24 de outubro de 2007

Amsterdam - 8

No regresso ao hotel, senti-me dono da situação. Mais uma vez o meu anjo da guarda me amparou e alimentou a audácia.
Não pude partilhar esta alegria com Mr. Urgens. Só entraria no turno da noite.
Com o ego em alta, estava agora mais disponível para responder aos olhares e solicitações das esbeltas vikings. Sim, só das esbeltas, porque algumas havia que quase não se percebia serem homem ou mulher.
A escolha era vasta. Podia voltar a dar-me ao luxo de escolher. Parecia um ritual satânico. Qual vou comer? Começo por onde?Pensando bem vou até ao bar. Estou num mundo novo e devo continuar a guiar-me pelos ditames do bom senso.

- É melhor deixar-me destas coisas de quem é que como, pois não tarda nada estou a ser comido. Vou apenas olhar e o que tiver de ser, será. Quando a montanha vier a Maomé, saberei subi-la.Assim fiz e naquele mesmo dia subi a primeira montanha.
Não guardo grandes recordações dessa montanha. Quase não foi necessário subi-la. Foi meia-bola e força.
O romântico e sonhador Alain, não teve direito a carícias, beijos cúmplices e ofegantes, antes sim a uma carnificina voraz sem sentido de, anda cá - já está.
Tal como temia, fui devorado num instante!
Desejamos sempre aquilo que não temos. Quando me calhava uma mosca morta e não podia voltar atrás, ansiava por uma rebelde que me rasgasse os vícios. Quando a tinha, desejava apenas carinho e afecto, antes de...
Aquele quarto era tudo, menos um ninho de amor. Nele, não havia privacidade nos momentos íntimos. Quem estivesse por perto limitava-se a assistir ou a ignorar.
Assim também eu fiz quando o mesmo se passava a meu lado, ou uma fétida seringa entrava em negras veias já sem corpo. Ignorava!
Mergulhando nos diálogos comigo, volto a repensar no meu percurso de vida e na aventura que ali me levara.
Tenho de reaprender a viver, jurei a mim mesmo. Isto não volta a acontecer. O caçador passara a presa. Não, nem pensar. Vou-me deixar caçar quando entender.
Voltei à realidade. Mr Urgens estava de volta. Contei-lhe o sucedido e felicitou-me pelo que estaria para vir. De soslaio medi-o de alto a baixo e sinceramente não tinha pinta de bicha.
O soldo pago pela agência leva-me ao luxo de comprar os meus cigarros preferidos, Peter Stuyvesant.
Parecia agora igual a todos os outros. Quem não fumasse e não bebesse, não pertencia àquele mundo. Cigarro nos lábios, emprego quase certo, mulheres por todo o lado. É fartar vilanagem!
Bem, já que me encontro numa fase de devaneio e futuro risonho, é melhor jantar pois amanhã é um novo dia. Aguardemos o que me espera.
Devo ter voltado a jantar frango barrado com doce de qualquer coisa e aguardei que Mr Urgens estivesse disponível.

3 comentários:

Anónimo disse...

Ego de macho?
Não sabia que é preciso dar para receber?

O ditado diz:
Mãos que não dais porque esperais?

Ou então fico a pensar:
Outros mundos e outros ditados....
ihihihihihi

Isabel

Anónimo disse...

É! Amisterdam!
Amisterdam das modernidades, da evolução social, do sexo, das drogas, mas sempre Amisterdam.


Spuk

Anónimo disse...

É só palha,já não compro o livro,eras bom para vender a banha da cobra.Amesterdão,Amesterdão,és o meu amor mais novo,vais contando a história e parece que estou lá outra vez,beijos da Maria.Hoje não há novela,porque o homem está a ver a bola.