5 de setembro de 2008

O Marquês do Mal


Esta controversa figura, apesar do seu legado, não é muito do meu agrado.
Rezam as crónicas que o severo primeiro-ministro em quem D. José I confiava cegamente, era um filho da “mãe” (coitada dela) para uns e um sagaz estadista para outros. De tudo o que tenho lido, parece-me que teria sido um misto de ambas as versões.
É que recentemente descobri mais uma diatribe deste enigmático personagem.
Para além da grande “sacanice” com que barbaramente dizimou os Távoras e o clero envolvente, também teve o desplante de forçar as mais interessantes donzelas da corte a casar com os seus filhos. Onde houvesse riqueza e poder, aí estaria uma nora em potencial.
Diz então a história que, tendo uma das ditas donzelas sido obrigada a casar com um dos seus filhos, esta não teria cedido à sua volúpia na noite de núpcias. Como assim continuou a ser nas noites que se seguiram, logo o filho convenceu o pai a anular o casamento. Para um homem tão poderoso como Sebastião José Carvalho e Melo, tal afronta foi fácil de resolver, já que não houvera consumação. Assim, o mesmo foi facilmente anulado.
Não se ficou por aqui a ira do Marquês que não gostando da atitude da ex-nora, ordena que esta seja encarcerada num convento, onde durante cinco anos não pôde ter qualquer visita, nem sequer permissão para sair da cela, donde só veio a ver a luz do dia após a queda de tão famosa figura.
D. Maria I, filha de D.José I, ficou tão abalada com a ferocidade do sanguinário Sebastião, que após a subida ao trono imediatamente aboliu a pena de morte.
Como os cavalos também se abatem, Sebastião viria a ver-se despojado de todo o seu poder sendo expulso da corte e proibida a sua presença a menos de vinte milhas de Lisboa.
Grandes homens, grandes déspotas!

12 comentários:

Anónimo disse...

O PIOR É QUE NOS DIAS DE HOJE, TEMOS OUTROS MARQUÊS.

E COM AS MALDADES ATUALIZADAS, INFORMATIZADAS, GOBALIZADAS.

SPUK

Anónimo disse...

D. Maria I não tem nada a ver com a abolição da pena de morte.

Em 1867, a pena capital deixou de constar na lei portuguesa, exceptuando-se os crimes militares (cuja abolição viria apenas a ser decretada em definitivo no ano de 1976).
Em 1867 estamos no reinado de D. Luis I (Início do Reinado: 11 de Novembro de 1861
Término do Reinado: 19 de Outubro de 1889)

O reinado de D. Maria I é mais cedo
(Início do Reinado: 24 de Março de 1777
Término do Reinado: 20 de Março de 1816)
(Conservadora até dizer chega)
Foi a primeira rainha em Portugal a exercer o poder efectivo. Seu primeiro acto como rainha, iniciando um período que ficou conhecido como a Viradeira, foi a demissão e exílio da corte do Marquês de Pombal, a quem nunca perdoara a forma brutal como tratou a família Távora durante o Processo dos Távoras. Rainha amante da paz, dedicada a obras sociais, concedeu asilo a numerosos aristocratas franceses fugidos ao Terror da Revolução Francesa (1789). Era no entanto dada a melancolia e fervor religioso e de natureza tão impressionável que quando ladrões entraram em uma igreja e espalharam hóstias pelo chão, decretou nove dias de luto, adiou os negócios púbicos e acompanhou a pé, com uma vela, a procissão de penitência que percorreu Lisboa.

Eu prefiro a Revolução Francesa e a obra do Marquês de Pombal.

"Ex-diplomata em Viena e Londres, Carvalho via na arcaica aristocracia portuguesa o grande empecilho para o desenvolvimento do país, que ele sonhava dinâmico, baseado na produção e no comércio. Assim, proibiu a reconstrução dos palácios e mansões danificados no terremoto de Lisboa, em 1755, forçando o traçado de uma cidade de planta rigorosamente geométrica, onde todos os prédios de uso particular deveriam ser do mesmo padrão e sem indicação exterior de título nobiliário, classe ou condição social. No local do antigo palácio real, mandou erguer as secretarias de Estado, cedendo, com evidente intenção simbólica, o andar térreo para estabelecimentos comerciais."

"Morto D. José I, em 1777, e destituído o Marquês de todos os seus cargos, diversas forças políticas submetidas por ele tentaram recuperar as suas antigas posições, mas o dano era grande demais. O Santo Ofício manteve suas prerrogativas, mas tinha pouco o que fazer. As últimas décadas do século lhe viram languidecer, sem um valor estratégico para a Coroa e atacado pelos mais diversos setores, influenciados pelas doutrinas iluministas e pelos movimentos revolucionários e independentistas. Quando, em 31 de março de 1821, as Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa decretaram a sua extinção, era já uma estrutura anacrônica e desprovida de sentido."

bv

Memória da Justiça Brasileira - Volume 2, do Lic. Carlos Alberto Carrillo.

Anónimo disse...

Realmente a primeira mulher que teve a coragem de desobedecer ao todo poderoso marquês, foi D.Juliana de Sousa Holstein, a quem ele chamou "Bichinho de conta".
Rocha Martins conta essa história, com todos os promenores no livro que tem o mesmo nome. É das mais bonitas histórias de amor que já li e, acaba bem. Foi uma mulher de armas, embora frágil de corpo. Com astúcia, escudada no grande amor que sentia, venceu o prepotente marquês. E, para variar, num país onde todos os amores célebres acabam mal, ela foi feliz.
Às vezes, um simples "bichinho de conta", consegue vencer um tirano.
Maria2

Kim disse...

Efectivamente a correcção aqui comentada corresponde à realidade do sucedido.
No entanto e após pesquisa efectuada nas CONSEQUÊNCIAS do Processo dos Távoras extraí o parágrafo que passo a citar:
A futura rainha Dona Maria I ficou tão afectada pelos eventos que aboliu a pena de morte (excepto em estado de guerra) tão cedo como pode, quando chegou ao trono. Portugal terá sido um dos primeiros países do mundo a fazê-lo.
De qualquer forma, ao Anónimo, agradeço a reposição da verdade.
No entanto em nada modifico a minha opinião sobre o Marquês, porque nem ao melhor estadista do mundo se podem perdoar os requintes de malvadez utilizados para atingir os fins. E foram muitos!

Kim disse...

OH Maria 2! A D. Juliana a que te referes é exactamente a donzela em cativeiro a que me refiro.
Mais tarde, quando voltou a casar (agora a sério) viria a ser mãe do famoso Duque de Palmela que viria a ter um influência bem preponderante na sociedade portuguesa.
Não conheço o livro a que te referes, mas como sou um pinga amor, cheira-me que gostaria de o ler.
Um beijinho à roda dos alcatruzes!

Anónimo disse...

O livro em questão, faz parte de uma pequena coleção chamada "Os grandes Amores de Portugal". Foi reeditada o ano passado pela Inapa.
Tem várias histórias, algumas conhecidas, outras menos.
Para românticos é interessante.
Maria2

Anónimo disse...

Eu vou mais pela observação da SPUK:
".. HOJE, TEMOS OUTROS MARQUÊSES COM MALDADES ACTUALIZADAS, INFORMATIZADAS, GLOBALIZADAS.."
Quanto à Revolução Francesa, ABOMINO as consequências das Invasões para o nosso património artístico - 1º os Franceses e depois os Ingleses que vieram "ajudar à festa".
OBicho

Anónimo disse...

menos chato que isto só o "beijo" do telemóvel :)

Anónimo disse...

A Pena de Morte em Portugal

Aqui fica uma breve cronologia.

1846: Última execução por crimes de delito comum.

Junho 1852: A pena de morte é abolida, para os crimes políticos. Reinava D. Maria II.

1863: Apresentada em debate parlamentar a seguinte proposta:
1 - É abolida a pena de morte;
2 - É extinto o hediondo ofício de carrasco;
3 - É riscada do Orçamento de Estado a verba de 49,200 réis para o executor.

Julho 1867: A pena de morte é abolida, para todos os tipos de crimes com excepção dos militares. Reinava D. Luís.

Março 1911: A pena de morte é abolida para todos os crimes.

1914: Durante a Primeira Guerra Mundial, a pena de morte é readmitida, podendo ser aplicada “em caso de guerra”. Tem lugar a última execução em Portugal.

Abril 1976: A pena de morte é definitivamente abolida, para todos os crimes.

Cristina disse...

Bisous et bonne semaine, querido.
Dur,dur, le retour en Belgique!
Bonne semaine.

Parisiense disse...

Tanta historia de Portugal já me baralhou toda....ahahhahahah
Mas é sempre interessante saber estes epísodios.

Mas não haja duvidas que não podemos agradar a gregos e troianos.......e há sempre os por e os contra.
Muita gente acha que um politico da n/geração foi um grande homem para o país e eu acho que ele foi um verdadeiro sacana.....e ninguem me fará mudar de opinião assim como a milhares de outras pessoas que foram sacaniadas por ele.....

Como eu disse tudo depende de que lado estás!!!!!

Gros bisous et bonne semaine

Anónimo disse...

:)