Os meus dez anos revelavam já um elevado sentido de humor.
Brincar, era uma disciplina como todas as outras.
Naquele dia, as notas do teste de Religião Moral, tinham sido um hino à sabedoria, com a totalidade dos alunos a atingir o máximo de aproveitamento, a rondar os vinte valores.
Desconfiado com tanta fartura, fruto do “copianço”, que o velho padre não conseguira detectar, logo ali marcou novo teste, para três dias depois.
Quase todos os alunos descuravam essa matéria - Religião e Moral - pois o rigor das outras disciplinas a isso nos impelia. Era pois, importante, agarrarmo-nos aos livros e saber tudo na ponta da língua, sob pena de, quem não voltasse a ter nota positiva parecida com a anterior, teria chumbo certo.
Eu, assim fiz. Quase não abri nenhum dos outros livros, durante os três dias seguintes. O Francês, o Latim, a Estilística e mais as outras sete disciplinas, que esperassem.
Entretanto, a minha maquiavélica mente brincalhona, arquitectou um plano. O Matos, perito em trabalhos manuais, a meu mando, fabricou um pequeno chapéu de coco, feito em cartolina preta, que teimei em levar debaixo do braço para a aula.
Chegado o momento do novo teste, eu parecia um doutor da Igreja.
Peguei naquilo e em três penadas, debitei a minha sabedoria para o papel, acabando o teste muito antes do tempo regulamentado para o efeito.
Coloquei então o chapéu em cima da secretária (lá, chamávamos-lhe cadeira) e quando o padre olhava na minha direcção, fingindo estar a copiar, levantava ao de leve o chapéu, e logo de seguida fingia que escrevia o que acabara de copiar. Assim fiz, várias vezes.
Pelo canto do olho, ia observando a impaciência do homem, prestes a apanhar em flagrante delito um jovem seminarista.
O velho padre, quando nervoso, gaguejava e distorcia as palavras.
Ninguém se mexe! Quero todos com as mãos em cima da secretária – gritou.
Com ar de justiceiro divino, encaminha-se para o meu lado, nunca olhando para mim e quando passa a meu lado, põe a mão em cima do chapéu, amarrotando o arredondado deste e quase a babar-se, vocifera: - AAAAPANHI-TE!!!
Debaixo do chapéu, nada havia. Olhei-o calmamente e respondi: - ENGANI-TE!!!
Brincar, era uma disciplina como todas as outras.
Naquele dia, as notas do teste de Religião Moral, tinham sido um hino à sabedoria, com a totalidade dos alunos a atingir o máximo de aproveitamento, a rondar os vinte valores.
Desconfiado com tanta fartura, fruto do “copianço”, que o velho padre não conseguira detectar, logo ali marcou novo teste, para três dias depois.
Quase todos os alunos descuravam essa matéria - Religião e Moral - pois o rigor das outras disciplinas a isso nos impelia. Era pois, importante, agarrarmo-nos aos livros e saber tudo na ponta da língua, sob pena de, quem não voltasse a ter nota positiva parecida com a anterior, teria chumbo certo.
Eu, assim fiz. Quase não abri nenhum dos outros livros, durante os três dias seguintes. O Francês, o Latim, a Estilística e mais as outras sete disciplinas, que esperassem.
Entretanto, a minha maquiavélica mente brincalhona, arquitectou um plano. O Matos, perito em trabalhos manuais, a meu mando, fabricou um pequeno chapéu de coco, feito em cartolina preta, que teimei em levar debaixo do braço para a aula.
Chegado o momento do novo teste, eu parecia um doutor da Igreja.
Peguei naquilo e em três penadas, debitei a minha sabedoria para o papel, acabando o teste muito antes do tempo regulamentado para o efeito.
Coloquei então o chapéu em cima da secretária (lá, chamávamos-lhe cadeira) e quando o padre olhava na minha direcção, fingindo estar a copiar, levantava ao de leve o chapéu, e logo de seguida fingia que escrevia o que acabara de copiar. Assim fiz, várias vezes.
Pelo canto do olho, ia observando a impaciência do homem, prestes a apanhar em flagrante delito um jovem seminarista.
O velho padre, quando nervoso, gaguejava e distorcia as palavras.
Ninguém se mexe! Quero todos com as mãos em cima da secretária – gritou.
Com ar de justiceiro divino, encaminha-se para o meu lado, nunca olhando para mim e quando passa a meu lado, põe a mão em cima do chapéu, amarrotando o arredondado deste e quase a babar-se, vocifera: - AAAAPANHI-TE!!!
Debaixo do chapéu, nada havia. Olhei-o calmamente e respondi: - ENGANI-TE!!!
Os dias que se seguiram, não foram os melhores da minha vida.
O raio do puto Kim, era danado prá brincadeira!
7 comentários:
ahahahahaha...
era... e é! eu acho...
quem não é danado para a brincadeira... não vive bem a vida ;)
Bom humor...
Nada melhor para fazer da vida uma festa todos os dias.
Bem hajam as pessoas bem humoradas.
I.R.
E já o senti bem na pele.......no Rossio, no Lido, etc.....
Seve
As nossas memórias de infância são as que mais facilmente, a partir de uma certa idade, obviamente, conseguimos reter e esta cara, exactamente como aqui está veio-me agora imediatamente à memória, como se, de repente, andássemos a jogar à bola, na Pedro Franco, de sarjeta a sarjeta, a ir à Pontinha comprar equipamentos, do Rã, do Pélé, etc...O Quim está aqui perfeito e ao domingo quando ia à missa ia mesmo assim!
Creio que, do nosso grupo, o Quim era o único que ia à missa!
Seve
O Mestre Kim também o é no humor. Um dia num encontro de amigos apareceu um vestido com um fato tipo anos 60 destoando do resto da malta. Fato giro hã? Perguntei eu. Epá ó Rui foi o Kim, disse que o encontro era temático, para vir tudo à anos 60. Grande sacana.
Mas são, quase sempre, brincadeiras inofensivas.
Da malta amiga,aqueles a quem fiz mais maldades, foi ao Seve e ao Camacho
E devo acrescentar que as que me foram pregadas foram bem pregadas porque tinha (eu) a mania que os pássaros comiam alpista e cairam no prato certo!
Seve
Enviar um comentário