23 de julho de 2019

Mãe, mil vezes mãe!




Farias hoje mais um aniversário, mãe!

E eu, pegar-te-ia ao colo para te elevar, tantas as vezes como as que tu o fizeste comigo. 
Beijar-te-ia com a ternura que te não deram. Abraçar-te-ia mesmo que braços eu não tivesse. 
Choraria por ti quando te secassem as lágrimas. Lembrar-me-ia dos teus conselhos e do que recordávamos da tua juventude. Das coisas que me contavas quando atravessavas a vida. Dos Invernos gelados em que me aquecias as noites. Do anoitecer quente de Agosto, em que aninhava a cabeça no teu regaço, sentados na granítica laje da entrada da casa da avó. Da tua mão, a afagar-me os cabelos até ao meu adormecer. Dos figos que a frescura da manhã nos oferecia quando despertava um dia mais. Da melancia que devorávamos aos molhos, qual harmónica bem soprada. Da pequena sesta a que a canícula nos obrigava. Das férias na Beira ao findar do dia, descalços, regando o milho e sentindo a frescura da água do poço nos beijar os pés. 
E depois, da saudade em que a minha ausência, algures no centro do mundo, te afundou. Da distância madrasta que proibia os nossos beijos. Da esperança mútua do meu regresso um dia. Dos teus olhos azuis, rivais dos céus. Da madrugada malvada que te roubou o riso e apagou a alma. 
Julgava ver-te envelhecer. Pensava seres eterna e por ti eternamente me repetirei, tão cedo partiste
E sei que me espreitas por detrás dum véu que um dia cobrirá os dois!
Parabéns Ana! Parabéns mãe, mas ... 
Queria tanto ter-te aqui!

1 comentário:

Elvira Carvalho disse...

Na dimensão onde se encontra, ela velará por si e se emocionará com tão bela homenagem.
Abraço