11 de abril de 2010

Alqueva - construiram-me, porra!

A Barragem vista do barco
Nunca a barragem tinha atingido a sua máxima cota

O Alqueva visto de Monsaraz

Quatro anos é o tempo que o vinho fica nestes barris

Zona de engarrafamento e rotulagem


O Alentejo é um espanto!
Escasseiam os espaços nus. A água jorra vida. O verde predomina.
Já foi tempo em que o Alentejo era quase e apenas, a exploração, a miséria e ... a estrada para o Algarve.
Esta descoberta de fim de semana, no desaguar do coração do Alqueva, deu-me a conhecer o novo Alentejo. O maior lago artificial da Europa fez renascer o Alentejo, quiçá Portugal.
Por tudo quanto é sítio o olhar perde-se, entrecortado por vinhas e olivais.
Numa visita à Herdade do Esporão, retive na memória alguns números que aqui relato.
A herdade abrange mil e oitocentos hectares, sendo que:
Centro e trinta hectares estão plantados com olival.
Quatrocentos e cinquenta, com vinhas.
São produzidos nove milhões de litros de vinho, anualmente.
As adegas, parecem abrigos nucleares.
A vindima é feita de duas formas diferentes; uma, mecânica, outra, manual.
A manual, toda a gente conhece, a outra é feita com uma máquina que, apenas numa manhã, apanha vinte toneladas de uva. Fantástico!

Um passeio de barco na barragem e uma visita à lindíssima Monsaraz, foram só o começo e o findar dum dia em que deixou de fazer sentido o canto do Zeca.
- Ó Alentejo queimado, ninguém se lembra de ti!

23 comentários:

Laura disse...

Olaré! O Alentejo que conheço, pela costa Vicentina em passeio, pelos seus montes que adoro em Évoramonte, Azaruja, no monte dos meus paizinhos adoptivos, Igrejas antigas no meio de campos que percorremos de jeep, e o que me chateava é que só conseguia sair de casa de óculos de sol...senão!... Gostei muito, o manel queria comprar casa (um monte que estava á venda com uma casa maravilhosa) lá, eu não quis, eram 5 h de carro que canseira e nunca gostei de ter mais que uma casa, onde vivo, senão mais tinha para limpar! Uma ova...

As pipas de vinho parecem mesmo coisas do espaço...
Passeaste á grande e provaste a pinguinha? era boa? ora diz lá!
Beijinho e um xi apertadinhoooooo a ti..laura

Osvaldo disse...

Kim;

Ainda não tivemos a oportunidade de ver essa maravilha da tecnologia e vontade dos homens que é o Alqueva.
Certamente será um colírio para os olhos essa nova paisagem alentejana e que espero sejam os alentejanos a retirarem os dividendos da mesma por tudo o que sofreram para lá chegarem, ou seja, para verem que afinal a água não falta pera regarem seus campos e pradarias. E quando digo; "...Espero que sejam os alentejanos..." é porque é sabido que os grandes olivais são propriedade dos espanhóis. Por isso, espero que a modernidade não tenha mudado as fronteiras como fizeram em Olivença e o resto do Alentejo passe para Madrid.

Um abraço, amigo Kim, extensivo a L&L.
da Ana e Osvaldo

Laura disse...

Osvaldo, os Alentejanos nada mais lhes restava senão vender aos Espanhóis... estavam pobres, sedentos, desgraçados e..claro que quem tem posses podia comprar e os antigos donos passaram a trabalhadores...É sempre assim, mas o Alentejo é seco demais, magoa-me ver a terra rachada com sede, ah, como me doía, só queria água água para eles e para a terra, enfim, é a vida...
Aqui sempre tivemos falta de cabeças pensantes para melhorar a vida das populações menos abastadas...
Aquele abraço (muito me ri com o Romeu Parolas, és um Ás no que toca a ideias e nomes..) e mais um xi, da laura

Parisiense disse...

Eu adoro o alentejo, sobretudo o seu vinho e as suas açordas....

E era para ir para o alentejo de ferias finais de Maio, principios de Junho......mas optei por Paris.....preciso de respirar Paris.

Beijokitas e bons passeios

Anónimo disse...

Pobreza no Alentejo

Um estudo do Banco de Portugal sobre a pobreza no país no período 2005/2006, conclui que das regiões continentais, o Alentejo tem a maior percentagem de pobres, nada menos que 26% da população.

(de 2006 até agora não houve melhoras, basta lembrar as fábricas que fecharam em Évora e Portalegre)

deixou de fazer sentido o canto do Zeca.???


O Alentejo é verde
O Ribatejo é verde
O Minho é verde
Verdes são os campos de cor de limão........

O Banco Alimentar Contra a Fome, refere que quase um milhão de pessoas passa fome diariamente
Portugal é um rio de pobres
Portugal é um paraíso para corruptos e vampiros

Os vampiros continuam activos

O CANTO DO ZECA FAZ SENTIDO E É URGENTE!

Que os pobres acordem da sonolência verde e se revoltem

Desculpa amigo Kim não partilhar do teu entusiasmo.
O meu Alentejo é muito lindo, mas os alentejanos continuam muito pobres

XL

Anónimo disse...

Seve disse...

E mais espantosos são os Alentejanos!

Mas ó Laura o Alentejo não é (na sua essência) a costa vicentina, isso são modismos.... o Alentejo é a luta secular do seu povo, contra aqueles de que o Osvaldo fala só que não eram espanhóis, pelo menos diziam-se (e dizem-se) portugueses e patriotas ....
Seve

Zé do Cão disse...

Eu8 sou ao contrário da Parisiense, gosto do Alentejo, das suas açordas e do vinho.
Isto é que está aqui uma açorda.

E porque não um almoço no Esporão?
Vá Kim, organiza lá isso. Vamos todos à reforma agrária...
abraço

Kim disse...

Apesar de saber que todo este incremento que o Alqueva veio trazer, os grandes beneficiados foram os espanhóis pois quase todos queles campos estão nas suas mãos, o que é pena.
Assim, o povo, que já pobre era, pobre vai continuar.
Ó Zé do Cão, estás a sugerir um almoço na Herdade do Esporão? Então espera pelo próximo post.
Abraço

Laura disse...

Olá Seve. Sei isso, a maioria dos que compram casas por lá é para passar férias e afins! A Costa percorria-a no tempo em que os putos ainda iam connosco...o Alentejo em si, foi-me desvendado por gente de alma limpa e mãos limpas também! Já tarde, muito tarde entendi e senti o sofrer daquele povo, porque vivi desde menina lá fora em África! Quando voltei e vi o que era aquele viver e como o homem pode fazer isso ao homem (e ás mulheres também!) É incrivel ó Seve, incrível sim, saber que a nossa gente faz mal á nossa gente também! Já adulta ouvi falçar na Catarina Eufémia e muitas outras lutadoras, mas...

Também foi através de leitura que reparei que os Espanhóis andavam a comprar as velhas quintas que eles já não conseguiam manter e assim!...agora sõ dos galegos, mas quando não havia água ninguém as queria! Tardamos a chegar a tempo a todo o lado!...
Aquele abraço apertadinho. Um dia quando aí for vou pedir ao Kim que nos junte nalgum lado, só para falar e ao XL também, quem sabe, teremos sorte...
Laura

Green Knight disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Green Knight disse...

Falar do Alentejo ou do povo alentejano merece-me muito mais respeito, do que aqui poderia descrever num simples comentário.
Por isso vou à boleia do Zé do Cão para a dita Herdade do Esporão que também conheço.
O melhor do Alentejo foi aqui descrito.
Até para as estatísticas tem sido bom.
Quantos alentejanos vivem no Alentejo?
Qual a sua faixa etária?
Sem ser nas cidades, do que e como vivem os alentejanos?
Um abraço do jrom

Maria disse...

Concordo, Kim. O Alentejo é, realmente, um espanto. É lindo e poderá ser rico, assim o queiram. É preciso trabalhar muito para isso, coisa que nem todos percebem.
Belas fotos.
Beijinho
Maria

RS disse...

Passei a minha infância, a minha adolescência e parte da minha vida de adulto a ouvir reivindicar a barragem do Alqueva, como condição para o desenvolvimento económico do Baixo Alentejo.
A barragem foi construída e só ouço falar em campos de golfe e terrenos adquiridos por espanhóis, árabes, japoneses e chineses e não estou a ver o tão propalado desenvolvimento económico.
Estou mal informado?
Ou estou no país errado?

Andre Moa disse...

Ó Alentejo regado,
estás a ficar tão verde,
que já pertence ao passado
a tua habitual sede.

Caro Kim,
parece incrível, mas não conheço a barragem do Alqueva, salvo através de vídeos e fotos lindas como esta. Fui várias vezes a Monsaraz e cheguei a ir ver o sítio onde hoje se ergue a barragem, mas tudo antes das obras. Obrigado pelo avivar do sonho que espero um dia concretizar.
Abraço
André Moa

susana disse...

Que maravilha e que lindo passeio!
Pelas fotos ve-se que a barragem é muito bonita!
beijinhos

Je Vois La Vie en Vert disse...

Pouco conheço o Alentejo e é um sítio que fica para visitar !

Logo, não vou conseguir deixar de ter um pensamento de amizade e de pena na altura em que o Benfica sofrer um golo do meu Sporting... ;))

Meu querido amigo Kim, sou mesmo uma "diabinha", não sou ?
Já me conheces bem e sabes que estou a brincar porque o meu desejo é que o melhor ganhe e se for o Sporting, muito bem, os meus ficam felizes, se for o Benfica, sei que tu e o teu filho estarão felizes e eu assim...também ! Ganho sempre !

Beijinhos amigos para ti e para quem estará a ver o futebol contigo.

Verdinha

Anónimo disse...

“poderá ser rico, assim o queiram. É preciso trabalhar muito para isso, coisa que nem todos percebem.”

Desculpe Maria, mas será mesmo assim?

Todos sabemos que o valor do Produto Interno Bruto representa o valor da riqueza que é criada em cada ano num país. Essa riqueza é repartida pelos diversos intervenientes no processo produtivo.
.
É repartida?

Eugénio Rosa, reputado economista ligado à CGTP, num estudo sobre a matéria, escreveu:
«(…) dados publicados pelo Banco de Portugal, em 1973, portanto no ano anterior à Revolução de Abril, [indicavam que] a parte do rendimento nacional que os trabalhadores portugueses recebiam sob a forma de "Ordenados e Salários " representava apenas 47,4% do Produto Interno Bruto. Em 1974, com a Revolução de Abril, essa parte subiu para 52,5%, tendo atingido em 1975 o maior valor de sempre, que foi 59% do PIB.

A partir deste ano, a parte que cabe aos trabalhadores começou a decrescer atingindo em 1995 apenas 35% do PIB segundo dados do Banco de Portugal, e, no ano 2002, menos de 37% segundo uma estimativa feita com base em dados do Banco de Portugal, portanto um valor bastante inferior ao que se verificava mesmo antes do 25 de Abril.

Por outro lado, o chamado "Excedente Bruto de Exploração", ou seja, os lucros brutos têm aumentado.
Em 1975, representava apenas 24,3% do Produto Interno Bruto, enquanto em 1995 já atingia os 39,8%, ou seja, um valor superior ao verificado mesmo antes de 25 de Abril – em 1973 representava 37,1% - como provam os dados publicados pelo Banco de Portugal.»

Em jeito de conclusão: riqueza em Portugal até há, porem está cada vez mais mal distribuída.

Números terríveis: 26% dos alentejanos vive em situação de pobreza . A média nacional é de 20%. Em 50 anos, a população caiu 1/3 (802 mil para 535 mil). Os idosos são 40% da população (214 mil). Some-se a isso que o Alentejo se converte, cada dia, em vilegiatura ou coutada de não alentejanos (muitos dos quais estrangeiros). Uma futura reserva com meia dúzia de originários para decorar?

Kim,o Alentejo que te mostraram é o do Roquete, o Alentejo dos alentejanos é outro.

XL

Laura disse...

Bom diaaaa!
Pois é XL, não é só a riqueza que está mal distribuída...
se falarmos em tudo o que práqui vai mal distribuído!...desde terras, a quem as tem apenas para enfeite e não são utilizadas...mas que podiam ser usadas para hortas por quem quisesse tratar delas e colher os produtos... casas que muitos nem usam nem precisam pois têm muitas, mas não se importam de ver outros ao frio, á chuva... Havia tanto a enúmerar, mas, nem vale a pena!
Pena que quando já houver de tudo e para todos, já seja tarde!
Beijinho da laura

Zé do Cão disse...

XL

É verdade que o Alentejo do Roquete é do melhor e dos outros....
Todavia o Roquete é portugues que investiu lá, porque os outros ...

Talvez os outros sejam espanhois, holandeses e outros maltezes.

Um abraço

Zé do Cão disse...

Kim.
Para ir até Portel, à Vidigueira, ao Redondo, a Monsarraz, já tenho o carro pronto com deposito cheio.
É só marcares, sempre pronto a marchar.
um abraço

Laura disse...

Precisam de uma laurinha? Zé, espera por mimmmmmmmmmmmmm, ó zé do canito, eu quero irrrrrrrrrrrr conhecer esses lados e na vossa companhia, mas que bom... prometo não pesar, até deve dar para balançar o carro, falo no equilibrio ehhhhhh..precisam de uma laurinha? faço companhia á Dupla L&L...Beijinho aos dois, laura

mariabesuga disse...

"Ó Alentejo queimado, ninguém se lembra de ti!"


Lembra lembra Kim...
Eu nasci exactamente no lugar onde era suposto, o Alentejo, e de lá nunca deveria ter saído...

Mas o Alentejo, como outros lugares, fizeram-nos a despedida por falta de condições para lá cumprirmos os sonhos... Sonhos que acabamos não cumprindo em lugar nenhum por nos faltar precisamente o espaço de que somos feitos...

Para lá desse Alentejo que mostras há outro pouco dado a farturas mas sempre de beleza cheio... a beleza de que se faz a grandeza dos homens que lá continuaram a carregar os sonhos que levarão junto com a coragem quando os dias se lhe acabarem...

Bjbj
maribel

Anónimo disse...

mas medes o Alentejo pela quinta do Esporão?