4 de agosto de 2007

O Conto do Vigário - parte 1

Acabara de sair do escritório. Seriam sete horas da tarde.
Verão 1984.
Já na porta da rua, uma oxigenada senhora loira, hesita em qual campainha tocar.
A minha habitual costela de bom samaritano dá-me sinal que a senhora precisa de ajuda.
- Posso ajudá-la?
- Ah, obrigado! Ando à procura dum senhor chamado Joaquim Ribeiro. Por acaso não o conhece?
- Conheço sim senhor, sou eu!
- Que coincidência! Ainda bem que o encontro! Olhe, eu sou sócia do Senhor António, do Restaurante O Bacalhau. Tenho estado na África do Sul e como preciso de investir uns dinheiros, ele aconselhou-me a falar consigo.
O Bacalhau era de facto o restaurante, a cem metros do escritório, onde eu almoçava quase todos os dias e conhecia bastante bem o António, seu proprietário. No entanto nunca lá tinha visto esta sua sócia, mas se ela dizia que o era, é porque assim era efectivamente.
Medi a mulher de alto a baixo e mil coisas me passaram pela cabeça. Ia tentar também, medir-lhe o seu poder negocial.
- Ok, então é melhor subirmos e falarmos no meu gabinete – disse-lhe, apontando-lhe os degraus que nos levariam ao primeiro andar
Voltei a subir as escadas e a pensar no negócio que acabara de cair, sabia-se lá donde.
Já sentados, frente a frente, começa então a desfiar o seu rosário.
- Pois é, há muitos anos que vivo na África do Sul, mas agora que o meu marido morreu, vendi todos os nossos bens e vou aplicá-los em vários quadrantes. Entretanto em conversa com o meu sócio António, ele disse-me que você tem aqui um empreendimento onde eu poderei investir.
- Assim é, de facto – respondi-lhe.
Mas … qual é a grandeza de valores que pretende investir?
- Bem, para já estava interessada em comprar um andar para viver e uma loja para rendimento!
À medida que falava, ia-me devorando com o olhar.
Comecei então a pensar em dois negócios distintos. O primeiro – vender-lhe os imóveis. O segundo – abstrair-me do assédio sexual que ela acabara de iniciar. Ambos me pareciam fáceis de resolver. Um, porque eu tinha o prédio e ela o dinheiro. O outro porque ela não era, de todo, o género de mulher que me agradasse.

Eu tinha a idade de Cristo!
Ela, uma quarentona avançada com ar de esquina de rua!

4 comentários:

Carla D'elvas disse...

já estou rendida á tua nova estória :)
... parte 2. please!

Anónimo disse...

Afinal quem será o pai da criança?
O senhor António? O joaqim? O Gigi? O Cristo?
xl

Anónimo disse...

Estou certa que ficou de pensar e confirmou a veracidade dos factos...

A caça virou-se contra o caçador??
Ou subtilmente mostrou-lhe as diferenças??

I.R.

Anónimo disse...

Novamente a deixar o pessoal em pulgas para a parte 2.Na verdade na tua vida tudo aconteceu,mas,as mulheres sempre foram o teu forte apesar de teres conhecido muitas acho que ainda vão aparecer outras para te deixar de boca aberta de admiração,de nós mulheres tudo se pode esperar, até nós próprias por vezes nos supreendemos.Vá lá estamos em pulgas.BEIJO DA MARIA