5 de outubro de 2009

Aerograma


Quem se lembra do aerograma?

Mais pequeno que uma folha A4, escrevia-se e dobrava-se sobre si mesmo, fazendo que não fosse necessário envelope.
Era uma carta de saudade, de desabafos, de esperança, de despedida. Era uma carta de amor!
Foram milhões os aerogramas que os militares escreveram aos seus familiares, amigos, namoradas e esposas, essa finíssima folha que o Serviço Postal Militar se encarregava de transportar a preços muito reduzidos.
Para devorar os tempos mortos inventaram-se as “Madrinhas de Guerra” que viriam a ter importância fundamental no passar dos dias. Trocavam-se palavras de descoberta com alguém que nem se conhecia e dessas palavras saíram frases de amor que o coração exigia e a mente desejava. Muitas resultaram em matrimónio, outras em duradouras amizades e outras ainda, em remotas recordações que o tempo se encarregou de fazer esquecer.
Muitos aerogramas eu escrevi em reposta aos que me vinham chegando. Só não escrevia quem não queria. O custo era o preço dum sorriso e eu adoro sorrir.
O aerograma foi a grama que pesou quilos, toneladas, quintais, no despertar das consciências que a juventude abalou
Não fui militar no Ultramar, mas para lá estava virado o meu olhar sabendo que grande parte dos meus amigos para aí tinha rumado, empurrados pelo destino de quem foi obrigado a defender os velhos mundos dum mundo novo.
Aerograma - a folha que cheirava a regresso!

32 comentários:

  1. vim ouvir-te :)


    sou mais recente.
    ... mas, escrevo. mimos. para ele(S). todos os dias ;)

    beijo meu*

    c

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  2. A malta da minha geração tinha 14/15 anos quando foi o 25A, portanto escapou à guerra. O meu marido, 4 anos mais velho, também escapou por um triz, pois tinha pedido adiamento para estudar.

    O único fulano que conheci que foi para a guerra de África e morreu lá (disseram que num acidente de automóvel), era filho de uma amiga da minha avó, portanto um conhecimento mais ou menos distante. Mais tarde conheci várias pessoas que tinham lá estado, mas é diferente, nunca senti aquela coisa de ver uma pessoa próxima partir, sem saber se volta. Nem nunca escrevi um aerograma, que me parece em tudo (excepto, talvez no preço) semelhante a um telegrama, não é?

    Mas parece-me evidente que esses aerogramas tinham realmente essa função de trocar sorrisos entre continentes... :)

    Beijocas, Kim!

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  3. Kim:
    Recebi muitos aerogramas de amigos.
    Houve um que me deixou uma ferida que ainda hoje doi. Dizia: "A ti, minha maior amiga, em véspera de ir para o mato, quero pedir que abraces todos os nossos amigos. Sei que não vou voltar. Um beijo, o primeiro e o último do ..." . E não voltou. Uma mina matou-o. Guardei-o muito tempo. Depois dei-o à mãe dele. Por ela soube que eu não tinha sido para ele, só a melhor amiga. Doeu muito, porque ele para mim, foi mesmo só um grande amigo, que ainda hoje choro. E como vês, guardei na memória aquele aerograma que não cheirava a regresso, mas a adeus.
    Beijinho

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  4. Ah, lembranças da guerra já distante, mas, que para alguns é ainda a lembrança da dor... Fui madrinha d eguerra do Luis, onde falo nos começos do meu blogue, e d emuitos mais soldados que daqui seguiam sem saber se voltariam... Um era meu primo e ainda hoje falamos nisso, naquelas cartinhas que segundo ele, davam esperança a muitos, que queriam regressar a casa...
    Escrevia cartas,sempre gostei de escrever, levava-as aos CTT de S. Paulo, ainda eram uns bons 15 minutos a andar, mas, gostava de passear pela minha Cidade, passava na rua do Marius, o meu vizinho dos blogues, enfim...belas recordações.
    Muitos conseguiram saltar para fora do País, e cá para nós, fizeram eles muito bem...porque a guerra nunca foi deles, era só de quem as encomendava, pena que fosse assim!... e s etudo foss elevadod e outra forma, nem haveria guerra...
    Beijinhos e lembro desse aerogramas...e devo ter uma carta ou outra de algum afilhado, guardada na minha caixa de lembranças... laura

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  5. Seve disse...

    Por cada aerograma que a Minha Mãe de mim recebia era uma lágrima a menos...se calhar a mais...

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  6. Ora aí está o famoso "Bate Estradas", era assim que lhe chamava-mos.
    A grande "ofera generosa" do M.N.F com uma ranhosa gillete sem pente, daquelas que quando faziamos a barba pareciamos um Cristo.
    Sim, servia para isso tudo o que disseste, mas também serviam para remoermos em silêncio tudo o que lá se passava.
    Alguns eram obrigados a serem "Rambos", outros nem tanto e outros começaram aí, a tomar consciência, do que o homem é capaz de transformar ( ódios, crimes e interesses.
    Viva a humanidade!?.....

    (Heroi enfermo de medalhas ferrugentas)

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  7. Kim;

    Vi e ouvi falar desse famoso pedaço de papel. Nunca mandei nem recebi até porque a minha guerra era outra.

    Mas vi há já algum tempo num programa de televisão daí de uns dos canais privados, um casal que se corresponderam durante o tempo de missão no Ultramar e ela foi sua madrinha de guerra e falaram desse meio de comunicação.
    Achei interessantissimo o meio de os soldados passarem o tempo e imagino a alegria de receberem esses aerogramas.
    Agora a pergunta;... Quanto desses jovens não levaram os aerogramas para a "cova"?...

    Um abraço, Kim e bjs da Madre Teresa de Calcutá

    Osvaldo

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  8. Meus amigos, estive em Angola
    embarquei no Navio "Vera Cruz"
    dia 09-06-1971(dia do meu 21º Aniversário)Estive em Luanda,
    Zenza do Etombe,Quiage,Dumbo Serpa Pinto,e Maquela do Zombe.
    Tive dias muito complicados,mas felizmente Regressei de Avião a 26-09-1973(Apartir de 1972 as viagens eram de Avião)Recebi muitas cartas e aerogramas(Mais conhecido por BATE ESTRADAS)de familiares e amigos e entre outras coisas recebi um disco(vinil)com imitações do nosso Amigo JC,Ainda hoje o tenho em condições de se ouvir,Receber correspondência era dos melhores momentos que tínhamos.
    VIVA O 25 DE ABRIL.
    Marcelo

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  9. Aerograma, nunca recebi, mas cartas recebi MUITAS do meu então namorado que encontrei enquanto ele passava férias vindo do ultramar e eu passava férias em Portugal com a minha família. Depois cada um voltou para donde vinha.
    Por este meio cresceram os sentimentos que acabaram por resultar num casamento feliz que dura há 35 anos.
    Eram cartas escritas em papel de seda, papel de avião e tenho todas guardadas !
    Suponho que o aerograma era só para Portugal e as colónias portuguesas mas as nossas cartas tiveram sempre regresso, felizmente !

    Beijinhos, amigo Kim

    P.S. O que é isto de chamar "a nossa amiga Ana" Madre Teresa de Calcutta ????
    Só tem de comparação o coração porque nem a altura nem a beleza se comparam !
    Proponho-te chamá-la Madre Ana de Calcutta ou Tabuaço....:D

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  10. Amigo,

    Memórias e recordações rimam com emoções, como fazes com os aerogramas e com a evocação Pessoana (luminosa, no tilintar da sua música aparentemente simples) da publicação abaixo.

    É sempre bom passar por cá nas minhas "rondas".

    Um grande abraço

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  11. Quando li aerograma veio-me à memória esta canção

    Música: José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, dito José Afonso (1929-1987)
    Letra: Reinaldo Edgar de Azevedo e Silva Ferreira, dito Reinaldo Fereira ((1922-1959)
    Incipit: Menina dos Olhos Tristes
    Origem: Algarve (Faro)
    Data: ca. 1962-1963


    Menina dos Olhos Tristes,
    O que tanto a faz chorar?
    -O soldadinho não volta
    Do outro lado do mar.

    Senhora de olhos cansados,
    Porque a fatiga o tear?
    -O soldadinho não volta
    Do outro lado do mar.

    Hum-Hum-Hum; Hum-Hum-Hum-Hum
    Hum-Hum-Hum; Hum-Hum-Hum-Hum

    Vamos, senhor pensativo,
    Olhe o cachimbo a apagar,
    -O soldadinho não volta
    Do outro lado do mar.

    Anda bem triste um amigo,
    Uma carta o fez chorar.
    -O soldadinho não volta
    Do outro lado do mar.



    A Lua que é viajante,
    É que nos pode informar
    -O soldadinho não volta
    Do outro lado do mar.

    O soldadinho já volta,
    Está quase mesmo a chegar.
    Vem numa caixa de pinho.
    Desta vez o soldadinho
    Nunca mais se faz ao mar.

    FR

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  12. DELICIADA a ouvir-VOS :)

    (beijinhos)

    c

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  13. Escrevi e recebi uns quinhentos e tal, era um escape para todos aqueles que estavam longe, mas não diziam toda a verdade. Beijo da Maria das Caldas

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  14. Marcelo, em Luanda desde os 10 anos e em Serpa Pinto,aos 17 ,18 no Missombo, em 1969 e por arredores,Nova Lisboa, Lobito, em Carmona e andei por ali no Calai, Rundu, enfim, por onde dava, belos e lindos tempos, fora a guerra, claro..abraco da
    Laura..

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  15. FR:

    O poema de Reynaldo Ferreira lembrou-me outro de Manuel Alegre, musicado por Manuel Freire.


    Pedro Soldado

    Já lá vai Pedro soldado
    Num barco da nossa armada
    E leva o nome bordado
    Num saco cheio de nada
    Triste vai Pedro soldado

    Branca rola não faz ninho
    Nas agulhas do pinheiro
    Não é Pedro marinheiro
    Nem o mar é seu caminho

    Nem anda a branca gaivota
    Pescando peixes em terra
    Nem é de Pedro essa roda
    Dos barcos que vão à guerra

    Onde não anda ceifeiro
    Já o campo se faz verde
    E em cada hora se perde
    Cada hora que demora
    Pedro no mar navegando

    Não é Pedro pescador
    Nem no mar vindimador
    Nem soldado vindimando
    Verde vinha vindimada
    Triste vai Pedro soldado

    Até Amália o cantou.

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  16. Maria, ai vai outro aerograma

    José Mário Branco : Queixa das almas jovens censuradas
    Música: José Mário Branco
    Letra: Natália Correia
    In: "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades"; 1971


    Dão-nos um lírio e um canivete
    e uma alma para ir à escola
    mais um letreiro que promete
    raízes, hastes e corola

    Dão-nos um mapa imaginário
    que tem a forma de uma cidade
    mais um relógio e um calendário
    onde não vem a nossa idade

    Dão-nos a honra de manequim
    para dar corda à nossa ausência.
    Dão-nos um prémio de ser assim
    sem pecado e sem inocência

    Dão-nos um barco e um chapéu
    para tirarmos o retrato
    Dão-nos bilhetes para o céu
    levado à cena num teatro

    Penteiam-nos os crâneos ermos
    com as cabeleiras das avós
    para jamais nos parecermos
    connosco quando estamos sós

    Dão-nos um bolo que é a história
    da nossa historia sem enredo
    e não nos soa na memória
    outra palavra que o medo

    Temos fantasmas tão educados
    que adormecemos no seu ombro
    somos vazios despovoados
    de personagens de assombro

    Dão-nos a capa do evangelho
    e um pacote de tabaco
    dão-nos um pente e um espelho
    pra pentearmos um macaco

    Dão-nos um cravo preso à cabeça
    e uma cabeça presa à cintura
    para que o corpo não pareça
    a forma da alma que o procura

    Dão-nos um esquife feito de ferro
    com embutidos de diamante
    para organizar já o enterro
    do nosso corpo mais adiante

    Dão-nos um nome e um jornal
    um avião e um violino
    mas não nos dão o animal
    que espeta os cornos no destino

    Dão-nos marujos de papelão
    com carimbo no passaporte
    por isso a nossa dimensão
    não é a vida, nem é a morte

    FR

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  17. Eu vi muitos.....
    Tinha um tio que estava a fazer a tropa em Malange e mandava para a m/mãe que estava em Benguela......

    Eu bem quero não me lembrar de Angola, mas porque é que esta semana toda a gente resolveu falar-me de lá??????

    Bisous, mon ange.

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  18. Valha-me Deus, Kim, que acabei de cantar para mim os três poemas que os comentadores aqui deixaram. Cantei baixinho não fosse o Antonior reclamar da cantoria arranhada... mal cantada!... mas gostei do arrepio que me fizeram sentir.

    Quanto a aerogramas o que me lembro é muito pouco. A minha irmã mais velha recebia-os certamente do meu cunhado que esteve no ultramar cumprindo serviço militar mas eu era muito pequena ainda. Lembro-me dele ir e de voltar, de o meu pai ir com ela a despedir-se dele...

    Lembro-me das aflições de quem tinha filhos e os via partir sem saber se voltavam e das festas que fazim no seu regresso.

    Lembro-me do aspecto físico do aerograma mas não tanto dos sentidos que carregavam embora tenha passado a ter perfeita noção do que significava a troca de palavras que eram de esperança... algumas sem regresso.

    Um beijo Kim
    Maribel

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  19. A Guerra Colonial:
    "Grosso modo, Portugal, com 10 milhões de habitantes, fez um esforço de guerra em África cerca de nove vezes superior ao dos EUA, no Vietname, com os seus 250 milhões de habitantes. Portugal mobilizou para a guerra colonial mais de 800 mil jovens, teve 8 mil mortos, 112.205 feridos e doentes, 4 mil deficientes físicos e estima-se que cerca de 100 mil doentes de stress de guerra. 40% do OE destinava-se á Defesa. A isto há que acrescentar a sangria de milhão e meio de emigrantes entre 60 e 74".


    FR

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  20. Números,
    é com o CHAVALO da Rua Macau.
    O.R.

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  21. OLA MARCELO!

    SOU BRASILEIRA E FÃ DO NOSSO QUERIDO E IRRREVERENTE JC.

    E AO LER QIE AINDA TENS EM BOAS CONDIÇÕES UM DISCO DE VEcoisas recebi um diNIL DO NOSSO AMIGO JC COM IMITAÇÕES DIVERSAR, VENHO TE PEDIR SE POSSIVEL FAZER UMA CÓPIA EM DVD E ME ENVIAR, FICAREI POR DEMAIS FELIZ.

    O KIM TEM O MEU ENDEREÇO, MAS SE QUIZERES MANDAR DIRETAMENTE PARA MIM, ME AVISA QUE TE MANDO O MEU ENDEREÇO.

    ESPERO SER ATWNDIDA EM MEU PLEITO E DESDE JÁ LHE SOU MUITO GRATA.

    SPUK

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  22. FR
    Tal como a Maria Besuga, dei comigo a cantarolar os três poemas.
    O da Natália impressionou-me muito.
    Conhecia-o, mas já não o lia há muito. Curioso é que o comecei a ler, lembrei-me da música e da voz do Zé Mário.
    Obrigada amigo.

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  23. Para quem gosta e ainda não tem informação aqui fica.
    Pela primeira vez juntos
    Três Cantos: José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto
    22 e 23 de Outubro no Campo Pequeno, em Lisboa, e a 31 de Outubro e 1 de Novembro no Coliseu do Porto.
    Já comprei bilhete

    FR

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  24. Amigi FR:
    Nesta troca de versos de guerra e de soldados, lembrei-me de uma letra de um fado que Fernando Farinha cantou. O fado já é do tempo da 1ª Grande Guerra, na qual Portugal entrou.
    Não consegui descobrir os autores da letra e da música, nem quem primeiro o cantou.
    Esteve muito na moda no tempo das chamadas Guerras Coloniais, cantado por Fernando Farinha.
    Cá vai:

    Fado das tricheiras

    O soldado na trincheira, não passa duma toupeira
    Vive debaixo do chão.
    Só pode ter a alegria de espreitar a luz do dia
    Pela boca de um canhão.
    Mas quando chegar a hora dele arrancar por aí fora
    Ao som da marcha de guerra,
    Seus olhos são duas brasas e as toupeiras ganham asas
    Como as águias lá da serra.

    Refrão :
    Rastejando como sapos, com as fardas em farrapos
    Pela terra de ninguém
    Mas cá dentro o pensamento, corre mais alto que o vento
    Quando pela nossa mãe.
    E se eu morrer na batalha, só quero ter por mortalha
    A bandeira nacional.
    E na campa de soldado, só quero um nome gravado
    O nome de Portugal.


    Soldados da nossa terra, são voluntário da guerra
    Que vêm bater-se por brio.
    Raça de povo e de glória, que escreveu a nossa história
    Nos mundos que descobriu.
    Por isso a Pátria distante, brilha em nós a cada instante
    Como a luz de uma candeia,
    Que arde de noite e de dia no altar da Virgem Maria
    Na igreja da nossa aldeia.

    Qual é o próximo?
    Fico à espera.

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  25. FR
    Cá vai mais um:

    O menino de sua mãe

    No plaino abandonado
    Que a morna brisa aquece,
    De balas trespassado-
    Duas, de lado a lado-,
    Jaz morto, e arrefece.

    Raia-lhe a farda o sangue.
    De braços estendidos,
    Alvo, louro, exangue,
    Fita com olhar langue
    E cego os céus perdidos.

    Tão jovem! Que jovem era!
    (agora que idade tem?)
    Filho unico, a mãe lhe dera
    Um nome e o mantivera:
    «O menino de sua mãe.»

    Caiu-lhe da algibeira
    A cigarreira breve.
    Dera-lhe a mãe. Está inteira
    E boa a cigarreira.
    Ele é que já não serve.

    De outra algibeira, alada
    Ponta a roçar o solo,
    A brancura embainhada
    De um lenço… deu-lho a criada
    Velha que o trouxe ao colo.

    Lá longe, em casa, há a prece:
    “Que volte cedo, e bem!”
    (Malhas que o Império tece!)
    Jaz morto e apodrece
    O menino da sua mãe

    Fernando Pessoa


    Tão belo, tão triste, tão nosso!

    Daqui a pouco temos uma Antologia de versos de soldados, guerra e morte.

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  26. Vemos, ouvimos e lemos, Não podemos ignorar

    Vemos, ouvimos e lemos
    Não podemos ignorar
    Vemos, ouvimos e lemos
    Não podemos ignorar

    Vemos, ouvimos e lemos
    Relatórios da fome
    O caminho da injustiça
    A linguagem do terror

    A bomba de Hiroshima
    Vergonha de nós todos
    Reduziu a cinzas
    A carne das crianças

    D’África e Vietname
    Sobe a lamentação
    Dos povos destruídos
    Dos povos destroçados

    Nada pode apagar
    O concerto dos gritos
    O nosso tempo é
    Pecado organizado

    Sophia de Mello Breyner

    FR

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  27. MARIA - Este amigo FR é o XL que eu já publiquei aqui a declamar o "Fado Falado" e a "Maria da Conceição" e que podes voltar a ver aqui ou no Youtube. Basta ecreveres Fado Falado XL e depois Maria da Conceição XL.
    Depois ... apetece chorar! É um espanto!
    E sabes uma coisa? Tenho uma gravação do XL e do JC em que juntos declamam O Menino de Sua Mãe.
    Qualquer dia coloco-a no Youtube também.
    Bj

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  28. Kim:
    Já ouvi e vi, a Maria da Conceição e o Fado falado, várias vezes e sempre me emocionei. Fico a imaginar "O menino de sua Mãe" dito por esses dois. Não te esqueças de pôr.
    Achei graça a esta troca de poesias.
    Não sei se vai ficar por aqui.
    Beijinhos

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  29. FR ou XL:
    Continuando o projecto da tal Antologia, aqui vai mais um de Manuel Alegre.

    Canção com lágrimas

    Eu canto para ti o mês das giestas
    O mês de morte e crescimento ó meu amigo
    Como um cristal partindo-se plangente
    No fundo da memória perturbada

    Eu canto para ti o mês onde começa a mágoa
    E um coração poisado sobre a tua ausência
    Eu canto um mês com lágrimas e sol o grave mês
    Em que os mortos amados batem à porta do poema

    Porque tu me disseste quem em dera em Lisboa
    Quem me dera me Maio depois morreste
    Com Lisboa tão longe ó meu irmão tão breve
    Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro

    Eu canto para ti Lisboa à tua espera
    Teu nome escrito com ternura sobre as águas
    E o teu retrato em cada rua onde não passas
    Trazendo no sorriso a flor do mês de Maio

    Porque tu me disseste quem em dera em Maio
    Porque te vi morrer eu canto para ti
    Lisboa e o sol, Lisboa com lágrimas
    Lisboa à tua espera ó meu irmão tão breve
    Eu canto para ti Lisboa à tua espera...

    Manuel Alegre poema
    Cantada por Adriano Correia de Oliveira.

    Lindo o poema de Sophia.
    Um abraço e até logo.

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  30. Moço, com isto dos aerograms, deste-me vontade de ir ao meu caixote das fotos, cartas de há mais de 40 anos, procurar umas cartitas de e
    um moço na tropa, faleceu no rebentamento de uma mina, era radiotelegrafista o Luis, o luis a quem fiz uns versos nos começos do blogue, porque ele me amava e eu, nem queria vê-lo por perto, era miuda, 16 anos não são anos ajuizados...v ver se a encontro...rasguei tantas dessas cartas de moços, que naquele tempo até namoro se pedia por carta...belos tempos...Beijinhos.

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  32. como me interesso por estas cartas em tempos de guerra... alguém saberia me dizer algo sobre as madrinhas de guerra que escreviam da américa do sul ou méxico? sei que existiam. Maria, como são preciosas suas lembranças...

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