1 de agosto de 2008

China - O despertar do gigante


Mil e trezentos milhões de habitantes é um número com muitos zeros. Tantos quanto eu gostaria de ver na minha conta bancária, mas isso é um sonho burguês.
Este post seria apresentado doutra maneira se eu não me quisesse dirigir em especial a alguém que está (e muito bem) preocupado com a exploração do homem pelo homem - o meu amigo Seve.
Pois bem, estas formigas chinocas são afinal o sumo duma sociedade cheia de parcimónias, num laborar de sol a sol presenteado com meia dúzia de chávenas de arroz.
Não costumo olhar para estas coisas com olhar de déspota reaccionário pois se há coisas que me incomodam no mundo, uma delas é exactamente a desigualdade entre dois seres. Pois bem, vem isto a propósito dum artigo sobre os Jogos Olímpicos de 2008 a iniciar dentro de dias na República Popular da China, que li na revista do expresso de 26 de Julho passado. Dela realço apenas alguns parágrafos que passo a transcrever.
A China tornou-se na sociedade mais dinâmica do mundo.
O que leva duzentos anos a urbanizar na Europa, leva vinte anos na China.
Nada tão rápido foi feito noutro país. Só uma ditadura com os recursos humanos e industriais da China conseguiria isto.
Nas livrarias ainda há quem folhei Mao, mas o que se vende são mapas turísticos.
A maioria trabalha mais de dez horas por dia, sem contrato nem seguro de saúde.
Os salários são pagos com atraso e as horas extraordinárias nem são pagas.
Alguns do trabalhadores não chegam a ganhar dois euros por dia, muito abaixo do salário mínimo nacional (setenta e três euros)
Em toda a China o número de trabalhadores migrantes é de duzentos milhões.
Cinquenta e cinco por cento dos trabalhadores não tem mais de dois dias de folga por mês.
A nova prioridade do Partido comunista adoptada em 2006 é a construção duma sociedade harmoniosa.
Pensávamos que o socialismo resolveria as contradições básicas do capitalismo, mas não só as eliminou como também gerou outras. Entre o partido e o povo, há contradições e as diferenças sociais agudizaram-se.
E … Pequim é a terceira cidade da China com melhor nível de vida.
Talvez seja esta a mesma escravatura que ergueu as babilónicas torres do Dubai, e que não agradaram ao Seve.
Explorados de todo o mundo – não se iludam com os falsos profetas do socialismo ou capitalismo, pois a diferença não é nenhuma. É que, Pequim é hoje uma estufa de cogumelos burgueses absorvendo os pecados do ocidente, deixando para trás a lembrança duma ex-aldeia recheada de pagodes.
Ou Mao falhou ou a verdadeira revolução está em marcha.

Calculo o tamanho da fila para comprar um gelado.

6 comentários:

Anónimo disse...

Pelo que leio, pelo que oiço o regime actual Chinês é um regime de exploração medieval!

E a tal facto, já aqui fiz referência na crónica em que tu teces lóias e comentários de admiração ao grande Dubai!

Mas esse (China) ninguém ataca....vê lá se os Americanos, Ingleses, Franceses, etc... dizem alguma coisa, fazem algum boicote, não têm tomates, têm tomates é para boicotar o país de Fídel há mais de 40 anos, um país que só pelo que tem resistido, não merece que faças coro e o ataques por uma fila prós gelados! Ter gelados já será, certamente, um luxo para quem terá concerteza tantas necessidades e tanta força e energia gasta para ter outras coisas mais vitais para um Povo entalado e asfixiado há tantos anos,(uma vergonha)!

E o que aconteceu contigo compreende-se perfeitamente pois certamente o turismo será vital para Cuba.

E eu, que nunca fui a Cuba, nem deles tenho procuração para os defender, só me chateia é que, repito, faças coro para enviar farpas e atacar um regime que há mais de 40 anos é vergonhosamente boicotado e torpedeado mas que tem sabido resistir e que é de uma heroicidade muito grande. Claro que há descontentes, inevitavelmente haverá sempre, mas não será politicamente incorrecto haver unanimidade?

Quanto à exploração do homem pelo homem, essa é uma frase gasta e que nem parece fazer sentido neste séc. XXI, o século da globalização, só que é feitio meu estar sempre do lado dos mais fracos (ou, na minha boa fé, penso eu que estou).

Mas quanto à China, o que me parece é, repito, uma exploração absolutamente medieval, mas um regime com o qual os policias do Mundo parecem estar perfeitamente sintonizados!

Seve

Kim disse...

Seve
Estava à espera dum ataque mais cerrado, e até que talvez nem lesses isto. Tive azar, mas foste benevolente, ou não fosse essa uma qualidade daqueles que estão ao lado dos mais fracos.
Se fossemos casados éramos um poço de virtudes. Tu, defendendo os fracos e eu os oprimidos.
Ainda bem que o mundo não é governado por nós!
Muito bem amigo! Pátria ou Muerte!

Osvaldo disse...

Caro Kim;
Artigo polémico este sobre a "explosão" chinesa. Mas muito bem escrito e desenvolvido. Comprendo as duas partes, as do Kim e as do Seve... Afinal é muito dificil desenvolver conteudos em que as partes envolvidas (China e Cuba) são duas dictaduras das mais "betonadas" do mundo. Só que enquanto uma decidiu que poderia tirar dividendos($.$$$.$$$.00) da escravatura do povo, a outra continua no romantismo chegvarista..., sem escravisar mas sem beneficiar da situação.
Um abraço.

Anónimo disse...

FANTÁSTICO!
Milhões de seres humanos são explorados pelo capital em todo o mundo, China incluída, e Seve diz que isso da exploração do homem pelo homem, essa é uma frase gasta e que nem parece fazer sentido neste séc. XXI, o século da globalização
A minha alma está parva!
As grandes revoluções sociais estão a caminho.
O capitalismo não é o fim da história.

xl

Anónimo disse...

Só espero que alguem tenha o bom senso de devolver as medalhas. Por muito menos, Cassius Clay, atirou a dele ao rio.
Comparar Cuba à China é igual a comparar os gelados do Sr.João Rodrigues lá da Chança com o Santini de Cascais.
Já dei. Sejam felizes que eu estou de férias...
jc/.
(discuti tudo há muitos anos. organizem-se!)

Anónimo disse...

Quando pensarem em ir ao castelo de Almorol resolver essa contenda medieval digam qualquer coisa,se necessitarem eu escolho as armas.
Onde houverem dois homens existirá sempre ambição pelo poder.
Vou convidar as criancinhas da escola, para apreciarem o defensor dos mais fracos e o defensor dos oprimidos e que ganhe o melhor.
Não vale oferecer seja o que for aos árbitros.