8 de março de 2011

O baile - Damas ao bufete!

Eram assim os bailes da minha juventude. A malta nova aglomerava-se no salão, com máscara ou sem e nem sei como é que os parcos escudos do pessoal davam para tantos bailaricos. É que a mesada era sempre igual e os nossos pais não tinham culpa que tantos dos ditos houvesse. A vida era díficil e todos pagavam a crise, contráriamente ao que agora se passa.
Mas aqui, nesta sociedade Filarmónica onde um grupo dos que por aqui se passeiam, incluindo eu, liderados pelo Júlio César, fazíamos desta casa o nosso lar. E depois havia ainda a particularidade do aposto bairrismo, coisa que fazia as delícias de mentes libertinas pois as pretensas donzelas presentes estavam a salvo dos gabirús, protegidas nas costas pelas controladoras mãezinhas. Delícioso hoje, irritante na época.
Palmas para Marcelo, o Otis Redding da época que "guturava" em inglês.
Olhando para este panfleto verifico que já ali se destacava o meu amigo XL, aqui residente comentador político, aliás, blogueiro, cujo nome artístico era Francisco Luís. E já não falo da Belinha Alves (hoje cantora ANA), tudo muito bem locutado pelo Júlio César.
Para além de tudo isto, havia ainda tempo para o multifectado e saudoso amigo Júlio Amaro, nos presentear com uns truques de Houdini e nos transportar ao mundo da ilusão.
E termina assim, com letras pequeninas, o desbotado panfleto;

A todas as damas será ofertada uma senha grátis com sorteio dum Ferro Eléctrico
A todos os cavalheiros será ofertada uma senha grátis com sorteio dum Rádio Transistor

Delicioso! Como eram simples os nossos anseios!

Quanto aos Reis dos Ritmos aqui a coroar, claro que nem me candidatei a tal, pois não distinguia um humilde abanão de cintura dum erudito pas de deux.

Intervalo para Carnaval - damas ao bufete, (que são os homens a pagar)!

22 comentários:

Green Knight disse...

Eram as grandes festas da juventude
Onde o empenho de fazer e organizar era feito a troco de nada,ou seja pelo simples prazer social.
Aqui Portugal demonstrou talento.
Tenho pena de ter faltado a este compromisso.Sim era um compromisso!
Nesta data estava em África,com outro compromisso.
Boas recordações
jrom

Zé do Cão disse...

É pá, era mesmo assim.
E eu num baile de carnaval, quando houve damas ao buffet, meti um burro mascarado no meio da sala. O Burro para subir ao 1º andar, não custou nada. O pior foi quando todos o empurravam para o por na rua, o gajo via os degruas e não queria sair. Até que um ranhoso, queimou o cu do borro com ponta de cigarro. Então aí é que foi de gritos, o asno começou aos coices e acabou o baile de carnaval nessa noite.
A Direcção da Colectividade castigou-e com um ano de suspensão
pagando as cotas e não me deixando entrar nas suas instalações.
Coisas para esquecer...

abraço

Anónimo disse...

A crise era paga por todos?

Passei aqui, não sei bem como, e gostei do que li.
Fiquei emocionada pela ternura com que fala ao seu filho.

Não sou bloguista mas vou passar mais vezes.

Eu bem desconfio que os signos mentem muito... ´Comi ao almoço umas favinhas otimas e sou "toura".

cumprimentos

Joana

Maria Soledade disse...

Que giro Kim!! Eu nunca participei nesse tipo de bailaricos porque a minha Mãe mantinha rédea curta e saír até às 3 da manhã, nem pensar!!

Consigo imaginar-vos...O Júlio César devia ser jeitoso devia...As festas de carnaval eram sempre na nossa casa(muitas vezes coincidiam com os meus anos), saidinhas não havia para ninguém!!

***Olha kim, então as miúdas só tinham direito a um FERRO ELÉCTRICO?!!FOGO,que machistas voçês me saíram!!!...

****Achei imensa piada ao "convite" datado de 1968!!Bela recordação!!

Beijinhos/Quem teria sido o ranhoso que queimou o cú do burro?!!!Huuummm, cheira-me a Zé do Cão....só pode...

Laura disse...

Para vós era assim, para nós na altura em Luanda, havia casas Portuguesas, os pais não iam e eu ia bem entregue... que maravilha e era cada tampa só pelo prazer de tampar tachos...

E havia sempre sorteios, mas não me lembro de ferros eléctricos.

Estou a imaginar-te a dançar com as meninas ... daquele tempo, se és um lindo rapaz agora, imagina antes aos vintes...
Tempos lindos para recordar e guardar no coração.

Onde arranjaste o panfleto? ele há cada um...não guardo nada disso desses tempos!

beijinho

a dolce.

Je Vois La Vie en Vert disse...

Outros tempos, outros hábitos !

É engraçado, para mim, descobrir os vossos tempos de juventude.
As minhas saídas eram festas organizadas pelos liceus ou nas garagens dos amigos. Nem sei se havia outros mas como vivia numa zona residencial, era só o que eu conhecia. Chegava-me perfeitamente porque não gostava muito de ir a Bruxelas. Ia muitas vezes acompanhada pelo meu irmão com quem adorava dançar o rock & roll.
Onde foste encontrar este bilhete de entrada ?

Beijinhos
Verdinha

Kim disse...

Outros tempos, outros compromissos!
Coitado do burro!
As favas estavam óptimas? Sardinhas
Ferro Eléctrico? Bem bom.
Panfleto? Na minha Caixa de Pandora
Rock and Roll? Também não!

Osvaldo disse...

Kim;

Bela crónica de tempos em que a palavra saudade tem o seu justo valor.
E a vida só tem valor enquanto temos saudades...

Grande abraço.
Osvaldo

Anónimo disse...

Engraçada maneira de responder a todos...
Joana

Janita disse...

Olá Kim.

Dizes bem, caixinha de Pandora!
Visitar-te é ter uma agradável surpresa garantida.

Qum me dera ter guardado esses bilhetes de entrada nas Associações Recreativas, onde os bailaricos eram ponto de encontro da juventude da época. Aliás, se bem me lembro, só os moços é que pagavam entrada, não era???
Eu não gostava muito era dessa coisa das damas ao bufete!
Ficava cheia de vergonha...
Ai...o "Clube Familiar" e a "Verbena" em Moscavide...belos tempos!
Beijos Kim.

Janita

SEVE disse...

E convém alertar - jrom era aqui o dançarino quase perfeito!

armalu,blogspot.com disse...

Que bom relembrar, as festas dessa época, embora filha única, e de um pai com medo que o vento lhe levasse a boa prenda, Não me deixa-se ir a quase lado nenhum, Valia-me o meu irmão , mais velho casado, e lá me levava mais para os santos populares que para mim era uma festa.Carnaval era visto da janela, não fosse o diabo tece-las.
Mas que bom foi recordar, os tempos da minha meninice. Tempo em que tudo era uma festa. Tudo sem tostão, mas era-mos felizes, todos ria-mos a troco de nada. Depois as minhas memorias me levam até Angola. E as de rapariguinha já são de Angola.

Anónimo disse...

……………. Sobrevoando uma floresta virgem podemos observar um guerra aérea contra insectos daninhos que empestaram esta floresta…………iiiiiioooooooonnnnnrrrrberuuuuummmmmmmmrrrr………….
Foi bom, gostei, mas gosto mais dos tempos de hoje.
XL

Teté disse...

Achei muita piada ao texto, que nos dá um cheirinho de uma época passada que não volta mais...

Os desejos eram simples, concordo, mas aposto que nenhuma mulher ansiava tanto assim por um ferro eléctrico, os homens é que gostavam de lhes oferecer esses "prémios"! :)))

Beijocas, Kim, e obrigada!

Parisiense disse...

Belos tempos esses em que as damas eram recebidas como rainhas...e elas sabiam que o eram...

Beijinhos

Maria disse...

Fizeste-me lembrar os velhos bailes de garagem. Com um velho gira-dicos roufenho, o Pat Boone, os Platers, o Elvis, o Paul Anka, uns tangos dançados à maneira e o velho e pouco alcoólico "Cup".
Isto já era no Porto. Em Tomar divertia-me, a ouvir a banda no coreto e, o rapaz chegar-se à piquena, dar um delicado toque no sapato dela e, dizer: "a menina dança, ou já tem gajo?" E lá iam jardim fora ao som da Raspa, de marchas, tangos e valsas. Cha-cha-cha? Ainda não tinha nascido.
Vai longe....
Beijinhos
Maria

Maria disse...

Ai o ex-sheriff, actual "Peixoito das pedrinhas" também andava lá a patir corações?
Ó Júlio, estou fula contigo. Mesmo não tendo muita simpatia pela senhora, não era caso para andares a drogá-la. Fazes bem o papel mas, prefiro o Sherif bonzinho, marcado pela vida, a este emproado que me faz lembrar demasiados conhecidos.
Mesmo assim, parabéns pelo papel.
beijo
Maria

RS disse...

Nessa data eu ainda era novo para ir aos bailes, mas lembro-me a partir dos bailes: Nem Pop, Nem Hippye.

SEVE disse...

Deixa-me rectificar ó amigo RS: NEM HIPPY NEM POP, não era Kim?

Anónimo disse...

Tu desenterras cada coisa!
Faz um museu pá. :)
Se aquela Filarmónica fizesse qualquer coisa de engraçado, até era giro ter estas coisas lá, num cantinho da memória.
Mas não :(
Abraços e pasteis de nata :)
jc/.

RS disse...

Seve. Foi uma 2ª vaga de bailes mas com o nome trocado.

Manuel Afonso disse...

Enquadro-me em tudo quanto foi descrito. Sem ser saudosista, é sempre bom alguem nos lembrar destes tempos.

Obrigado Ribeiro.