16 de outubro de 2007

Amsterdam - 3



Sonhando sonhos que não sonhei, adormeci sonhando.
A claridade que a janela, a meu lado, deixava passar, despertou-me para a nova realidade.
Ali estava, à espera de nada, sem saber por onde começar
À minha volta, três camas mais, estavam ocupadas. Não se percebia quem eram os seus ocupantes. O primeiro aspecto não me agradava de todo. Descobriria mais tarde que nem as vestes nem os cabelos tinham algo em comum, com o colegial menino que eu era.
Lentamente desci ao piso térreo e fui memorizando o meu novo mundo.
O pequeno almoço, girava à volta das tradicionais bebidas quentes e ainda dos queijos, das compotas e da manteiga.
Os restantes hóspedes exibiam os trajes do tempo de “flowers in the hair”.
A modernidade das instalações, amenizava o frio humano dos que ali se encontravam.
Na recepção, um jovem pouco mais velho que eu, dominava as entradas e as saídas.
O Cok Hotel, ficava muito bem situado. Bastante perto do centro, numa cidade completamente plana, como Amesterdão, facilmente se ia a qualquer lado sem grande esforço. Tempo, eu tinha demais.
Pelo mapa da cidade exposto no átrio, fiquei com a certeza de, para qual lado vaguear.
Os carris dos eléctricos, que mais pareciam a carlinga dum avião, levaram-me à porta de entrada nesta cidade – A Estação Central.
Aí estava eu de novo, já conhecedor do local. Não sabia o que fazer. Apenas, olhar, olhar, olhar.
Num banco consegui trocar o resto do meu pecúlio, de francos franceses, por florins, moeda local.
Uma pequena moeda foi suficiente para comprar um crepe chinês, de tamanho considerável e bastante bem recheado de legumes.
O crepe viria a tornar-se o meu alimento de eleição, quer pelo preço, quer pelo aconchego que o estômago agradecia.
Cansado de olhar, regressei ao Hotel, onde o jardim das traseiras me ajudava, em peregrinação interior, a trilhar os caminhos de Santiago.

2 comentários:

Anónimo disse...

Às vezes não esperamos nada.

Muitas vezes não sabemos como começar.

Tantas e tantas vezes, levantamos, caminhamos e encontramos sem saber e sem esperar...

Isabel

Anónimo disse...

És um eterno andarino.
Um colecionador de estorias.
Um desbravador.
És um vencedor.
Um colecionador de amizades.

Beijos.
SPUK