24 de janeiro de 2021

Uma esquina do mundo meu!

 

E aqui jazem os silêncios dos segredos que só eu sei.

As malas de cartão que transportavam as parcas roupas que a tença paterna suportava, nas idas e vindas do silêncio do claustro. 

A bola eterna do meu contentamento, que esperava pontapear até à fase do cajado.

A telefonia,  que à noite embalava o circulo da família com o romance do Tide, lá longe na beira, nos picos da serra onde os lobos sobrepunham os uivos à radionovela da desgraçadinha e ouvir alguém falar, dentro duma caixa onde não cabia uma criança, foi  o meu primeiro deslumbramento. 

Os livros, ai os livros, alguns mais velhos que eu, eternos companheiros das dúvidas que dissipo e das certezas que burilo.

O sarcófago de Brel, onde descansam as palavras e os sons que me deleitam, qual aspirante a trovador.

As fotos que o olhar prolonga numa imortal memória que o tempo não extinguiu, as cartas de amor, laivos de pinga-amor, resquícios de Casanova.

Esta é uma esquina dum mundo onde me envolvo, quando a selva não me esmaga. 

Aqui, sou ainda mais ditoso!

4 comentários:

  1. Também tenho o hábito de guardar TUDO.
    Tem memórias que por vezes só eu conheço.
    Aquele abraço, boa semana

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  2. Olá amigo Pedro!
    Há quanto tempo!Ainda por Macau?
    O meu blog, agora, praticamente só serve para guardar recordações para mais tarde tarde compilar em livro.
    Obrigado amigo e um abraço em tempos de pandemia!

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  3. ADOREI ver a esquina do teu mundo, KIM, mas ainda adorei mais, ter notícias tuas.
    Um beijo da amiga de longe e de SEMPRE.

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  4. Que maravilha termos boas memórias e um refúgio só nosso.

    Bom Fevereiro!

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