11 de setembro de 2021

Correr sem bengala!

 - Bom dia Sr. Ribeiro!

Precisava tanto que me ajudasse a resolver um problema! E tenho muita urgência!

Era uma longeva senhora, muito para lá dos oitenta.

Caminhava lentamente, apoiada numa bengala tetra-pé.
Convidei-a a sentar-se e, tanto quanto a sua mobilidade lhe permitia, foi despejando em cima da minha secretária, mais papéis do que os manuscritos do Mar Morto.
- E o Bilhete de Identidade da sua irmã? Questionei-a!
- Oh meu rico senhor, vou já a casa buscá-lo!
Saiu quase sem eu dar por isso, pois outras ajudas me aguardavam e quando voltei a levantar o olhar, reparei que a senhora se tinha esquecido da bengala.
Morava a quinhentos metros e, pouco depois, regressou com o B.I na mão.
Disse-lhe então, no meu habitual estilo brincalhão, sem qualquer tipo de jocosidade:
- Já? Foi muito depressa!
- Pois fui! Fui a correr!
- A correr? Sem bengala?
Olhei para a esquecida bengala, pensei no que o futuro me reserva e mergulhei no Mar Morto.


27 de março de 2021

A Páscoa do meu contentamento!

 E chegava a páscoa do meu contentamento!

Salivava já as papas de milho, as farófias, os biscoitos esquecidos, o bolo de azeite, as cherovias e a garrafinha de vinho do porto, qual obra de arte em vidro, que as mãos dum qualquer artesão moldaram na perfeição. Do folar, coisa que os padrinhos ofereciam aos afilhados, não falo, pois padrinhos eu não via e do dito não gostava. 

Naquele dia, toda a aldeia se engalanava com o fato de ver-a-deus e os sorrisos e abraços multiplicavam-se, como se as gentes há muito se não vissem.

- Santa Páscoa para si comadre!

- Santa páscoa para ti minha irmã!

- Dê-me a sua benção, meu avô!

Em tudo o que girava à volta da páscoa havia um misticismo divino, que os avoengos foram transmitindo ao longo dos séculos e que a tradição não beliscou, mas para mim, catraio, sempre atento às guloseimas que em casa dos mais abastados encontraria, era um verdadeiro festim. Ali encontrava um lauto acepipe de presunto, enchidos e queijos. Depois dos rebuçados e amêndoas, rijas que nem cornos, eram estas as minhas perdições, coisa que ainda se mantém, salvo os rebuçados que já não enxergo e as amêndoas que achocolatei.

Bastava ir atrás do senhor prior e dos seus acólitos que, embrenhados numa cansativa pequena procissão parava em todas as casas, que mais pareciam capelinhas, forradas com as melhores rendas e mais bonitas colchas.

Primeiro entrava o prior, logo seguido do séquito implícito no acto. Abençoava o lar e dava a beijar a cruz a todos os presentes no interior. Após esta formalidade, era o fartar vilanagem. Aquilo que os olhos comiam, a boca devorava, até que chegava a altura em que tanta fartura o olhar já rejeitava. Apesar de ser quase um sacrilégio, o padre não provar qualquer coisa, era impossível não obedecer ao que o estômago já rejeitava, o que deixava os humildes mais humildes.

Na minha aldeia não havia flores no chão para santificar os pés que as pisavam e era diminuto o cortejo, pois todas as pessoas se encontravam em suas casas, à espera da chegada da cruz, mas era apenas a minha aldeia, aquela que me pariu.

Ainda hoje, sempre que tal é possível, usufruo deste ritual, já com algumas diferenças das do meu tempo de menino, mas os petiscos são os mesmos. Felizmente!

Lá, nas entranhas da Beira, Atalaia/Zebras, meus amores, consigo rebuscar o que a memória já não retém!

Aleluia! 

15 de março de 2021

A prenda do POKA!

 Recebi hoje, pelo correio, esta significativa prenda!

O autor, foi o meu amigo POKA, (Daniel Oliveira) jogador de Hóquei em Patins do Futebol Clube do Porto, a quem desde já deixo o meu bem-haja!
Os amigos são algo que não se explica e as recordações eternizam-se, nas minhas prateleiras e vitrines.
Gosto de uns porque sim e de outros porque sim.
Lê-se no stick - "Para o amigo Joaquim, um abraço do F.C.Porto - Hóquei Patins 2020/21"! E devidamente assinado por vários jogadores da equipa
Pode parecer estranho, já que, sendo o azul a minha cor preferida, não é a do clube do meu coração, mas, os amigos não se escolhem pela cor.
Costumo ter pelos amigos um sentimento de pura amizade, esquecendo qualquer tipo de rivalidade, seja de que tipo for, aceitando-os como são. Assim já aconteceu e continua a acontecer com atletas de outros clubes, em especial do Benfica e do Sporting e até da China!
Como sou do tempo em que era feliz com pequenas coisas, vou pirar-me com o stick, pois já sinto uma fã a correr atrás de mim!
Provavelmente por causa do meu stick!



24 de janeiro de 2021

Uma esquina do mundo meu!

 

E aqui jazem os silêncios dos segredos que só eu sei.

As malas de cartão que transportavam as parcas roupas que a tença paterna suportava, nas idas e vindas do silêncio do claustro. 

A bola eterna do meu contentamento, que esperava pontapear até à fase do cajado.

A telefonia,  que à noite embalava o circulo da família com o romance do Tide, lá longe na beira, nos picos da serra onde os lobos sobrepunham os uivos à radionovela da desgraçadinha e ouvir alguém falar, dentro duma caixa onde não cabia uma criança, foi  o meu primeiro deslumbramento. 

Os livros, ai os livros, alguns mais velhos que eu, eternos companheiros das dúvidas que dissipo e das certezas que burilo.

O sarcófago de Brel, onde descansam as palavras e os sons que me deleitam, qual aspirante a trovador.

As fotos que o olhar prolonga numa imortal memória que o tempo não extinguiu, as cartas de amor, laivos de pinga-amor, resquícios de Casanova.

Esta é uma esquina dum mundo onde me envolvo, quando a selva não me esmaga. 

Aqui, sou ainda mais ditoso!

27 de dezembro de 2020

Obrigado, Cristiano Ronaldo!

 Parabéns ao melhor jogador do mundo e do século!

Obrigado, Cristiano Ronaldo, por esta maravilhosa recordação!







23 de dezembro de 2020

Continho de Natal

 


Naquela noite de frio e chuva, previa-se que o Menino Jesus não iria colocar prendas no sapatinho!
Os urros que a serra vomitava eram por demais assustadores para quem queria acreditar que um menino iria chegar tolhido de medo e frio, mais a precisar de ajuda que a trazer alegrias.
Era impossível que alguém tão integérrimo e desnudo, pudesse andar na rua com tamanho temporal e as fortes bátegas que caíam não iam deixar ouvi-lo escorregar pela chaminé.
Não se conhecia o pai Natal, nem tal nome jamais se ouvira.
A ansiedade minava a ignota mente do menino terreno, enquanto a probabilidade dum milagre acontecer pairava num semicerrar de olhos, numa luta incessante contra Morfeu, que aos poucos o foi embalando em seus braços.
Na manhã seguinte, dois pequenos embrulhos de papel almaço faziam dissipar a dúvida e a tristeza de quem adormecera na esperança dum milagre, tantas vezes propalado.
Dentro dum embrulho, um par de meias, no outro, um boneco bem mais bonito que este.
Finalmente, o menino tinha um boneco só seu.
Ana, sua mãe, dera o que tinha e também o que a filhó a inspirara.
Hoje, senti uma indómita vontade de recrear o primeiro e único boneco, que o tempo não apagou.
A mãe, era a minha! O menino, era eu!

17 de dezembro de 2020

O tinteiro do Prof. Francisco Gentil




Esta museológica peça, cujo nome desconheço, na realidade era o conjunto do tinteiro da caneta de aparo, com que o fantástico médico-cirurgião escrevia. Um tinteiro, afinal.

Fazia parte do espólio do fundador do IPO - Instituto Português de Oncologia. Prof. Francisco Soares Branco Gentil.

Ter-lhe-á sido oferecida em 1900, altura em que terminou o seu curso de medicina.

A mim, foi oferecida há cinquenta anos, pela sua neta, Helena Maria da Costa de Sousa Macedo Gentil Vaz da Silva, uma das primeiras e mais influentes jornalistas culturais portuguesas, acérrima opositora ao regime salazarista.

Mais tarde viria a ser madrinha de baptismo do meu filho mais velho.

Ou seja, a parte oval, era para colocar no descanso, a caneta de madeira com o aparo em metal.

À direita,  o tinteiro com a tinta onde ia molhando o aparo.

À esquerda, o reservatório dum pó que se polvilhava em cima do que se tinha acabado de escrever, pois a tinta demorava a secar.

Ao centro, a campainha para chamar  a enfermeira, ou a secretária.

A este grande médico, primeiro a combater esta terrível doença, com a criação do IPO, e primeiro a defender as regalias e direitos dos enfermeiros, a minha vénia a toda a classe que nos minimiza os queixumes, já que a vida nas suas mãos não está.

Deste tinteiro sairam sentenças e desenganos, mas também certezas de vidas que renasceram das cinzas.

Aqui ao lado, olho com carinho tão significativa relíquia, revendo a história das mãos por quem passou.

Obrigado, Helena Gentil Vaz da Silva! 

Os querubins aguardam que, juntos toquemos o sininho!

24 de novembro de 2020

Afetos - apenas!

Sou um homem de afectos!
Os dias vão passando e faltam-me os beijos e os abraços! E às vezes, abraço a mim mesmo, enganando assim essa indómita vontade de o fazer a outrem.
Talvez já tenha esquecido esse gesto tão forte! Talvez já tenha olvidado a força de cada abraço, o sabor de cada beijo, a ternura de quem se ama.
A quem adoro e a quem amo, o meu abraço e os meus beijos!
Deixo o gesto!



7 de novembro de 2020

A minha lamparina!

 

Este mini-fogão/lamparina, tem uma história! A minha!
Quando eu era pequenino ... tinha treze anos, a minha mãe comprou-o, em segunda mão, para eu levar todos os dias para o trabalho e aquecer a marmita com o almoço. Cabia mesmo à conta num saco, em moda na altura, onde pouco mais cabia que o fogão e a marmita, embrulhados em velhos jornais.
Depois, numa taberna lá perto, Rua Pascoal de Melo e mais tarde na Rua de S. Julião, em Lisboa, pagava um tostão para me deixarem aquecer a dita e sentar-me a almoçar numa longa mesa, onde mais gente procedia de igual modo.
E era uma odisseia apanhar um eléctrico que tivesse lugares vagos na pendura, sem falar dos transbordos vários que ia fazendo, na quase sempre bem sucedida fuga ao "picas", que via nos putos a lepra da época!
Nestas fugas várias, não raro era entornar a marmita, lambuzando a lancheira dum molho já meio coalhado.
Os dez tostões que mãe Ana me dava todos os dias, eram melhor rentabilizados se poupasse os sete tostões do bilhete-operário, mas isso implicava saltitar de eléctrico em eléctrico, o que amiúde acontecia e com o perigo que daí advinha.
E quando o "picas" me apanhava, obrigava-me a sair e dizia que me dava uma lamparina, logo ficava eu sem saber se era uma estalada ou um fogão novo.
Das vezes que regressei a casa a pé, da Praça do Chile à Amadora, já não reza a história.
Era a idade das trevas! Foi há cinquenta e sete anos e apesar de tudo, era muito feliz com quase nada!
O meu mini-fogão, não se lembra da idade que tem!
Sabe sim, que apenas tem quinze centímetros de altura e que se lembra de mim!

5 de fevereiro de 2020

Anjos brancos



O homem que está nesta foto é o meu pai! 
Era! Já partiu! Há muito!

Foi este o quadro com que me deparei, numa das últimas visitas que lhe fiz, já no fim das suas tormentas. 
Não era um final feliz, mas o abraço, a ternura e o apego deste anjo branco, eram já o prenúncio de outras asas que o esperavam, de tão inane a sua ausência.
Pobre pai que foi embora sem já saber quem eram os filhos!
Para lá desta imagem, deixo no éter a minha admiração beatífica por todos os enfermeiros(as), sacerdotes duma sublime profissão, último alento de quem jaze num leito de hospital, numa cama de desespero, num berço de esperança.
A estes(as) anjos brancos e a esta altruísta alva senhora, a supina vénia de quem deles já precisou! 
Eu!

25 de dezembro de 2019

O meu Natal!

O meu Natal é apenas o meu Natal.
Faz-me alterar o sentido das palavras, a força do abraço, o calor da exultação o apuramento dos sentidos.
Sei bem que cada um tem os seus gostos musicais, mas o entardecer da vida provoca-me irritação com as músicas de Natal e atira-me para os antípodas desta, a mais nobre!
E a noite é uma partitura inacabada, onde adormeço com colcheias e acordo com semifusas, num universo em dó maior.
Oiço o ribombar de Carl Orff numa extasiada Carmina, Handel numa Saraband de adeus, Bach numa toccata de fuga domingueira, Mozart nos ribeiros das altas montanhas e por fim, a alegria de um hino beethoveniano.
E em sonhos, à minha volta giram querubins nos confins duma sonata ao luar ou no adágio dum qualquer Albinoni.
O meu Natal não está neste mundo! Está nas cordas duma harpa, nas teclas dum Rubinstein, no coração de qualquer homem.
Música - arte que não a minha - mãe de todas as artes, salvai a minha loucura!

15 de dezembro de 2019

Coisas de velho!






Neste enfadonho domingo, andava eu numa fona, no babilónico Colombo, pensando dar-lhe a volta em oitenta dias e julgando por ali refeiçoar, já que apenas pretendia raspar a borda do prato e eis que num hollywoodesco néon vejo vários ingredientes culinários a um euro cada, o que servia os meus intentos. Aguardei então na fila, que mais parecia a Nossa Senhora dos Remédios. Quando chegou a minha vez, muito seguro de mim pedi rebentos de bambu, cogumelos, brócolos, cebola frita e uma imperial. Pensava pagar cinco euros e trinta e cinco cêntimos.
O funcionário pediu-me doze euros e cinco cêntimos.
Afinal o que eu pensava que ia comer era apenas o acompanhamento, não sabia que ainda havia a massa/base.
Fiquei a olhar para o prato, mais fundo que o poço de Jacó e depois de meia dúzia de garfadas, abandonei o dito quase tão cheio como o recebera.
Coisas de velho!

2 de novembro de 2019

Salvatore Adamo - 76 anos!




Salvatore Adamo, fez setenta e seis anos. (01-11-2019)

Foi o trovador da minha infância, a minha primeira paixão por um artista e aquele que me ensinou a falar francês.
E com algumas meninas do meu tempo, embalámo-nos abraçados nas suas melodias, tão cheias de significado e tão românticas.
E desse embalo, recordo que nem saíamos do mesmo sítio, porque dançávamos parados, movimento esse do qual não me arrependo!
Às minhas amigas desse tempo e que agora estão a ler estas palavras, dedico este momento.
Parle moi de mon enfance, mon vieux ruisseau ...
Parabéns, Salvatore!



4 de agosto de 2019

Ik hou van je, Amsterdam!


Foi há cinquenta anos! 
Aqui vivi um tempo, num tempo sem tempo.
Um dos meus filhos esteve em Amsterdão recentemente, procurou o hotel, mas já não existe.
Um hotel fantástico, para jovens e estudantes.
Ik hou van je, Amsterdam!

Koninginneweg 30


23 de julho de 2019

Mãe, mil vezes mãe!




Farias hoje mais um aniversário, mãe!

E eu, pegar-te-ia ao colo para te elevar, tantas as vezes como as que tu o fizeste comigo. 
Beijar-te-ia com a ternura que te não deram. Abraçar-te-ia mesmo que braços eu não tivesse. 
Choraria por ti quando te secassem as lágrimas. Lembrar-me-ia dos teus conselhos e do que recordávamos da tua juventude. Das coisas que me contavas quando atravessavas a vida. Dos Invernos gelados em que me aquecias as noites. Do anoitecer quente de Agosto, em que aninhava a cabeça no teu regaço, sentados na granítica laje da entrada da casa da avó. Da tua mão, a afagar-me os cabelos até ao meu adormecer. Dos figos que a frescura da manhã nos oferecia quando despertava um dia mais. Da melancia que devorávamos aos molhos, qual harmónica bem soprada. Da pequena sesta a que a canícula nos obrigava. Das férias na Beira ao findar do dia, descalços, regando o milho e sentindo a frescura da água do poço nos beijar os pés. 
E depois, da saudade em que a minha ausência, algures no centro do mundo, te afundou. Da distância madrasta que proibia os nossos beijos. Da esperança mútua do meu regresso um dia. Dos teus olhos azuis, rivais dos céus. Da madrugada malvada que te roubou o riso e apagou a alma. 
Julgava ver-te envelhecer. Pensava seres eterna e por ti eternamente me repetirei, tão cedo partiste
E sei que me espreitas por detrás dum véu que um dia cobrirá os dois!
Parabéns Ana! Parabéns mãe, mas ... 
Queria tanto ter-te aqui!

14 de julho de 2019

Onde terminava Lisboa?






Ontem, ao fotografar o Chafariz de Benfica, alguém que reparou no meu acto, chamou-me à atenção para o marco que ali estava. Escusado será dizer que ficámos algum tempo a dissecar o assunto. Logo ali fiz uma pesquisa na net e concluí que, para quem vinha de Benfica, os oito quilómetros terminavam na Praça dos Restauradores, ou seja, Lisboa terminava ali.

Longe vão os anos!
Talvez trezentos!

30 de maio de 2019

Cortei os tomates!


Mal acordara a madrugada já eu irrigava a mente, acariciava o meu reino do tomatal e embebedava em água o pedestal dos tomateiros que vão fazendo o deleite do meu entardecer. 
Inebriado pelo prazer que a natura me vai dando vou decepando as ramas que a canícula vai secando, dando assim mais força às que teimam chegar ao fim da sua missão. 
Afastei a rama, tentando cortar um ramo meio seco, troquei os olhos e zás catrapás pás pás. Cortei um viçoso ramo que entre pequenos tomatinhos e embriões em flor contei dezoito.
Saltou-me um impropério como Pallas Athena da cabeça de Zeus e senti ter guilhotinado um filho.
Fiquei a lamechar-me o dia inteiro e ao regressar a casa voltei ao local do crime e fiz o requiem que os meus tomates mereciam.
Isto só não acontece a quem não tem tomates!




16 de abril de 2019

Requiem - Notre Dame!


Notre Dame - Setembro de 1969!
Do alto da irreverência dum puto de dezoito anos, eis-me no pico da catedral, onde já na altura não era aconselhável subir, quando sonhava ter Paris a meus pés.
Fica-me o marejar dum olhar que não mais verá tal beleza!
Requiem - por ti Notre Dame!
Ao terceiro dia ressuscitarás!

22 de outubro de 2018

Salvatore Adamo - Le prince des belges, à Lisbonne!


Este "post" é especialmente dedicado às meninas do meu tempo!



Voltou!
Esta noite em Lisboa, no lotado Coliseu de Lisboa, Adamo voltou e voltaram-me os sonhos duma juventude que não se perdeu. 
E voltei a sentir o auge da música francesa em todo o seu esplendor, mais tarde esvaído pelo anglófono jugo.
Adamo é o mesmo rapaz humilde e terno de há meio século atrás. Fala do amor e da doçura que são o meu reino.
A paixão por ele, ainda que metafórica, é a do menino que tenta tocar o inatingível.
Durante duas horas mágicas,  esqueci as maleitas que a vida me ofereceu e voei nas asas da saudade. A loucura de estar ali era a mesma dos tempos idos. 
Em uníssono trautearam-se imortais refrãos nas gargantas da longeva memória dos presentes.
Não me chegavam os olhos para tanto ver, bastavam-me os ouvidos para cheirar o ror de tantas letras que ainda recordo. 
E todos ali presentes, pareciam adolescentes adulando uma qualquer banda. Apenas mudaram os tempos. A paixão é a mesma.
E agora que cai a neve nos meus parcos cabelos, sinto o toque da magia e da simplicidade das suas canções, sem pretensões balzaquianas.
Adamo foi o meu primeiro professor de francês e indicou-me o caminho a seguir, quando nas ruas de Paris a tristeza me tuteava ao sabor do improviso e das paixões possíveis. 
A sua rouca voz já não é a mesma, mas a essência do seu perfume está lá e deixa no ar a lembrança que também eu já não sou o jovem eternamente apaixonado, antes o apaixonado eterno.
Tenho ainda no disco rígido da minha já gasta memória, os dias as tardes e as noites em que as suas canções me embalavam nos braços de amores precoces, onde apascentei a francofonia da época.
Hoje, Adamo voltou a mim e apetecia-me escrever as mais lindas histórias de amor, até ao clarear da madrugada.
Tendre Salvatore, "parle-moi de mon enfance"!



9 de outubro de 2018

Brel - quarenta anos de saudade!



Passam hoje trinta e seis anos sobre a morte de Jacques Brel, aquele que nunca morreu.
Não é fácil falar deste gigante do palco, porque também o era na vida real. Em todos os sentidos.
Dele ouvi falar pela primeira vez em 1967. Enlevado pelas canções de Adamo, qualquer outro cantor me parecia horrível. Brel não fugia à regra. Era feio, não tinha cabelos longos nem camisas às flores, cantava como se desse murros na parede e não falava do amor que fazia os jovens sonharem.
Até que um dia, no findar dos anos sessenta, em Paris, onde eu vivia, Brel era cabeça de cartaz, no filme, MON ONCLE BENJAMIN, e várias salas de cinema exibiam cartazes alusivos ao dito, todas muito perto do meu pequeno quarto, onde desafiei a saudade de estar longe e chorei com um sorriso nos olhos, Nasceu aí a minha platónica paixão. Foi irónico ter-me apaixonado por ele, na condição de actor e não na de cantor.
Mas, afinal Brel amava muito mais do que eu pensava e falava desse amor, vociferando em ré menor!
Falava da revolta, da burguesia, da falsidade, dos desprotegidos e tuteava a morte. Filho de esbórnias muitas, intuiu que não haveria amanhã e viveu as noites como se fossem dias e os dias como se não existissem.
Gosta-se ou não dele, sabe-se lá porquê.
Ele foi indignação, violência, ternura, anti-vedeta, revoltado, apaixonado, amigo, eremita, franciscano, cantor, actor, marinheiro, aviador, tudo. Levou a vida ao extremo e não tinha meio-termo. Era tudo ou nada. Tabaco, álcool, mulheres, noitadas, todos os excessos e prazeres da vida eram o seu limite.
Todo ele era tudo! Muito! Muito mais! Mais ainda!
Brel abandonou a ribalta para se refugiar nas carícias dos ventos e nos beijos das vagas, à proa do seu veleiro, numa volta ao mundo sem final feliz. Brel "esperava por mim, qual meteque vagabundo", quando adoeceu, numa curta paragem nos Açores e foi lá que percebeu que o fim poderia estar próximo.
Quase ignorando a luta que então iniciou contra um cancro no pulmão, refugia-se nas Ilhas Marquesas, na Polinésia Francesa. Vende então o seu veleiro e adquire um pequeno avião, pilotado por ele próprio, ajudando a combater o isolamento das populações mais remotas, colocando o bimotor, gratuitamente, ao serviço das populações, no transporte de pessoas e correio.
Profundamente debilitado volta a Paris para morrer a 9 de Outubro de 1978, não sem antes de deixar expresso o desejo de jazer na longínqua Polinésia, onde repousa no meio dos seus nativos, entre tufos de ternura e saudade, bem longe das luzes do efémero.
Por tudo o que foi, Brel é para mim a paixão que se sobreleva a todas as outras.
Morrem cedo quem os Deuses amam; alguém disse um dia!
Meu velho Jacques, estarás sempre comigo.
Je ne te quitte pas!

1 de outubro de 2018

Charles Aznavour - La fin!


C'est fini "La Bohème" mon vieux Charles!
Adieu l'ami!



23 de setembro de 2018

7 de setembro de 2018

Bruno A. Ribeiro - Long Island!

Parabéns filhão! 
É sempre uma sensação de "je ne sais quoi" ver o reconhecimento da tua pessoa!




8 de abril de 2018

13ª Corrida António Leitão!

Mais uma corrida, mais uma viagem!
13ª Corrida António Leitão - SLB!
O meu filhote, Luís, dá-me esta força!
Tenho de aproveitar, enquanto há pernas!





Castelo Novo - outro amor!

Não é bem a minha aldeia, mas está de atalaia, para lá virada! 

Neste cordeiro pascal, revisitei Castelo Novo, dona dum velho castelo onde as lendas escorrem das suas ameias e se espalham por ruelas de granito e calçada romana, vera.
Em cada granito há uma esquina, uma janela, uma porta, que fala. E uma página de história.
Situada nas faldas da Gardunha, com ruas que morrem na serra, perdem-se no tempo as origens do seu nome. Talvez um castelo velho obrigasse a um castelo novo. Talvez tanta coisa. 
Ali ao lado, quando era menino, congelei lágrimas de esperança e olhava, à distância e tão perto, para esta aldeia que a madrugada clareava primeiro e eu nunca alcançava. Era o tempo em que nada se visitava e as deslocações apenas se faziam por necessidade, muito longe da componente cultural que hoje, qualquer castelo encerra.
De Castelo Novo já muito se terá dito, mas é certamente uma aldeia tão histórica como a sua ribeira de Alpreada, pré-adam, antes de Adão. 
Nela se ouve o sibilar dos ventos, o murmúrio das águas, o adormecer na doçura das suas gentes.
A linda e simpaticíssima Susana Sequeira Salvado, da Associação Sócio-Cultural é bem o exemplo deste povo do bem-haja.
À minha querida amiga Teresa Valente, filha desta terra, deixo a supina admiração pelo seu amor a esta.
Descobrir os encantos de Castelo Novo, é um desafio que a diegese encoraja!









3 de março de 2018

Parabéns Campeão - Carlos Carneiro!


Não será nunca a rivalidade das nossas cores clubísticas, que separará a amizade que nos une. 
A ti, grande campeão e atleta de eleição, deixo um abraço do tamanho do teu preferido recinto desportivo. 
Parabéns por mais este aniversário, o trigésimo sexto!  
Quase metade da minha vida! 


24 de fevereiro de 2018

Júlio Amaro - O génio!

Passam hoje doze anos, sobre a morte dum génio - Júlio Amaro!
Pintor, ilustrador, aguarelista, escritor, encenador e fabuloso contador de histórias! 
O Amaro era multifacetado e não precisava de esfregar a lâmpada de Aladino, para das sua mãos sair magia.
Conheci-o em mil novecentos e sessenta e seis e não mais o perdi, até à sua morte.
Com ele vivi mil venturas e outras tantas aventuras. Era a tempestade e a bonança, em mente de menino que já nasceu homem!
Era o nosso mestre, o dum restrito grupo de amigos da Amadora. Com ele privámos momentos de glória e desânimo, descemos ao inferno e subimos ao Olimpo.
Dele, ficámos com sapiência e arrojo e nele ficou a nossa memória. Sorria connosco a pintar, chorava connosco a sorrir.
Júlio Amaro era uma enciclopédia ambulante, um nómada das artes, a tampa do Vesúvio.
O seu legado estendeu-se aos quatro cantos do mundo, mesmo sabendo que este é redondo.

Aqui te deixo uma flor, meu amigo!


17 de fevereiro de 2018

Parabéns Bruno - The poet!


Ao meu filho Bruno, que hoje aniversaria pela quadragésima quinta vez, deixo um beijo e abraço enormes! 
Em dia de lançamento do seu livro "The Book Off All Lovers", na icónica livraria "Book Revue", de Long Island-NY, aquilo que o mar separa, o coração une,
As palavras mais piegas, ficam para a benesse que o éter permite! Adoro-te, meu pintor/poeta!




12 de dezembro de 2017

Na Amazon - The Book of All Lovers



The book of All Lovers

O Livro de Todos os Amantes, é um poema épico, adaptado para uma audiência moderna, com gostos modernos!
Está à venda na Amazon, no link abaixo.

https://www.amazon.com/Book-All-Lovers-Poem/dp/0692957820/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1512749172&sr=8-1&keywords=the+book+of+all+lovers



This illustrated book plunges you into a dark fantasy full of brave heroes, beautiful damsels, and loyal allies. Dyosphir will face many challenges as he quests after the Rose of Sharon. At the end of his adventure, he will be confronted with a choice that will change everything for his people and his land. This epic poem from Bruno Ribeiro presents you with a new kind of fairy tale. The love story between Dyosphir and Ivalisee is a dark fantasy full of lush settings, chivalrous adventures, true love, and unimaginable peril. Ride along with Dyosphir as he and his companions plot to save his love and kingdom. The Book of All Lovers is an epic poem adapted for a modern audience with modern tastes.