16 de outubro de 2011

André Moa - Adeus amigo!

O DESEJADO, partiu numa manhã de nevoeiro. Lisboa acordou vestida de bruma como se quisesse levá-lo abrigado no seu manto.

No seu último livro publicado - Mau tempo no anal - (Diário de um paciente) André Moa, já meio devorado pelo caranguejo maldito, escreveu isto:

Há quem deixe, como manifestação de última vontade, ordens e regras sobre o seu próprio féretro.
… Era o que faltava pretender impor as minhas ideias mesmo depois de morto.
Concedo a quem quiser fazer o frete de tratar do meu funeral, inteira liberdade de decisão. Tanto me faz ir de burro como de cavalo, vestido ou nu. Tanto me faz apodrecer numa valeta como num mausoléu. É-me indiferente, depois de morto tudo me é indiferente, ser enterrado ou cremado, que façam de mim uma múmia ou espalhem as minhas cinzas num roseiral ou numa estrumeira. Quero lá saber de missa presente ou padre ausente. Isso fica a cargo e a gosto de quem ficar com a incumbência de me remover.
É isso que desejo que de mim façam na hora de se desfazerem de mim. O que bem lhes apetecer. Quero lá saber, já estarei morto.
O que eu verdadeiramente desejava, era não morrer nunca.


Estaremos sempre contigo - GT

"dorme que ainda a noite é uma menina, deixa-a vir também adormecer"

Meu querido amigo!

Tu que ... "partiste tão cedo desta vida, descontente, repousa lá no céu (?) eternamente".
Não André, não vais morrer nunca. A tua imagem, os teus cantos, a tua prosa, a tua Tabuaço, ficarão sempre comigo. Lembrar-me-ei de ti quando o xisto me encontrar e as guitarras trinarem.
Foram curtos os dias que cruzaram as nossas vidas, mas foram tamanhas as emoções vividas, com a tua alegria de viver, despida de ufanismos, tal a extensa lista de dotes em ti desbravados.
Tiveste o condão de unificar um punhado de gleba que se ia perdendo nos etéreos caminhos da virtualidade sem talvez daí passar.
Por isso, pela resiliência que pautou a fase final da tua vida, pelo exemplo de coragem que a adversidade fez vingar em ti, guardarei da tua imagem o hedónico de cantos tantos, que a madrugada nunca mais cansava.
Meu querido André! Tu que não gostavas de lamechices e tão pouco te importava a morte, quererias um epitáfio despojado de palavras vãs, antes incisivas e veras - cheguei, vivi e parti. Nada mais!
Parte em paz, amigo!
Encontrar-nos-emos um dia! Lá longe, ao cair da tarde!
Abreijos (como tu dizias)

O corpo está na Igreja de Benfica e o funeral realiza-se amanhã às 13:30 h para o cemitério dos Olivais.

29 comentários:

Janita disse...

Amigo Kim,
conheci o André Moa através do teu blog. Quando li o título do teu post, ainda antes de te ler, antevi a triste notícia.

"A morte de alguém deixa-me mais só, porque eu faço parte da Humanidade. Por isso, nunca procures saber por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.

Descanse em paz, André Moa.

Um abraço Kim e um derradeiro abreijo para o Moa.
Janita

Je Vois la Vie en Vert disse...

Caro Kim,

Sobre o nosso amigo Moa, podia se acrescentar muito mas disseste o essencial, o que mora nos nossos corações, nós que tivemos a felicidade de o conhecer nos nossos encontro memoráveis do GT.

Adeus, amigo Moa, estarás sempre recordado com saudades e tenho a certeza que conseguirás fazer sentir a tua presença no meio de nós.
Foste um grande lutador, agora tens direito de descansar em paz.

Abreijos para o nosso amigo Moa e para todos que partilhem a dor de o ver partir deste mundo.

Verdinha

Zé do Cão disse...

Partiu um homem bom, tinha um coração de ouro e um trato bem forte e humanizado.
Amigo dos amigos.
Nunca esquecerei as suas palavras "Ah! Grande Zé", quando me despedi no encontro da Ericeira.

Faleceu hoje, já tenho saudades dele.

Amigo, até sempre...
Daqui para a sua família os sentidos pesâmes.

Anónimo disse...

Kimamigo

Não acrescento mais nada ao que deixei nos Alcatruzes quanto ao Homem que acaba de desaparecer, ainda que o que ele desejava era não morrer nunca. RIP. Estou convosco na vossa dor triste.

Mas, mandei-te um recado através da nossa Petite Marie. Só que, como muito bem sabes, adoro a frontalidade: por isso, também aqui te peço que, de quando em vez, te lembres que a Travessa e a Pulhitica estão lá, nos sítios de sempre.

Abç

Maria disse...

Kim, querido Kim
O nosso André está em Paz, mesmo não querendo a morte.
Nunca vou dizer-lhe Adeus. Não quero que a morte se sinta vencedora.
Será sempre: Até um dia destes, meu amigo Moa.
Até logo
Abreijos
Maria

Pascoalita disse...

"O que eu verdadeiramente desejava, era não morrer nunca."

E não morrerá nos nosso corações

Que repouse em Paz.

Green Knight disse...

Os meus sentidos pêsames à sua família e a todos/as amigos/as deste grande senhor.
Jrom

Parisiense disse...

Ás vezes ....a dor é muita.....mas a alegria de o ter conhecido, dos momentos vividos juntos, do seu sorriso, da sua alegria contagiante....e de o ter tido como amigo, supera esta dor.

Até sempre Moa, até um dia Zé Guilherme, nunca te esqueceremos Comandante.

Abreijos (como tu dizias)

Laura disse...

Longe lá longe, tão longe assim....

e a Laurindinha ou Laurentina, já nem lembro, lá no monte em Tabuaço, aquelas guitarradas por ele inventadas, o som que fazia com o nariz, a Isaltina,não te exaltes ó Isaltina... tão bom que filmaste e podemos vê-lo sempre que quisermos!
Da dança na rua pertinho da Fonte da Moa, vós a cantardes La Chansons des Vieux Amantes algo que temos gravado, e nunca mais esqueceremos. Ele aguentou até ao dia do encontro, aguentou aquelas horas junto de todos e claro que sentimos que seria a última vez!
Aguardávamos apenas o último abraço e, foi bom na sua última canção a ler o Poema da L&L e os poemas do livro dele!

Assim; seja feita a sua última vontade, e que lá para onde vai o esperem horas felizes!

Aquele apertadinho abraço meu querido Kim, rapaz do meu coração, nestas horas a dor será maior, mas, temos de engolir, é a vida!e que raio de vida quando se trata de ver um Amigo, partir!

laura

Anónimo disse...

Sentidas condolências à família.

Isabel

Maria disse...

Kim
Não consigo ir à Igreja de Benfica. O velório de minha mãe foi lá. Já tentei ir mas, sinto-me mal.
Amanhã, estarei nos Olivais.
Abreijos para todos. Perdoem mas, não consigo entrar nas casas mortuárias, sem que todos os meus mortos se juntem.
Ao cemitério vou.
Maria

Teté disse...

Querido Kim, lamento a perda do teu amigo, que conheci vagamente num almoço e que se mostrou o homem gentil e simpático a que aqui já te referiste várias vezes. E obviamente, também lamento a perda que a sua família sentirá neste momento. Mas, lá está, nunca esquecemos aqueles que amamos e tenho a certeza que o André viverá no coração de todos os que o amaram!

Beijinhos para ti!

Anónimo disse...

Olá Kim,
estava com esperança de te ver antes de regressar a Neuss. Recebi com muita tristeza a notícia do falecimento desse Grande Senhor que não tive o prazer de conhecer...
Um grande beijinho,
Eduarda. (eduarda-pires@t-online.de)

Branca disse...

Kim.

DEPOis de um fim de semana fora, soube há pouco mais de uma hora, quando abri o correio e ando por aqui ainda meia incrédula a ler-vos.
Lamento tanto e como já disse no blog do Osvaldo lembro do Moa muito o primeiro momento em que o conheci pessoalmente, no funeral do Salvador Vaz da Silva, lembro como me esperava à porta da Igreja e da sua simpatia e gentileza ao acompanhar-me até à estação, até ao comboio, até à carruagem, até ficar a dizer adeus..., nunca mais o esqueci. Lembro adquele nosso belo convívio na Parede e de todos os momentos mais e trocas que por aqui fomos fazendo.

Aos poucos vou perdendo algumas pessoas que conheci no blog do Salvador, mas outras também vão sendo uma esperança. O Moa foi um dos maiores guerreiros que conheci e um exemplo para todos nós.

Fiquei mais rica por me ter cruzado com ele.

Obrigada Kim por este momento e por tudo que nos proporcionaste.

Beijos

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Kim, não conheci seu amigo Moa, venho trazer-lhe um abraço. Sei o quanto dói, a perda de um grande amigo.
Um abraço,
da lúcia

Maria Soledade Alves disse...

Querido Môa:

Já te deixei muitos beijos mas...vou deixar-te outro(nunca são demais)aqui no espaçinho do Kim...

Volto a dizer-te que não vou perder-me em palavras...Quero agradecer-te teres sido meu Amigo.Quero agradeçer-te a enorme lição de vida que soubeste dar-nos...

Descansa em Paz meu Amigo e um grande MUAAAHHHHH para ti...

Sabes, vou voltar a ler-te...Huuuummm, estarás tu a dizer: Que homenagem tão fatela...Nã, meu querido Môa, é a melhor que posso e sei oferecer, porque, voltar a ler-te, não irá ser nada fácil...

Kim, para ti e todos voçês que fazem parte do Grupo GT e tiveram o privilégio de privarem com o Môa vai o meu enorme beijo...

Laura disse...

Kim; estarei de mãos dadas convosco na hora do adeus!
Em casa e só, sentindo a vossa dor junto da minha!

Enlaço-vos no meu abraço, nesse abraço que haja o que houver, nunca mais se romperá!

Beijinhos a todos, da laura

Osvaldo disse...

Kim;

Obrigado por escreveres o que eu gostaria de ter feito, mas já não sei porque as letras fogem e as frases voam,... quem sabe para longe, lá longe...

Grande abraço, Kim.
Abreijos, pessoal do GT.

Osvaldo

Osvaldo disse...

Até sempre, IRMÃO...



Zé, é verdade, nunca me habituei a te chamar de André Moa, embora gostasse do nome. Sempre foste o Zé, porque foi assim que me pediste para te chamar quando em Lisboa no Ministério do Trabalho já lá vão alguns anos, nos conhecemos.



Não esquecerei a caminhada que fizemos até ao Marquês e aos Registos Centrais onde eu tinha um encontro com a responsável dos Registos e na caminhada aproveitamos para recordações das familias e nos conhcermos melhor.



A partir daí foi uma subida constante até se atingir o expoente máximo que um ser humano pode sentir, que é a amizade pura, sincera, natural e nisto tu foste um verdadeiro professor porque por onde andaste e com quem conviveste sempre soubeste partilhar a tua disponibilidade de amizade, simpatia e solidadriedade.



Hoje os teus amigos estão mais pobres, porque perderam o seu COMANDANTE, mas bem mais ricos com tudo o que "armazenaram" de ensinamentos para a vida vindos de alguém que como tu sentiu o sabor amargo de ter comido por vezes do pão que o diabo amassou, mas sempre agradeceu o que de bom a vida nos deu,... o Amor da Familia, o Carinho dos Amigos e de partir com o sentimento de ter fechado uma Enciclopédia de Vida inscrita com letras d'ouradas como dourada é a terra que se sente honorada de te ter recebido. Hoje a tua Enciclopédia entra para sempre na Biblioteca Eterna, porque só os Grandes têm lugar em lá existirem e tu não foste apenas Grande, caro irmão,... tu foste ENORME como enorme foi tua amizade.



Sabes caro irmão Zé, Cristo nunca prometeu milagres, nunca prometeu nem vendeu ilusões, apenas prometeu o que hoje descobriste; A Vida Eterna. E aí terás o teu lugar tão merecido o descanso do guerreiro, o descanso dos justos, porque como Aristides, também tu foste um Justo da Humanidade.



Repousa em Paz, Zé, Repousa em Paz Moa, até sempre dr. José Guilherme Macedo Fernandes, até um dia, meu irmão.



Osvaldo

Laura disse...

Até sempre, até já, o que for.
Valeu que o Osvaldo começou por comentar aqui e ali, depois foi à Nina, foi por ele que fiquei a Nina, até me ofereceu uma estátua duma nina magrinha, depois vieram cá a casa buscar-me para ir passear com eles para Viana, depois fui eu ter com eles e um dia depois chegásteis vós, todos os GT, amei abraçar um a um, a vós, Kim, já vos conhecia e estávamos a começar o que já deu para ver, foi uma Amizade para a vida...e veio a Verdinha mais o Leo e mais uns e outros, e fomos para Tabuaço, a Moinho das Poldras que me ficou no coração... e mais encontros e mais almoços pelo correr da vida, só podia dar numa Amizade como hoje há poucas!

Amo-vos ó minha gente!
e será para sempre.

Kim; ontem durante o velório, escrevi para ele poesia, senti-me vibrar na energia que se entranhava em mim!
Eu dizia-lh; Não te vás ainda sem me abraçar! e veio!

depois envio.

Beijinhos.

laura

Juba disse...

Tanta gente boa chorando um homem maravilhoso.
As minhas lágrimas, juntam-se às vossas.

o meu abraço e que o Moa descanse em Paz.

Elvira Carvalho disse...

Foi uma surpresa para mim. Conheci o Moa no blogue do saudoso Salvador. Frequentei o seu blogue durante algum tempo. Penso que a ultima vez que estive no seu blogue foi na altura do lançamento do seu livro, Mau tempo no anal. Depois o computador avariou e eu perdi todos os endereços. Recuperei aqueles que vieram ao Sexta. Talvez pela doença ele não voltou e eu perdi-lhe o rasto. Pensei que ele tivesse conseguido controlar a doença. Daí a surpresa agora.

Que descanse em paz porque enquanto um amigo o recordar ele nunca morrerá.

Um abraço

Branca disse...

Obrigada Kim pelas tuas palavras, desculpa a falta de silêncio que encontraste, resultante de um vídeo que tinha publicado na barra lateral, ao fim da tarde de hoje, em função de uma conversa noutro blog. Já tirei o som e ficou só para quem o quiser abrir. Enquanto permanecer a homenagem ao Moa, ao nosso querido José Guilherme, assim se manterá em silêncio. Será uma postagem que talvez faça a seguir, ele era um justo e um lutador e creio que gostaria.

Beijos para ti, creio que tens o meu contacto, não te esqueças quando vieres visitar a Laurinha de passar pelo Porto.

Eu guardo um cd que me enviaste do encontro da Parede, lembras-te que até puseste a cada um de nós a nossa cara num outdoor? Lindo, original e divertido, coisas que tu sabes!

É uma recordação para sempre. Obrigada mais uma vez a ti e ao Osvaldo, que nos envia sempre as fotografias dos encontros com o Moa e ele cá continua connosco, na amizade que nunca morre.

Beijos
Branca

São disse...

Que André esteja em paz.

A quem o estimou, o meu abraço solidário pela perda.

BlueShell disse...

lamento, apesar de não ter tido o privilégio de conhecer.

lamento pelo muito que, certamente, tinha ainda para dar e usufruir.

Um abraço...e não digo mais...pois não posso...a dor nao deixa!
(o meu marido luta contra um cancro de intestino desde julho de 2010) ....

BShell

armalu,blogspot.com disse...

è triste a noticia, mas admiravel o senso de humor de teu amigo.
Sabes penso como ele, depois de morta que importa? Bom fim de semana e até sempre.

Laura disse...

O Moa já está no plano elevado onde espera por nós, uns mais na frente, outros nem tanto, mas todos iremos andando, o caminho é infinito...

Um grande abraço para ti, rapaz do meu coração. Vamos sentir a falta dele, ou antes; já a sentimos...

laura

RS disse...

Condolências à família e a braço a toda/os amigos do Môa!

Leonardo Estevão Fernandes disse...

Hoje , em 23 de Dezembro de 2022, andando pelas ruas de Tabuaco, encontro um busto na praça com o nome José Guilherme Macedo Fernandes, julgo meu primo de primeiro grau que, para minha surpresa, também Jurista. Com o codinome André Moa, descubro ser um filho ilustre de uma terra no Alto do Douro, assim como meu pai, José Serafim Fernandes.