20 de outubro de 2007

Amsterdam - 5

Esta cidade agradava-me francamente.
Passei a manhã à descoberta de tudo e de nada, não muito longe dali.
- Bonjour Alain, ça va toi? J’ai quelque chose pour toi !
Mr Urgens, acabara de chegar e confessa-me que pensara em mim.
- Sabes, lembrei-me duma Agência de trabalho temporário para estudantes e acho que deves ir lá.
- Então e onde é que isso fica? Perguntei entusiasmado.
- Não muito longe daqui – respondeu.
Olhando o mapa da cidade, ambos tentávamos descobrir o local onde se situava a agência de empregos.
Trocámos mais umas impressões sobre esta possibilidade que se me deparava e saí na busca do incerto e vago.
Depois de uma hora à procura da tal empresa, encontro-a finalmente.
Disse ao que ia e após responder a pequenos quesitos, imediatamente me arranjaram um emprego numa tipografia. O local era longe dali e combinámos que lá me deveria apresentar no dia seguinte, às oito da manhã.
O resto do dia transformou-se num beco de ansiedade e numa ruela de esperança.
Quando regressei ao hotel, ameaçava anoitecer.
Mr Urgens desdobrava-se em multi-funções de estalajadeiro. Um grupo de jovens dinamarquesas acabara de chegar ao hotel e procedia-se à logística de alojamento das patrícias de Andersen .
Um ror de mulheres, que mais parecia uma algazarra de crianças, inundava a recepção. Eu, ali de pé, respondia com sorrisos aos primeiros olhares marotos.
Mr Urgens não tinha mãos a medir. Dei-lhe um toque no ombro e de polegar em riste agradeci-lhe dizendo:
- Colocaram-me numa tipografia, tenho de lá estar às oito da manhã. Assim que começarem a servir as refeições vou jantar e depois vou deitar-me, pois como vou a pé para lá, terei de sair daqui por volta das seis.
- OK. Vou estar de serviço esta noite. Quando saíres ainda cá estarei. Depois falamos!
A vida tem destas coisas. Conhecia-o há dois dias e já parecíamos os melhores amigos do mundo, apesar das duas gerações que nos separavam.
Pouco depois, utilizei a segunda senha de refeição e para variar, jantei frango barrado com doce de morango.

5 comentários:

Anónimo disse...

Estou aqui a pensar...
Que colossal a tua caixinha de recordações.

Os sorrisos, os olhares marotos, os toques, os cheiros, os sabores, os amigos e o mundo. Tanto sentimento, tanta emoção, tanta vivência, tanto e tanto numa caixinha tua (dentro de ti).

Meu amigo... Que bom...

Isabel

Carla D'elvas disse...

Meu kerido, contador de estórias... estou a ADORAR!
Esse frango barrado com doce de morango é (era!), no mínimo, uma catástrofe.

Anónimo disse...

Tipografia... Hi,hi,hi.. ;)

Anónimo disse...

Será que metendo uma cunha não poderás comentar três episódios seguidos?Vá lá nós vamos agradecer com beijinhos. Maria

Anónimo disse...

Isabel e Carla - Obrigado pelas palavras doces, quase barradas com doce de maçã, que era bem bom. O de morango, nem tanto.
Oh Maria, estou a escrever ao dia e este bocadinho que escrevo ainda demora um pouco.
Já estou um pouco velhote para três, no mesmo dia, apesar de saber que sou capaz.