com este tema.

Bisous verts

Zé do Cão disse...

Não sou da terra do granito. Mas ás vezes não sei porque carga de água ás vezes aparecia um bocadito e a "maltinha" tinha um carinho especial por ele. Quando atirava e batia em alguém, era casa para regojizo e pelo menos durante umas horas, era a figura transformada em herói. Menos para o atingido evidentemente.
É bom relembrar os belos tempos...
quer sejam antigos ou recentes, desde que sejam belos...
Abraço

Laura disse...

Pois, só faltava memso essa do nosso Zé do canito andar à pedrada e logo com xisto!... Também, havia seixos e pedras mais leves, mas tu ias sempre levar a água ao teu moinho e vai daí, pimba...O que é que tu não fizeste ó zezito?...Beijinhos.

Paula Raposo disse...

Gostei de te ler neste desejo de regresso! Beijos.

Carla D'elvas disse...

a SAUDADE é um sino a badalar na minha memória :)
o sino da minha aldeia.
[Riba d´Âncora, claro está!]

beijo

(saudades e olhos de goraz. às vezes, na Lua, é assim...)

Anónimo disse...

Tens razão JR,o nosso retanglosinho é uma Maravilha,agora sobre o Granito,temos sítios espectaculares.(Salvaterra do Extremo,Monfortinho,Penha Garcia,Idanha a Velha,Segura)
Abraço
O.R.

Osvaldo disse...

Caro Kim;

Bem-vindo às origens...
Eu já regressei há muitos anos.

A curiosidade e o sangue lusitano levam-nos a querer descobrir mundos e viajar por outras latitudes, mas no final do caminho, acabamos por redescobrir o amor por esse pequeno retângulo mágico...

Os meus filhos, que não nasceram em Portugal, quando passavam numa aldeia com o cheiro tipico das lareiras no Inverno sempre diziam e continuam a dizer,... cheira à casa da avó, cheira a Portugal!...

Nem o mármore de Carrara tem o charme do nosso granito.
Como te compreendo.

Um abraço, Kim.
Osvaldo

Fá menor disse...

Belíssimo apontamento!

Há origens que não podemos renegar!

Bjs

Laura disse...

Ah, eu nasci num belissimo local (hoje estragado pelos comerciantes e turistas) Dentro das muralhas de Valença, mas que local privilegiado para nascer uma nina como eu, das janelas das traseiras, como era num primeiro andar, via-se o rio que corre , tão verde, tão puro ladeado por belos relvados, arbustos, árvores...só vendo...Hoje tudo quanto é loja é do comércio, acho mal, deviam passar isso para fora das ditas muralhas e dar uma vida áquele local, ajardinar, fazer lugar de repouso do passante, e encher a vista da beleza das flores...enfim. só pensam no lucro e mais nada. Beijinhos meus, laura.Conheces o lugar Kim?