17 de dezembro de 2020

O tinteiro do Prof. Francisco Gentil




Esta museológica peça, cujo nome desconheço, na realidade era o conjunto do tinteiro da caneta de aparo, com que o fantástico médico-cirurgião escrevia. Um tinteiro, afinal.

Fazia parte do espólio do fundador do IPO - Instituto Português de Oncologia. Prof. Francisco Soares Branco Gentil.

Ter-lhe-á sido oferecida em 1900, altura em que terminou o seu curso de medicina.

A mim, foi oferecida há cinquenta anos, pela sua neta, Helena Maria da Costa de Sousa Macedo Gentil Vaz da Silva, uma das primeiras e mais influentes jornalistas culturais portuguesas, acérrima opositora ao regime salazarista.

Mais tarde viria a ser madrinha de baptismo do meu filho mais velho.

Ou seja, a parte oval, era para colocar no descanso, a caneta de madeira com o aparo em metal.

À direita,  o tinteiro com a tinta onde ia molhando o aparo.

À esquerda, o reservatório dum pó que se polvilhava em cima do que se tinha acabado de escrever, pois a tinta demorava a secar.

Ao centro, a campainha para chamar  a enfermeira, ou a secretária.

A este grande médico, primeiro a combater esta terrível doença, com a criação do IPO, e primeiro a defender as regalias e direitos dos enfermeiros, a minha vénia a toda a classe que nos minimiza os queixumes, já que a vida nas suas mãos não está.

Deste tinteiro sairam sentenças e desenganos, mas também certezas de vidas que renasceram das cinzas.

Aqui ao lado, olho com carinho tão significativa relíquia, revendo a história das mãos por quem passou.

Obrigado, Helena Gentil Vaz da Silva! 

Os querubins aguardam que, juntos toquemos o sininho!

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