29 de novembro de 2009

André Moa - sete décadas depois

André Moa nasceu em Tabuaço, concelho românico e romântico do Douro Vinhateiro, Património Mundial.
Licenciado em Direito, foi magistrado do Ministério Público, advogado, professor, autarca, técnico superior e dirigente da Segurança Social. É agora escritor, poeta e ... paciente.
Foi assim que recebi este legado humano de humilde sabedoria.
André Moa é o pseudónimo de José Guilherme Macedo Fernandes. Nasceu a 29 de Novembro de 1939.
Hoje, Moa seria sempre notícia, pois completa setenta anos de vida. Mas, Moa será sempre um símbolo de coragem e tenacidade, pela luta que tem travado com o maldito caranguejo que teima em tolhê-lo com suas fortes tenazes.
Homem extraordinário de simplicidade suprema, esgota a tristeza de quem dele se acerca. Frágil e franzino não denuncia a força que dele emana.
Mas … dele não importa falar, antes conhecer.
Meu querido Moa, como eu lamento ter chegado tão tarde a ti!

À ta joie de vivre! Parabéns!

28 de novembro de 2009

Atelier de Arte



Exposição colectiva de pintura e artesanato!

Hoje e amanhã - 28 e 29 de Novembro - a Maria (das Caldas) expõe em Lisboa.
Ali estará ela e alguns outros artistas, aguardando a visita de clientes e amigos.
Mostra colectiva de pintura!
Escultura em barro vermelho!
Pintura decorativa!
Lá passarei, Maria!

27 de novembro de 2009

Parabéns filhote

O meu filhote “caçula” faz hoje 16 anos!
Às vezes – tenho dúvidas sobre as suas certezas. Outras, certezas sobre as suas dúvidas.
Óptimo aluno e alegre contagiante, nele me revejo, num espelho por vezes embaciado pela descoberta da adolescência e de convicções quase sempre perenes.
Nos defeitos, herdou de mim a teimosia e outros que não ouso enxergar. Nas virtudes, eu não sei, já que um pai não se contenta com a mediocridade que felizmente ele não ostenta.
Às vezes – não queria ser pai e sim irmão!
Às vezes - imirjo em seus receios e contemplo-o embevecido em desejos impossíveis.
Parabéns meu filho! Parabéns Luís!


À Sara Guerreiro, minha amiga de longa data e que muitas vezes embalou o Luís e lhe mudou a fralda, aqui deixo também um beijinho de parabéns e feliz aniversário

25 de novembro de 2009

Carta para Saramago

Testemunho directo de quem se cruzou com Saramago.

Seguramente, foi em 1959 que assentei arraiais na Brasileira do Chiado, no grupo pontificado por Tomaz de Figueiredo, Jorge Barradas, Abel Manta e Almada-Negreiros, onde fui dar pela mão de artistas plásticos cujo vasto atelier passou a ser, também, meu poiso habitual. Meu de muitas outras pessoas. Em tardes de inverno, com a lareira acesa e tomando chá, por ali passava a dizer poemas Vasco Lima Couto e, a inundar o espaço com a sua voz inesquecível, Eunice Muñoz.
Gente do teatro, do cinema, da música, das artes plásticas, do jornalismo, das letras, ali convivia com serenidade e gosto. A escritora Isabel da Nóbrega começou a ser habitual e depressa se tornou uma amiga dos donos do atelier. Senhora de bom berço e fino trato, inteligente e culta, bem instalada na vida, caíu numa cilada do demónio. Apaixonou-se por um zé-ninguém, nem sequer bonito, muito menos simpático e bem-educado, que olhava tudo e todos de nariz empinado, numa pseudo-superioridade de quem tem contas a ajustar com a vida, quezilento e muito chato. Falava como um pregador de feira e era intragável. Mas, em atenção à Isabel, lá íamos aturando o José Saramago.Para mim, que sou péssima, foi ponto assente: aquele não a ia fazer limpa, era um depósito de ódio recalcado. Foi por isso que não me admirei nada quando o vi director do Diário de Notícias, a mando do Partido Comunista, onde, da noite para o dia, lançou ao desemprego 24 jornalistas, dos da velha escola, dos que escrevem com pontos e vírgulas, deixando-os, e às famílias, sem pão. Tambem não fiquei minimamente surpreendida quando soube que abandonou Isabel da Nóbrega, que tanto fez por ele, para alvoroçadamente casar com uma espanhola que foi freira e tem vastos conhecimentos no mundo da política e das letras. Para mim, estava tudo a condizer com a figura.
Cá de longe soube que publicava livros e vendia muito. Não me aqueceu nem arrefeceu, porque nunca li nada escrito por ele nem tenciono perder tempo com isso. Não me apetece e está tudo dito.
Nem o Nobel que lhe deram me impressionou, porque já vi o Nobel ser dado sem critério algumas vezes. Acho mesmo que o prémio está a ficar muito por baixo.E agora, o homenzinho da Golegã a chamar nomes a Deus, a insultar a Bíblia nuns raciocínios primários de operário em roda de tasca. Dizem que o fez por golpe publicitário. Talvez. Acho que é capaz disso e de muito mais. No entanto, creio que, no meio do aranzel, apenas houve uma pessoa que lhe fez o diagnóstico certo:
António Lobo Antunes, numa magistral entrevista dada à RTP, há dias, respondeu a Judite de Sousa, que o interrogava sobre as tiradas de Saramago, que essas vociferações contra Deus lhe tinham feito medo. E adiantou: "tenho medo de chegar à idade dele assim, sem senso crítico".
Está tudo dito. É mais um como há tantos anciãos de tino perdido em Portugal. É deixá-lo andar. A mim tanto se me dá.

Fernanda Leitão - Canadá

23 de novembro de 2009

Benfica e o Menino Jesus

Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe.
Claro que este ditado também se aplica ao futebol.
Quando a fasquia é muito alta e os corações bombeiam um pouco mais as artérias bloqueiam e o colapso acontece.
Ontem aconteceu aquilo que a gente sabe e o Jamor é uma miragem como provavelmente poderão ser outras que se não desejam, da minha parte.
Mas a vida é mesmo assim. Ganha quem merece e mais nada.
Além disso, o berço da nacionalidade é alvo como a cândura dos anjinhos que ontem foram os queridos jogadores do meu Benfica.
Gostei da postura do treinador Jorge Jesus. Admitiu a derrota com a serenidade que estes acontecimentos terrenos, de somenos importância, sempre trazem.
Eventualmente o Natal terá chegado mais cedo e Jesus adormeceu no presépio
Chega sempre o dia em que David se agiganta a Golias.
Só há que saber perder. Mais nada!

21 de novembro de 2009

Justiça em Portugal

... Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém quem acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos?


Vale e Azevedo pagou por todos?
Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência de Leonor Beleza com o vírus da sida?
Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático?

Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?

Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?

Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?

Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
No caso McCann, cujos desenvolvimento vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém? As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não têm substância.

E a miúda desaparecida na Figueira? O que lhe aconteceu?

E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?

E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu?

Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?

E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára?

O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.

E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?

E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.

Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento.

Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.

Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.

Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.

Este é o maior fracasso da democracia portuguesa!

Clara Ferreira Alves in "Expresso"

19 de novembro de 2009

Júlio César e Francisco Luís

Já não eram mais duas crianças mas os sonhos lá pairavam.
Os tempos eram os do desejo e da descoberta. Vivia-se com aquilo que se tinha e não com o que se desejava. Os passos eram mais ou menos calculados e cadenciados e neles morava a crença que o amanhã poderia ser uma certeza. E foi!
Não viraram a ocidente nem a oriente porque já estavam no caminho que os haveria de levar à glória dos seus desejos.
E aconteceu que estes dois amigos se juntaram um dia e formaram uma dupla artística,
Júlio César e Francisco Luís, assim se chamavam.
Não durou muito este duo, já que cada um quis seguir o seu caminho em direcções opostas.
Depois, ambos desafiaram os seus sonhos e ambos os venceram. O primeiro, na crista das ondas. O segundo, nas vagas alterosas dum mundo melhor.
No seu precocemente extinto blogue, Júlio César escreveu um dia:

O meu primeiro contrato como profissional de palco foi com o Casino Peninsular da Figueira da Foz. A dupla Francisco Luís e Júlio César, contava "estórias" de humor, anedotas, imitações, poemas e só não cantava porque não havia música. Fizemos sucesso! Ali, na Figueira, contratados pelo velho Mendes Pinto e num rigoroso exclusivo da Interartes de Carlos Pires, ganhámos o primeiro "cachet". 300 escudos, p'rós dois! Ou seja, ao câmbio de hoje... 1.50 euro. A foto, tirada à-la-minute na marginal, passou a ser cartaz. Cavalgámos muitos mais espectáculos, perseguindo o sonho de uma carreira que acabou por acontecer. O Xico seguiu outros caminhos e todos os anos, num almoço de velhos amigos, recordamos isso. Em Janeiro a DUPLA reencontra-se.

Já naquela altura eu tinha a mania de tirar fotos aos meus amigos
Eram assim este putos da minha idade, há muitos anos atrás.
Hoje - JC e FR ou XL - o vosso fã continua atento!

17 de novembro de 2009

Parabéns Osvaldo

Diz o livro do Significado dos Nomes que:

Osvaldo: Significa o que tem o poder dos deuses e indica uma pessoa que não se abala com nada. Por isso, pode ser considerado frio e calculista. Mas no fundo ele está sempre disposto a dividir tudo o que conquista.

Claro que esta afirmação tem o valor que tem mas a realidade não anda muito longe disto. Osvaldo, aquele que descobri um dia nas páginas da incerteza é uma daqueles amigos que a gente não quer perder nunca.
Um coração do tamanho do mundo completa a estirpe de que é feito.
E como atrás dum grande homem há uma mulher maior ainda, Ana assim se chama, aqui fica a minha vénia perante tal constatação.
Tabuacense de nascença, tem dividido a sua vida entre o Brasil, onde viveu três décadas e a Suiça, onde vive há uns anos. O Ministério da Cultura é a zona onde se movem as suas obrigações.
Os tempos vindouros farão jus a outras tantas afirmações.
Osvaldo não é Mau, Triste e Feio!
Para os eleitos, os anos não contam! Parabéns amigo!

15 de novembro de 2009

Alain Delon - um dos meus ídolos




Ao longo das nossas vidas, há rostos que a nossa memória absorve e ali perduram eternamente.
Hoje recordo um actor francês de quem na minha juventude muito gostei e gosto ainda – Alain Delon.
É que eu julgava ser hoje o dia do seu aniversário mas enganei-me, pois ele nasceu a 08 de Novembro de 1935, tendo então acabado de completar 74 anos.
Como eu dizia, este actor exercia uma enorme influência sobre mim, qual imberbe jovem desprovido ainda de tudo o que a vida me iria ensinar.
E se não sou um homem de paixões efémeras também o não fui de desilusões adiadas.
Alain Delon foi uma espécie de exemplo para mim. Tinha tudo o que eu desejava. Fama, glória, mulheres, dinheiro, mas a vida é feita de muito mais que isso e demorei algum tempo a percebe-lo. Em Paris, Delon era o maior poster do meu quarto e dava-me a força que ele tinha para calcorrear as ruas cinzentas da esperança, na cidade que a manhã nunca mais clareava.
A sua errante infância terá contribuído para uma formação desprovida de carinho e afectos fazendo dele um homem ausente dos mesmos. Filho de pais separados, bem cedo entregue a terceiros, tornou-se um quezilento rebelde expulso de todas as escolas por onde passava. A Guerra da Indonicha, para onde se alistou aos dezassete anos ajudou ao resto.
Um dia, num golpe de sorte que acho todos termos tido um dia e deixamos escapar, alguém reparou na sua beleza e fez dele o Adónis que os interesses mundanos desejam. E disso tirou o devido proveito.Delon teve uma vida bem cheia de tudo, onde não faltou o ódio, o crime, o abandono, a violência. Foi sempre um homem frio e conseguiu congelar o calor que por ele fui sentindo, tendo vindo agora a ser derretido pelo chegar dum fim não assim tão distante.
Alain Delon não deixou de ser um dos meus ídolos, mas terá exagerado nos excessos cometidos, sendo apenas certo que um dia partirá deste vida bem contente.
Ao Alain de quem vesti a pele ergo a minha “flute”, porque das pessoas de quem se gosta, se esquecem os defeitos.

13 de novembro de 2009

Inimigos!

Será que esta "estória" nos pode servir de modelo.?

Quase no final da missa dominical, o sacerdote pergunta aos fiéis:

- Quantos de vocês conseguiriam perdoar aos vossos inimigos?
A maioria levantou a mão. O sacerdote voltou a repetir a mesma pergunta e então todos levantaram a mão, à excepção duma pequena e frágil velhinha.

- Senhora Mariazinha! A Senhora não está disposta a perdoar aos seus inimigos?

- Eu não tenho inimigos! - respondeu ela docemente.
-Quantos anos tem a senhora? - pergunta o sacerdote.

- 98 anos, Senhor Padre!

- Senhora Mariazinha, isso é muito raro!

O público presente na igreja levantou-se e aplaudiu a idosa entusiasticamente.

- Doce Senhora Mariazinha, conte para nós como se vive 98 anos e não se tem inimigos?

A doce e angelical velhinha dirige-se ao altar e diz em tom solene olhando para o público emocionado:
- Porque já morrerram todos, aqueles filhos da puta!

11 de novembro de 2009

Cristovam Buarque - discurso censurado

Dum amigo franciscano recebi esta sábia resposta, a qual aprovo na integra

Discurso do Ministro Brasileiro da Educação nos EUA...

Este discurso merece ser lido, afinal não é todos os dias que umbrasileiro dá um 'baile' educadíssimo aos Americanos... Durante um debate numa universidade dos Estados Unidos o actual Ministro da Educação CRISTOVAM BUARQUE foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia (ideia que surge com alguma insistência nalguns sectores da sociedade americana e que muito incomoda os brasileiros).

Um jovem americano fez a pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro. Esta foi a resposta de Cristovam Buarque :

De facto, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também a de tudo o mais que tem importância para a humanidade. Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro... O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.
Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa!

ESTE DISCURSO NÃO FOI PUBLICADO. AJUDE-NOS A DIVULGÁ-LO porque é muito importante... e porque foi CENSURADO!

8 de novembro de 2009

Muro da vergonha - 20 anos depois do fim

Passaram vinte anos.
Berlim deixara de ser uma cidade cinzenta e despertava para a incerteza do dia seguinte. Nada mais seria como dantes.
Em 1945, no fim da segunda guerra mundial, o que restava da Alemanha de Hitler foi dividido em duas Alemanhas. A democrática,(?) e a outra. A RDA e a RFA.
A capital, Berlim, ficou dentro da RDA e passou então a ser controlada pelas quatro potências vencedoras da guerra: Grã Bretanha, França, Estados Unidos e União Soviética. Três anos mais tarde, os soviéticos viriam a desligar-se desta aliança
Num dia de Agosto de 1961, alguém do governo soviético de Berlim, acordou mal disposto e começou a construir um muro para dividir a cidade,.
Desculparam-se dizendo que era necessário impedir a invasão de espiões na RDA, mas na verdade apenas pretendiam evitar a fuga maciça de alemães orientais para a Alemanha Ocidental. Em três anos haviam fugido da ditadura soviética para ocidente, três milhões de pessoas, logo havia que pôr fim a tal êxodo.
Um cordão de vinte e cinco mil soldados, fortemente armados e separados cinco metros entre si, impedia a passagem dum lado para o outro da cidade, até à conclusão do muro. Quem se encontrava do lado oriental lá ficou e de igual modo aconteceu do lado ocidental. Pais dum lado filhos do outro, maridos de cá, esposas de lá. E quem junto não estava, separado ficou.
Cento e quinze quilómetros de betão e arame farpado ficaram a dividir a cidade, durante vinte e oito anos, sem que os seus habitantes tivessem hipóteses de escolher de que lado queriam ficar. Milhares de tentativas de fuga foram metralhadas e outras tantas conseguidas.

Começara o declínio da União Soviética e a abertura do fechado mundo ao mundo. Para trás ficaram duas décadas, sem proibições, sem vergonha.
Que pena não se juntarem os homens e retirarem de cada um o quanto de bom existe nas suas mentes. Uns puxam para a esquerda, outros para a direita e outros ainda, empurrados por ambos os lados, não conseguem tombar para lado nenhum.
Entretanto, por esse mundo fora outros muros envergonham a mesquinhez dos homens.
Caiu o muro. Ficou a vergonha!

4 de novembro de 2009

Drauzio Varella - sensato



Já que no post anterior falei dum Prémio Nobel … (ateu)

Drauzio Varella (médico brasileiro) Prémio Nobel da Literatura, (ateu) disse:

- Actualmente no mundo, investe-se cinco vezes mais em medicamentos para a virilidade masculina e silicone para as mulheres, do que na cura de Alzheimer.
Daqui a alguns anos, teremos velhas de tetas grandes e velhos de pénis duro, mas nenhum deles se lembrará para que servem.

Quem diria?



Quero ver se não me esqueço de me lembrar para não me esquecer!

1 de novembro de 2009

José Saramago - Cai(m)

Nunca me apeteceu descobrir Saramago.
Fi-lo agora, já que nunca é tarde para recuperar o tempo perdido.
Sabia da sua erudição mas o estigma do despedimento dos vinte e quatro jornalistas, que não eram da sua cor, no Diário de Noticias, nunca deixou de pairar na minha memória. É frio, distante, taciturno e às vezes até parece uma alma penada, daquele mundo em que não acredita. Arrasta consigo os dias de glória trazidos pela Terra do Pecado, nas Jangadas dos Conventos, nos Ensaios dos Elefantes, na Cegueira dos Evangelhos.
José Saramago, cada vez mais perto da eternidade, terá julgado que o seu nobelizado estatuto lhe permite todas as alarvidades.
Pode não haver Deus, pode não acreditar nele, pode dizer tudo o que pensa e pode escrever tudo o que quiser. Felizmente que estamos em democracia, onde cada um é livre de dizer o que pensa. Pois bem, mas podia também amenizar a arrogância com que projecta cada palavra.
Saramago, num tempo próximo, até poderá vir a ser considerado precursor da verdade anti-Deus, pelo safanão que deu nas mentes mais retrógradas, qual Lutero do século XXI, mas terá ultrapassado todas as marcas do socialmente correcto.
Poderá não acreditar em Deus, o que eu aceito e respeito, mas daí a mandar Deus à merda e dizer que Deus é um filho da puta vai uma distância incomensuravelmente maior que de Lisboa a Lanzarote. Se Deus não existe não terá mãe, certamente.
Uma salomónica sentença poderia dividir Saramago em dois. Dum lado ficaria a irritante figura humana. Do outro, o iluminado escriba.
O homem confunde-me. Quem serei eu ao lado de tão letrada figura, mas escrever os substantivos, mafra, versalhes, buckingham, abel, caim e tantos outros, umas vezes com letra minúscula, sem qualquer tipo de critério, e outras com letra maiúscula, não é de facto uma inovação literária nem faz parte do novo acordo ortográfico. Pode até ser um falso neologismo, mas é seguramente uma prova de que o seu estatuto tudo lhe permite.
Saramago conseguiu deslumbrar-me com a sua escrita e ao mesmo tempo conseguiu também a minha indiferença. O Velho Testamento nunca antes tinha sido tão glosado.
Saramago, de quem não se esperam cacografismos, escreve: Caim parou de ensilhar o jumento, (página 98) quando deveria escrever - Caim parou de encilhar o jumento. Ou o livro foi escrito a correr, porque proveitos eram precisos, ou cada vez tenho mais a noção de que nada sei, o que também é altamente verídico.
Até concordo com alguns ditames do escritor no que concerne à existência de Deus, nomeadamente o da violência com que Esse Deus castiga os seus servos, sejam eles inocentes ou culpados, o que me francamente me fustiga é a forma como ele O bane.
Efectivamente há passagens da bíblia profundamente controversas e essa é uma miragem que pairará sempre no caminho de todos os que acharem não serem senhores da verdade absoluta. A começar por mim!
Como eu talvez também estarei um dia, Saramago, aliás saramago, está gágá!