11 de fevereiro de 2013
D. Afonso Henriques - qual deles?
Há dias li algures, qualquer coisa alusiva ao facto de Egas Moniz ter tido aquele gesto de coragem que ficou conhecido na história, de corda ao pescoço.
Na altura, comentei a quem fez o post e prometi a mim mesmo falar aqui sobre isso apesar de ser eu apenas um curioso e não um estudioso desta "ditosa pátria minha".
Diz a história que o rei Afonso VII de Castela terá cercado o castelo de Guimarães e que o futuro rei de Portugal teria preferido morrer a render-se. É então que o seu aio Egas Moniz, decidido a negociar a paz, vai ter com o rei de Castela e promete-lhe vassalagem de Afonso Henriques. Este, quando soube, não esteve pelos ajustes e resolveu invadir a Galiza.
Egas Moniz resolve apresentar-se na corte do rei a que fizera a promessa de vassalagem de Afonso, com toda a sua família, de corda ao pescoço. O rei de Castela, impressionado com tamanha coragem e humildade, perdoou-lhe e ainda o presenteou com favores.
Ora, é aqui que entra a parte da história, em que eu aceito que possa ter acontecido um dos maiores embustes da dita.
Acredito piamente que a história foi outra e não aquela que se conhece, pois não foi só pelos factos apontados que Egas Moniz fez essa promessa ao rei de Castela. Foi principalmente porque D. Afonso Henriques era filho de Egas Moniz e não de D. Henrique e D. Teresa.
O verdadeiro Afonso Henriques nasceu raquítico e débil, pelo que os seus pais desde logo combinaram fazer uma troca com um dos filhos de Egas Moniz, este bem anafado e saudável, que também terá nascido na mesma altura.
A dedicação do aio Egas Moniz e o perigo de poder vir a haver um rei com esses defeitos, impossíveis para o monarca que se pretendia, para rei de Portugal, provocaram tal troca de bebés. Na prática e aos olhos de toda a gente, isso não fazia grande diferença porque ambas viviam no mesmo castelo e rodeados dos mesmos mimos, das mesmas pessoas e até dos mesmos pais.
A história não quer, nem disso lhe interessa falar, mas parece que esta é a verdadeira versão dos factos.
Terá sido assim?
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17 comentários:
Nunca ouvi tal! E também não percebi o que é que o Martim Moniz estava a fazer de corda ao pescoço... (?!?)
Mas pronto, é Carnaval, ninguém leva a mal... :D
Beijocas, Kim!
Infelizmente a nossa História está cheia de embustes e um dos grandes embusteiros teve programa televisivo semanal durante décadas na RTP...
Aproveito para agradecer a sua bem humrada e emocionante crónica lá no On the Rocks, amigo Kim.
Abraço e bom Carnaval
Nunca ouvi tal coisa. Mas também não me espanta se for verdade. Afinal a história de Portugal está cheia de factos muito obscuros a começar logo pela independência de Portugal. Terá sido em Zamora em 1143? Ou em Maio de 1944 quando o Papa aceitou a vassalagem e reconheceu a independência, impondo-a assim ao Reino de Leão?
Um abraço
Ah! Parece que a esposa de Egas se chamava Elvira não era?
Nunca ouvi essa versão! É por ser Carnaval, Kim? : )
Se hoje em dia, com métodos ciêntíficos tão sofisticados, se consegue forjar um embuste tipo Lance Armstrong, tanto mais fácil seria em tempos remotos!
Não, não e por ser carnaval que escrevi isto. É apenas uma brisa que o vento me soprou já lá vão umas dezenas de anos e eu nunca mais esqueci.
E foi exactamente por eu calcular que poucas pessoas já tenham ouvido falar desta hipótese, que hoje aqui decidi falar sobre.
Por mim, já acredito que tudo possa acontecer.
Da mesma forma que a batalha de Ourique, não terá sido em Ourique e que já houve um papa que era mulher.
Logo ... porque não?
Oh Elvira - acho que não! Elvira era uma das suas filhas.
Apesar dele ter tido várias mulheres, julgo que nenhuma se chamava Elvira.
Naquela altura eram mais, Urracas e Efigénias!
Kim:
Há muito que conheço essa versão da História. Acho que tem razão de ser.
Só um pai, faria isso, não um aio. Acresce o facto de a mulher de Egas Moniz, ter sido ama de leite de Afonso Henriques.
A História inventou a versão que lhe convinha: A do Aio dedicado, que estava disposto a morrer pelo seu príncipe.
Conheces o conto de Eça, "A Aia". É muito bonito, muito comovente, muito heróico, mas como mãe, não acredito nele. É um belo pedaço de Literatura.
A história de Egas Moniz, é uma das muitas mentiras da História.
Beijinhos
Maria
A História oficial é a versão mais conveniente - até mesmo quando se refere à da Terra.
Tantas e tantas lacunas que aí estãp por explicar...
Que tenhas um divertido Carnaval, amigo meu
Olha Kim, meu querido amigo:
Essa segunda parte da tua versão da História, quanto ao nosso primeiro Rei ser filho de Egas Moniz, oficialmente seu tutor, e não de D. Henrique e D. Teresa de Leão e Castela, até pode ter o seu fundamento de verdade.
Pois não entrou ele em guerra contra a própria D.Teresa, na Guerra de S. Mamede?
É claro que há muita coisa encoberta na História e não será só na de Portugal.
Quanto à primeira parte, estudei-a ainda na quarta classe, nunca a esqueci e muito me impressionou a coragem de Egas Moniz, ao colocar a sua vida e da família à disposição do Rei de Castela, como penhor pela falta de palavra de D. Afonso Henriques.
Acredito piamente que isso tenha acontecido, porque homens honrados sempre houve e há-de haver.:)
Dos outros...também!!
Beijinhos, querido Kim.
Kim pelo que sabemos, como começou este país as coisas não estão muito claras.O Condado Portucalense, talvez tenha sido cedido ao menino traquinas e insubordinado,para brincar, que às tantas o achou pequeno demais e vai disto, nem a mãe escapou.
Começou mal, mas naquele tempo parece que era assim.Como vai acabar? O culpado foi o Herman num programa seu disse, que os ricos em Portugal eram uns pelintras ao pé do resto do mundo.Então os que puderam começaram a aumentar o quintal, mas com horizontes mais largos.Assim olha: Temos a Nobreza o Clero e o povo.Um abraço carnavalesco
Coragem só vejo no Afonso Henriques que não se rendeu e contra atacou.Não reconheço coragem a quem se rende.
Egas Moniz podia muito bem fazer parte do actual governo de vendidos ao capital internacional. Que cada português seja um Afonso Henriques para correr com estes vendidos e recuperarmos a dignidade.
esqueci-me de assinar Francisco Rosa
(Anonimo 15/2/13 09:43)
♫º♫♫º
Olá, amigo!
Como sempre houve "embustes" na história, por que não?!
ღ°Bom fim de semana! ♫º
♫♫º Beijinhos.
♫º Brasil.♫♫º
Boa noite.
Hoje ouvi pela primeira vez esta "estória" e quando vim pesquisar à net deparei-me com este blog!
Como é que é possível... e eu não sabia.
E ainda me disseram que na verdade Egaz Moniz seria pai de uma menina!!! Educada desde muito cedo como se educavam os rapazes da época!
Tenho de conhecer Penafiel!!
pah, muitos Lols
Fico espantado como ainda há tanto crentes nas lendas "estóricas"! Sabe-se que Egas Moniz nunca foi de corda ao pesco e, mais, não se sabe se foi sequer o "aio" de Afonso Henriques! Investiguem! História sem documento é treta! Basta ler o José Mattoso! O seu "D.Afonso Henriques" (Temas & Debates, 2007 e agora reimpresso) deve chegar!
Firmino Mendes
É espantoso como se podem escrever comentários sobre factos históricos que denotam pouco conhecimento de História. E não me refiro ao comentário sobre Afonso Henriques poder ser filho de Egas Moniz, mas sim aos comentários de alguns dos vários ‘comentadores'. Que interessa a uma nação com mais de oito séculos e meio de História se o primeiro rei era bastardo ou “embusteiro”? Qual a nação, quer república ou monarquia, que não teve reis e rainhas bastardos ou situações de “embuste”? Quantos bastardos e usurpadores reinaram desde os primórdios das civilizações humanas? Curiosamente, quase todos os “grandes” governantes foram usurpadores, desde a Antiguidade até aos tempos actuais. Seria até maravilhoso podermos confirmar que, efectivamente, o nosso grande primeiro rei era filho de Egas Moniz e não do Conde de Borgonha. Talvez assim deixássemos o nosso complexo de inferioridadee a nossa subserviência relativamente a tudo o que é estrangeiro e passássemos a ter orgulho em ser Portugueses. Possivelmente é esta a verdadeira razão: termos medo de que efectivamente a nossa História se tivesse iniciado com um Português em vez de um estrangeiro.
É perfeitamente possível, até pela bravura e falta de Amor com que D. Afonso luta com a mãe em 1147 em S. Mamede e a enclausura.
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