7 de dezembro de 2009

Ary dos Santos - O grande!

Faria hoje setenta e dois anos.
O que sei do Ary é apenas aquilo que toda a gente da minha idade e que não pertencia ao meio, sabe. Sei ainda que era um militante acérrimo de palavras que o vento levou e a poeira cobriu, envolta em névoas que a bruma continua a tapar.

Grande declamador, enorme poeta!
Alguém me disse recentemente que “a meia idade” é quando paramos de criticar os velhos e começamos a criticar os novos.
Provavelmente por isso, aqui está uma meia idade, a fazer a apologia duma outra meia idade, um pouco mais avançada.
Pois bem, Ary dos Santos foi enorme em TUDO o que fez na vida.

Li há poucos meses uma entrevista, julgo que com Carlos do Carmo, em que o entrevistado falava do Ary com uma profundidade que até então eu nunca ouvira.
Fiquei a saber que Ary era uma criança crescida, com medo de dizer ao mundo, coisas que o mundo sabia.
Tinha medo da solidão, do abandono, do fim. E quem não tem?
Ficou a ecoar nos meus sentidos, a força que imprimia em cada sílaba, em cada expressão, em cada gesto. Ary era a força das amarguras doutrem, dos candidatos a poeta, dos que gritam apenas falando.
Ary abriu-me o livro das mais belas palavras e trocadilhos nunca antes inventados.
Jose Carlos Ary dos Santos, poeta castrado, NÃO!

26 comentários:

continuando assim... disse...

Definitivamente NÂO! grande Ary dos Santos :)

bj
teresa

Zé do Cão disse...

Kim
Obrigado pelo convite, foi das coisas agradáveis da vida.
Quanto mais velho somos, mais nos encontramos sós.

Um abraço

Laura disse...

Olá meu Tenor preferido!
Enquanto existires e me tiveres por perto, não mais deixarás de cantar La chansons des vieux amantes! desde o jantar em Tabuaço, no Tábua D'aço, uma voz que ressoava na noite, acompanhada por outras vozes, ah, que lindo Concerto sob as estrelas! Haverá lá momentos melhores?
Obrigada meu amor de amigo,rapaz do meu coração, adoro-te amo-te, ora pois!...

Ary dos Santos, lembro-me de o ver na TV... Foi-se jovem ainda.
Beijinho e abraço desganar da laura..

Laura disse...

Zézito, foi um prazer estar contigo no nosso dia, como viste, continuas a derrochar o teu inesgotável charme!... as meninas pareciam moscas ao teu redor!
Obrigada por escutares o convite e, acredito que nem perdeste nada... Um abraço ao grande zé do cão, para mim e pascoalita, o nosso Zé do canito!...

Não encontramos nada a sós, ora viste? prá próxima levo a lata do spray!...

Je Vois La Vie en Vert disse...

Pouco conheço sobre o Ary dos Santos, confesso. Mas a tua publicação obriga-me a pesquisar um pouco mais sobre ele.
Obrigada por fazer com que alargo o meu horizonte cultural !

Beijinhos, mon ami Kim...

Verdinha

Anónimo disse...

Seve disse...

Cuidado que parece que o Ary era amigo do Saramago....

Laura disse...

Seve; o Ary agora, decerto que é amigo de todos, é que do outro lado vê-se muito melhor que aqui com óculos, ehhhhh... Um beijinho da laura.

Carla D'elvas disse...

SONETO PRESENTE

Não me digam mais nada senão morro
aqui neste lugar dentro de mim
a terra de onde venho é onde moro
o lugar de que sou é estar aqui.

Não me digam mais nada senão falo
e eu não posso dizer eu estou de pé.
De pé como um poeta ou um cavalo
de pé como quem deve estar quem é.

Aqui ninguém me diz quando me vendo
a não ser os que eu amo os que eu entendo
os que podem ser tanto como eu.

Aqui ninguém me põe a pata em cima
porque é de baixo que me vem acima
a força do lugar que for o meu.


JOSÉ CARLOS ARY DOS SANTOS (1937 - 1984)


que nos diria e que escreveria ele hoje?

um abraço

c

Francisco rosa disse...

Depois de morto já não se consegue comer criancinhas ao pequeno almoço.

FR

Mariana r disse...

Quando jovem ouvi muitas conversas sobre Ary dos Santos,trabalhei aonde muitas clientes, contavam istórias deste grande poéta, dos nossos tempos.
Será que "os bons",são só aqueles que pertencem á "côr"que cada um gasta!?Porquê? avaliar cores, em vez dos efeitos que elas produzem.
Tudo bem

Teté disse...

Grande P O E T A, com todas as letras, sim senhor, e declamador também!

Quanto a essa definição de meia idade (um bocadinho exagerada, convenhamos) nunca tinha ouvido falar. Estamos sempre a aprender... :)

Beijocas!

Paula Raposo disse...

Grande Ary!!
Beijos.

Anónimo disse...

SONETO DO TRABALHO
-
Das prensas dos martelos das bigornas
das foices dos arados das charruas
das alfaias dos cascos das dornas
é que nasce a canção que anda nas ruas.
-
Um povo não é livre em águas mornas
não se abre a liberdade com gazuas
á força do teu braço é que transformas
as fábricas e as terras que são tuas
-
Abre os olhos e vê. Sê vigilante
a reacção não passará diante
do teu punho fechado contra o medo.
-
Levanta-te meu povo. Não é tarde.
Agora é que o mar canta é que o sol arde
pois quando o povo acorda é sempre cedo.
-

Bichodeconta disse...

Soube-me a pouco,Soube-me a pouco assim canta Sergio Godinho.Também me soube a pouco o convívio,ficou tudo por dizer.Que tal uma semana ?Eu preciso de ter por perto gente amiga e inteligente,com sorriso rasgado que ajude a tornar os dias menos cinzentos.Também eu sou amiga do Saramago(não é contagioso)tive o privilégio de privar com Ary dos Santos.Grande poeta com ele decorei um poema que não esqueci até hoje.Ouvi-o na 2ª festa do Avante a primeira a que assisti.Prós que desconhecem esta festa,tranquilizem-se, ali não se comem criancinhas ao pequeno almoço.Há exposições de pintura, escultura, artesanato, palestras sobre os mais variados temas, espectáculos musicais e outras formas de expressão vindo de todo o mundo.Fui á festa com o Saramago claro,autocarro até Lisboa com a irmã e uma amiga,um taxi até á estrela onde onde o Zé morava com a Isabel da Nóbrega sua companheira.Quando a festa abria no Jamor já nós lá estávamos, a saída´era lá pelas tres da manhã.A casa do Zé era pequena e passamos a ir dormir a casa do Dr.Manel Alberto Valente "editorial presença"e na altura director da revista vida Soviética, convidou-nos a ir dormir pra casa dele e da esposa,grande amiga já falecida, Wanda Ramos irmã do cineasta Artur Ramos com quem mantemos relações de amizade,com a Helena sua esposa,a filha ,Cláudia que é mãe de duas das filhas de Nicolau Brayner.Mariana e Constança assim se chamam as filhas da Cláudia e do Nico.O Manel Alberto morava na r: Virginia Vitorino,ficou-me o gosto pelo artesanato da Geórgia do Kaucaso e de outras répúblicas da então União Soviética onde o Manelse deslocava por inerencia de profissão.Guardo a amizade do Contra Almirante António Alba Rosa Coutinho,um dos pilares da revolução.Escreveu algo para mim que guardo religiosamente.A última vez que o vi,foi há pouco tempo e foi bom rever aquele homem enorme de corpo e coração.Dali conheci o General Vasco Gonçalves,exactamente esse,Vasco o louco como lhe chamavam os saudosistas do fascismo.Foi várias vezes ao Alentejo,almoçava em casa dos meus paiscom quem partilhava uma grande amizade.Ferquentei a sua casa na AV:Estados Unidos da América e trocámos correspondencia até ao fim dos seus dias.Breve irei visitar a D. Alda sua esposa,a mulher que se esconde sempre atrás de um grande homem.Aí conheci o Capitão de Mar e Guerra Ramiro Pedroso Correia, esbanjava simpatia e amor ao próximo, faleceu há muitos anos em Moçambique num acidente com uma embarcação.Paz á sua alma.E conheci tantas e tantas pessoas maravilhosas algumas que não vejo há muito,algumas já partiram e ainda as que vejo com ferquencia.Tinham rebentado seis bombas em Évora,a cidade vivia dias de medo e angustia,Zé Carlos fez um poema que declamou com a força que emanava da sua vóz.Dias depois , na minha terra numa festa com os camponeses do Alentejo rimos a bom rir.Ele não havia decorado o poema e não levou o papel, quando o Saramago lhe disse que eu sabia o poema de cor, ele nem queria acreditar(ainda o sei)lá fui dizendo e ele escreveu o poema para o declamar. Amordaçada,durante 25 anos não voltei á festa do Avante,Há tres anos voltei com o meu meia laranja,voltamos depois e depois,espero que possamos lá voltar muitas vezes e podem crer que desde o professor Marcelo Rebelo de Sousa,Miguel Sousa Tavares e outras personalidades da nossa praça,são visita assídua da festa que deve ser o lugar onde se concentra mais gente de todo o mundo,com cultura e diversão para todos os gostos.Confesso que os discurso de encerramento perderam o encanto.Mas é um espaço que recomendo .Um abraço a todos, Ell

Maria disse...

Kim

No meio de tantas obras lindas de Ary, lembrei-me deste, que sempre me impressionou:

Ecce Homo

Desbaratamos deuses, procurando
Um que nos satisfaça ou justifique.
Desbaratamos esperança, imaginando
Uma causa maior que nos explique.

Pensando nos secamos e perdemos
Esta força selvagem e secreta,
Esta semente agreste que trazemos
E gera heróis e homens e poetas.

Pois Deuses somos nós. Deuses do fogo
Malhando-nos a carne, até que em brasa
Nossos sexos furiosos se confundam,

Nossos corpos pensantes se entrelacem
E sangue, raiva, desespero ou asa,
Os filhos que tivermos forem nossos.

José Carlos Ary dos Santos

Kim disse...

Agora já são poucas as criancinhas comidas ao pequeno almoço, mas houve tempos em que também os pais eram comidos, ao almoço, ao jantar e após as férias na Sibéria.
Parece que sim que o Saramago era amigo do Ary. Sou mesmo despistado. Ainda bem que "a mula" do Seve mo recordou.
Eu não gosto das pessoas por elas serem ou não comunistas. Se assim não fosse não gostava dalguns dos meus amigos que o são.
Não sendo eu de cor nenhuma, sinto muitas vezes que je vois la vie en vert.
A democracia tem destas coisas meus amigos. Uns dizem o que sentem e outros sentem o que dizem. Só que às vezes se dizem as mesmas coisas com palavras diferentes.
A não ser assim e eu não estaria aqui a admirar o Grande Ary.
Beijinhos de todas cores

Laura disse...

Então meu querido Kim, claro que gostamos dos nossos amigos de todas as cores e feitios, a maior parte dos meus, nem sei de que cor ou partido são, vejo a alma a alma simplesmente ah, como é bom vermo-nos retratados neles de coração como o nosso, porque o amor é UNO!...
Adoro-te rapaz do meu coração e como nos abraçamos há pouco, ai vaõ mil beijinhos ternurentos, a ti..laura

Je Vois La Vie en Vert disse...

Olá amigo Kim,

Fico sempre feliz por sentir que contagio um pouco as pessoas que passam então a ver
a vida em verde !
Não que seja para mim a cor dum certo clube desportivo (este é um detalhe mínimo...) mas antes a cor da esperança e da natureza como eu a vejo.
Só que a natureza está tão bem feita que tem todas as cores !

Também não julgo uma pessoa pela sua cor mas confesso que, às vezes, posso olhar para ela com um pé atrás - porque sou humana, isto é, erro - mas passado pouco tempo, os meus dois pés juntam-se para aceitar a pessoa tal como é !

Beijinhos em arco íris

Verdinha

Bichodeconta disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bichodeconta disse...

Só não gosto de escrever com erros, mas acontece por vezes. Desculpa, eu afinal sou mesmo uma iletrada. Beijinho e vou passando.

Andre Moa disse...

Amigo Kim ,
vim aqui de peito aberto, como sempre, à procura daquilo que o teu bom gosto e poder de observação te ditam para que nos surpreendas sempre favoravelmente. Mais uma vez encontro aqui na berlinda Saramago e Ary dos Santos.
Permite que aqui deixe um conselho e faça um apelo (não a ti,que não precisas do conselho nem se te aplica o apelo, mas aos detractores da arte por ódio ou raiva ou desamor aos artistas.
Leiam Saramago e critiquem-no com a objectividade e a veemência que a sua arte vos ditar.(Depois, eu cá estarei para a defender, com a objectividade com que costumo colocar em tudo o que sinto, penso, digo e escrevo, mesmo quando de mim falo ou escrevo). Façam o mesmo com o Ary dos Santos e com qualquer outro artista. Mas, por favor, livrem-se primeiro dos preconceitos, da intolerância, da demagogia barata (mas ele haverá demagogia cara?), dos fundamentalismos que vos obnubila o raciocínio e vos retira a lucidez necessária para se poder criticar. Leiam ao menos quem por direito próprio deu que falar devido à sua arte que é grande. Podem criticar os homens, podem criticar a arte dos homens, mas não ataquem os homens por causa da arte e muito menos pretendam pregar na cruz da ignomínia a arte por causa do seu autor, que detestamos por outros motivos que não os artísticos, que nos levam a não gostar dos homens que lhe deram forma. Saibamos separar as águas, pois que de minas com silvados à frente brotam águas cristalinhas e de categoria superior. Por amor à arte, saibamos compreender os homens.
E disse.
Abreijos para todos, mesmo para os detractores "profissionais", a quem amo redobradamente, porque mais precisam, mas a quem não poupo nem pouparei nunca, por amor à sua própria dignidade de seres humanos, por amor à verdade, à beleza, à arte.
Abreijos
André Moa

PS - Quem não estiver de acordo comigo pode e deve criticar-me abertamente, com dados, fundamentos, provas, exemplos, aqui, com a devida autorização do Kim, ou no meu blogue, onde qualquer pessoa pode despejar o coração e a bilis, consoante a necessidade, o sentir, o vómito, a ocasião. Tá?
Desculpa lá, amigo Kim,qualquer coisinha, por esta intromissão, fruto do vómito por mim sentido nesta ocasião.
André Moa

Laura disse...

Todos os Artistas são Artistas sendo a sua arte,admirada, elogiada, falada!...
Certo nem todos gostam e eu admito isso, imaginam o Vilaret sempre sem lotação para todos? se todos gostassem da mesma Arte? os cinemas? ah, tão bom a diversidade, há e chega para todos os gostos, e, quando somos seres humanos um pouquinho, ou pouco mesmo que seja, humanos, é bom que nos coloquemos no lugar de uns e outros, sabe bem ouvir criticas? se forem sensatas! A maioria não sabe julgar a Arte pela arte! Não se gosta e pronto! Certo, não se torna a ir ver! Não falta quem saiba apreciar sem denegrir uns e outros!

Haja AMOR, e compreensão, apenas isso.. e aqui vai um poema escrito para o nosso encontro de Domingo...

Ai o amor
tragam-no embrulhado em papel de celofane
ou simplesmente num folha de jornal
mas tragam-no não o deixem em casa
nem o esqueçam na estação.

tragam-no
dentro de cada um
assegurem-se
que chega para distribuir por todos
e façam-no a rodos sem distinção.

tragam-no
esvaziem os bolsos dele
e sintam-se tão leves
depois de o doar
e vão ver que sentem o coração a voar.

Tragam-no
com jeitinho e com boa intenção
se se partir um bocadinho
não tarda nada
cola-se todo no seu coração!

É tão bom amar, sentir a doçura dentro de nós, sem raivas,sem rancores, ah, que bom que sou capaz de amar, amar até ao infinito!... e críticos ou não, amo-vos pois ó minha gente!... Ora peguem na mão do vizinho, e Viva a ARTE!... sem ela eu, escritora de meia tigela, poetisa do mesmo calibre, nãos eria quem sou! Uma mulher feliz pelo prazer de escrever!...
Adoro-te ó Kim, meu amigo meu irmão, meu amor!...

Dad disse...

O Ary continua bem vivo entre nós! Os seus poemas cantaram e cantam a nossa ânsia de liberdade, ontem, hoje e sempre!
É alguém, para mim, completamente inesquecível.

Obrigada pelo artigo onde se lembra o Ary com solenidade e amor!

Beijinho grande,

Anónimo disse...

Seve disse...

Ora aí está André, livremo-nos de pré-conceitos.

Bichodeconta disse...

Kim nem tenho a preocupação de saber o clube, a religião ou as crenças politicas das pessoas de quem gosto, e quando sei e divergem das minhas(o que é natural) não altera em nada a minha amizade ou amor por elas. Eu gosto de pessoas de todos os quadrantes e pensamentos, ai está a riqueza da liberdade e da democracia. Concordas aposto.. Ontem por exemplo fui á catedral. e daí? Acho imponente, gosto sempre que lá vou.Je voi aussi le vie em vert,mais il á encore jous que je vio la vie en noir ou em rose. Abreijos. Gostei de conhececer.e pede a esse SEVE que não fale do que não conhece.Picou uma pulga na minha orelha.Não gostei, não achei graça. Abreijos Kim e a todos quantos sejam de boa vontade.

Anónimo disse...

KIM, tentei postar uma mensagem para a Lauriha teu blogue mas não foi possivel, portanto, transmita-o à sua grande amiga Laura.
Laurinha

a
A Doce Laura tantas vezes retratada em versos pelo "Mestre KIM", deves realmente ser merecedora do carinho de todos que te cercam, e mesmo de tão longe, quero juntar aos teus amigos para te desejar muita Paz e Amor, mas não só hoje, no dia de teu aniversário, mas sempre.

SPUK