
29 de abril de 2011
Granizo no meu reino!

27 de abril de 2011
Parabéns pai!

25 de abril de 2011
25 de Abril - o meu!
21 de abril de 2011
AMOR
Sem interrogações! Sem rigor! Escrito apenas com o coração! Talvez um Requiem ao seu avô, meu pai, já quase ausente, no resto dos dias da sua vida.
Entrou de mansinho. Alguém perguntou:
- Por onde andaste
Sei lá, por aí, respondeu mudo. Percorreu o corredor escuro até ao fundo arrastando os pés. O cheiro dos Jarros era intenso. Sujo e empoeirado chegou-se à cama e descalçou as botas que foi poisar junto à janela. Abriu uma fresta e abeirou-se para logo sentir o ar encher-lhe os pulmões. Respirou fundo.
- Feche a janela e venha deitar-se
Ouviu e calou. Anuiu, voltou. Os fazedores-de-camas ditavam as ordens por ali. Sentou-se, desta vez na cadeira. Cruzou a perna e descalçou a meia. Descruzou e cruzou a outra para fazer o mesmo. Lembrava-se pouco do último dia. Doíam-lhe os pés mas não se queixou. Doíam-lhe as costas e os braços e as pernas e as mãos e a alma. Doíam-lhe as unhas e os cabelos e as pestanas e o umbigo. Não estava farto mas estava pronto. E depois. Deitou-se vestido.
- Saia daí, não ouviu o que lhe disse
Os fazedores-de-camas vestidos de branco uivavam na noite invernosa. Lembrava-se da terra. Da neve, do frio, do dia em que foi buscar o pai ao quarto da cama morna que ficava por cima da tasca. Melhor, do dia em que o foi buscar ao prostíbulo.
- Vai lá buscar o teu pai, Joaquim
(contou-me ele um dia ao almoço)
Não tinha ainda nove anos, quando a vereda acabou e a tasca dos contrabandistas se assomou à sua frente, o pecado morava ali. Sabia lá ele o que era o pecado.
- Que estás aqui a fazer Joaquim, víspa-te, já cavaste a horta
Abalou a correr. As lágrimas corriam-lhe rosto abaixo, os joelhos tremiam e os pés nem tocavam o chão enquanto adejava carreiro acima perseguido pela imagem do pai e da mulher nua no leito quente. Seria aquilo o pecado.
(também ao almoço, as lágrimas)
- Já chega avô, um dia contas-me o resto
A cama branca voava pelo quarto, o tecto, as paredes, o chão, a luz. Outra vez se levantou. A cabeça zaruca. Quem é isto. Estranha sensação de cá estar sem estar cá.
- Ó homem, onde vai
Quis falar, pareceu-lhe, mas estavam uns gajos de sentinela à porta do cérebro que não o deixavam passar.
- Ficas aí.
Ordenaram-lhe.
Obedeceu. Mudo ficou. A alcateia dos fazedores-de-camas brancas, de branco vestidos e uns tipos esquisitos que gesticulavam à sua frente e faziam barulho davam vontade de rir. Quem é isto. Riu-se e os tipos à sua frente gostaram e riram-se também. Pareciam parvos e queria ir-se a eles com ganas mas os gajos à porta do cérebro eram mais fortes e ele há muito que perdera a verdura. Nada a fazer. Ficou-se. Deixou-se escorregar cadeira abaixo.
(ainda não tinha dito que voltara a sentar-se na cadeira)
Sentiu algo no seu colo. Um par de olhos com um corpo tenro atrás que nele se aninhava e o fitava com curiosidade. – Quem é isto. Sorriu, pois bem lhe pareceu e poisou a mão na perna tenra do corpo estranho. Os outros entretanto – os que pareciam parvos, mexiam as bocas freneticamente e ajeitavam-lhe o cabelo grisalho e os óculos que teimavam em escorregar nariz abaixo. Um deles entretinha-se a atafulhar-lhe a boca com uma vianda esquisita que trazia numa gamela rançosa.
- Coma meu pai, coma
Dava duas voltas àquilo e engolia com rapidez.
- Deixem-me estar
Murmurou, aproveitando o momento do render da guarda das sentinelas à porta do cérebro – “ Santo-e-senha”.
Tentou levantar-se, em vão.
- Esteja quieto que ainda não está na hora
Uivou um lobo fazedor-de-camas do outro lado do quarto. O que é que os lobos sabiam. O mesmo que os outros. Nada. Ganhavam à jorna e saíam cedo. Isto do tempo tem muito que se lhe diga. Esperou pacientemente que a visita acabasse. Que guardassem as marmitas da lavadura nas alcovas. Se ao menos uma sopita de beldroega.
Foram-se. Os que vieram e os que não.
Estava pronto. Ia finalmente sonhar. Arrastou-se até à cama.
- Onde vai homem
A loba ajeitou-lhe os lençóis.
Ele fechou os olhos e sorriu.
- Em que pensas avô
- Ai, no meu amor
(para o meu avô Joaquim)
18 de abril de 2011
Socialismo - Explicação reacionária (?)

14 de abril de 2011
FMI - Desta água não beberei?

11 de abril de 2011
Retábulo - Adeus mundo cruel!
8 de abril de 2011
Às vezes - um abraço
6 de abril de 2011
Planeamento estratégico

3 de abril de 2011
Paixão automóvel
É assim, morrer de amor, com os cabelos ao vento!
