Nunca li Miguel Torga!
Sei que pode parecer sacrilégio mas ele perdoar-me-á, já que a sua crença divina era bem duvidosa.
Embalado pela paixão que uns nabantinos alcatruzes por ele nutrem, procurei-o quando a tarde já morria.
Tive curiosidade em descobri-lo e saber mais de si, sem ser aquilo que dele se diz.
Apetecia-me descobrir o homem! Começar por ali!
Na sua casa ninguém entra, advertiu-me um velhote. Apenas Ramalho Eanes e Jorge Sampaio lá terão entrado. A filha vive no Porto e não permite que a memória dele seja devassada.
A placa toponímica que identifica a rua onde vivia, apenas refere a data da sua morte, que está errada, pois aconteceu em 1995 e não em 1996, omitindo a do nascimento. O que também não é normal.
Fiquei a saber que Miguel Torga era uma pessoa muito difícil e chata, mas com um coração tão brilhante quanto a sua capacidade intelectual, pois enquanto médico, consultava gratuitamente todos os desprotegidos que dele precisassem.
Sabia que tinha sido seminarista, como eu, Adolfo Correia da Rocha, médico, escritor e apaixonado pelo Douro e por Cervantes. Nada mais!
Estou perdoado?
Depois de ter cheirado o seu habitat, tentei encontrá-lo no cemitério, o que não consegui, apesar da pequenez do mesmo e da tarde que já morria. É que, a entrada deste cemitério de S. Martinho da Anta é feita pela Igreja, com a qual faz paredes meias e está sempre aberto. Poderá parecer mórbida a minha tentativa, mas perdoa-se em nome da cultura.
Julgo mesmo que ele não terá querido que um qualquer desconhecido, ignorante da sua cátedra, o tenha tentado descobrir. Eu não o lia, ele não gostava de mim, logo, ocultou-se-me!
Farei bem melhor se começar à sua descoberta, queimando as pestanas nas páginas que, apesar de tudo, sei tão bem ter escrito.
Na despedida, sentei-me no banco fronteiro à casa, onde tantas vezes cavaqueou com o povo que era o seu e disse-lhe que alguém lhe gostaria de dar um abraço - a Maria dos Alcatruzes!
Ad aeternum Miguel!
Sei que pode parecer sacrilégio mas ele perdoar-me-á, já que a sua crença divina era bem duvidosa.
Embalado pela paixão que uns nabantinos alcatruzes por ele nutrem, procurei-o quando a tarde já morria.
Tive curiosidade em descobri-lo e saber mais de si, sem ser aquilo que dele se diz.
Apetecia-me descobrir o homem! Começar por ali!
Na sua casa ninguém entra, advertiu-me um velhote. Apenas Ramalho Eanes e Jorge Sampaio lá terão entrado. A filha vive no Porto e não permite que a memória dele seja devassada.
A placa toponímica que identifica a rua onde vivia, apenas refere a data da sua morte, que está errada, pois aconteceu em 1995 e não em 1996, omitindo a do nascimento. O que também não é normal.
Fiquei a saber que Miguel Torga era uma pessoa muito difícil e chata, mas com um coração tão brilhante quanto a sua capacidade intelectual, pois enquanto médico, consultava gratuitamente todos os desprotegidos que dele precisassem.
Sabia que tinha sido seminarista, como eu, Adolfo Correia da Rocha, médico, escritor e apaixonado pelo Douro e por Cervantes. Nada mais!
Estou perdoado?
Depois de ter cheirado o seu habitat, tentei encontrá-lo no cemitério, o que não consegui, apesar da pequenez do mesmo e da tarde que já morria. É que, a entrada deste cemitério de S. Martinho da Anta é feita pela Igreja, com a qual faz paredes meias e está sempre aberto. Poderá parecer mórbida a minha tentativa, mas perdoa-se em nome da cultura.
Julgo mesmo que ele não terá querido que um qualquer desconhecido, ignorante da sua cátedra, o tenha tentado descobrir. Eu não o lia, ele não gostava de mim, logo, ocultou-se-me!
Farei bem melhor se começar à sua descoberta, queimando as pestanas nas páginas que, apesar de tudo, sei tão bem ter escrito.
Na despedida, sentei-me no banco fronteiro à casa, onde tantas vezes cavaqueou com o povo que era o seu e disse-lhe que alguém lhe gostaria de dar um abraço - a Maria dos Alcatruzes!
Ad aeternum Miguel!